RAIMUNDO FERREIRA
“Origens do povo acreano” é o artigo desta sexta-feira, 5, do professor Raimundo Ferreira
ORIGENS DO POVO ACREANO
- Raimundo Ferreira
Existe um adágio popular que afirma, povo sem memória e sem passado é povo sem futuro, conforme geralmente acontece, não é em vão que surgem e se perpetuam os ditados populares, muitos deles, são verdadeiras filosofias e exemplos de vida. Nesse caso, não vamos interpretar ao pé da letra, mesmo porque, a vida está seguindo seu curso, muito embora estes conhecimentos pudessem estar contribuindo para explicar muitos fenômenos e circunstâncias que atualmente fazem parte do cotidiano da vida dos acreanos. Conforme somos sabedores, a origem da sociedade acreana é alicerçada nos descendentes do povo nordestino, que pelo Acre chegaram, ocuparam e desbravaram essa região, atuando na atividade do extrativismo vegetal, produzindo borracha natural e castanha do Brasil, exercendo estas atividades no interior da floresta Amazônica, junto aos seringais nativos. Destacamos esse aspecto, porque trata-se da mais pura e verdadeira realidade sobre as raízes do Acre e de sua população. Evidenciamos essa preocupação porque achamos importante estas origens estarem presentes na história acreana, pois, esse passado faz parte da formação dessa sociedade, na verdade, estas influências socioeconômicas do passado estão presentes na personalidade, no comportamento e no caráter do cidadão acreano, de forma nenhuma deve ser ignorado esse passado, faz-se necessário demonstrar estas influências e comportamentos, que acima de qualquer coisa, são alicerçados na cultura e comportamento dos patrões e seringueiros. Essa atividade dos pecuaristas e agora já se misturando com a agricultura, juntamente com suas influências, surgiu em passado não muito distante, praticamente a partir da década de 70 e quando se instalaram no Acre, já encontraram uma sociedade forjada na cultura e nos costumes do extrativismo vegetal dos seringais nativos. Entendemos que muita gente, assim como nós mesmos, não buscamos e nem queremos o retorno da sociedade e da atividade econômica aos moldes de vida do extrativismo vegetal, pois, isso realmente seria uma tremenda regressão, no entanto, a questão das origens históricas e culturais, ao nosso vê, não deverão ser esquecidas, mas sim, devem ser reverenciadas com orgulho dessas raízes verdadeiras do povo acreano. Preocupamo-nos com essa situação porque, pelo que percebemos sobre a questão histórica do Acre e das relações sociais e econômicas, atualmente não se fala mais nesse passado, especialmente as pessoas que registravam e discutiam essa temática, não mais estão fazendo, pelo visto, parece que o único cidadão que falava, ilustrava e escrevia sobre estas origens e formação da sociedade acreana, por sinal com conhecimento de causa, pois era seringueiro de origem, era o falecido Hélio Melo, depois dele, não vemos mais ninguém falar sobre a economia, cultura e a origem do Acre, e que foram alicerçadas sim na atividade do extrativismo vegetal.