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GOSPEL

Padre diz que a igreja não pode deixar as tradições desaparecerem, senão o cristianismo poderá morrer, como aconteceu na Europa

Publicado

em

Evandro Cordeiro para o AcreNews

Ao falar em entrevista especial ao Acrenews sobre a Semana Santa, o padre Massimo Lombardi, um velho conhecido dos acreanos por sua militância evangélica, cultural e até política, aproveitou para alfinetar o fim de muitas tradições e fez um alerta apocalíptico: a Europa abandonou as tradições e outras religiões, como o Islã, por exemplo, foram chegando e se estabelecendo de mansinho. Hoje, aquele continente, do ponto de vista cristão, está praticamente morto. E isso, segundo Lombardi, não pode se admitir no Acre e no Brasil. É preciso a igreja agir – e rápido. Padre Massimo diz que a sorte é a existência do Papa Francisco, um progressista que está atento a todos esses descaminhos. Numa conversa rápida, mas bem reveladora, o pároco da Diocese de Rio Branco faz, também, uma autocrítica das ações de sua denominação. Imperdível.

Vejamos:

AcreNews – Padre Massimo, o que é o Sábado de Aleluia?

Padre Massimo – Nós temos o Tríduo Pascal, que começa quinta com a ceia do senhor e a missa do lava-pés, sexta com a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e sábado à noite que começa a vigília que termina praticamente na madrugada de Páscoa que é a Vigília da Ressurreição. O Sábado de Aleluia, que aqui na nossa Diocese termina com a missa do Alvorecer, na madruga de domingo. Sábado o dia inteiro é o dia do silêncio porque Jesus está no sepulcro. E aí a gente medita como as mulheres chorando, os apóstolos trancados no cenáculo por medo dos judeus. Nós não temos celebrações durante o dia no sábado de aleluia. É um dia de meditação, de silêncio e tomara que esse silêncio seja respeitado. Como fica difícil suportar aquele barulhão, aquele som alto do vizinho, sobretudo neste dia de sábado, quando a gente está necessitando de reflexão, porque o nosso salvador Jesus Cristo deu a sua vida e agora nós o acompanhamos com a nossa meditação? É como quando acontece um velório numa casa e de repente o vizinho fica com som alto de um samba ou de um rock. É uma coisa muito triste não respeitar o sentimento do outro e hoje em dia o grande valor que existe e que deve ser respeitado, eu respeito, mesmo da diversidade. Então eu posso não concordar com outro porque eu tenho uma outra visão da vida, tenho outra escolha religiosa, filosófica. Então no meu pensamento aí nestes dias de quinta, sexta e sábado nós deveríamos ter um respeito muito grande um do outro no seu sentimento. Por exemplo: para mim seria a maior ofensa à cultura e as raízes religiosas do brasileiro se inventassem durante a Semana Santa um carnaval ou na Sexta-feira Santa uma partida de futebol aí no Estádio José de Melo ou no estádio Florestão. Para mim seria um absurdo, seria difícil aceitar uma coisa dessas, porque eu sou acostumado a ser educado, ter respeito a diversidade. Você tem a tua identidade, outro tem a sua identidade e a gente respeita a diversidade de cada um.

AcreNews – Padre, estamos vivendo uma Semana Santa xoxa, sem aquelas celebrações marcantes de décadas. Porque as tradições estão desaparecendo?

Padre Massimo – As tradições religiosas formam um depósito cultural, um patrimônio cultural de um imenso valor, porque é aquele que sustenta a nossa civilização. Se a gente perde as raízes, por exemplo, do cristianismo ou na Europa ou nas Américas a gente perde 90% da nossa cultura. A Europa está pagando um preço muito alto por causa da secularização. Aí chegam os imigrantes dos países muçulmanos que estão tomando conta de povoados inteiros e aí realmente a cultura, as raízes religiosas estão perdendo força e aí está perdendo força também aquela unidade cultural de um povo, por que a religião faz parte da cultura. Aliás, é uma tradição fundamental. Então a gente não se identifica mais com ninguém, nem com o passado, nem com presente, nem com o futuro. Tem países na Europa que estão pagando um preço muito alto e isso não deve acontecer aqui no Brasil. Então é por isso que nós devemos adubar, guardar as tradições que nós recebemos de gerações passadas. Recebemos tradições falsas, claro, costumes que devem ser purificados, inclusive uma religiosidade que deve ser evangelizada, mas tudo bem. Mas o núcleo sadio, saudável, deve ser absolutamente preservado porque está em jogo o nosso futuro, a nossa cultura, a nossa identidade. Agora eu sei que hoje em dia o povo dá mais valor devido a várias circunstâncias, devido aos meios de comunicação e os interesses comerciais, dando muito mais valor ao lucro, ao dinheiro. Então ninguém pode servir a Deus e ao dinheiro, dois senhores e aí por causa do dinheiro a gente vende Jesus por 30 moedas e aí ignora todo patrimônio cultural. Isso é uma tristeza muito grande.

AcreNews – Como fazer para salvar a tradição, uma vez que em razão ainda da pandemia, não foi possível realizar as festas grandes, no centro de Rio Branco e isso já dura três anos?

Padre Massimo – Os grandes eventos da Semana Santa, como a procissão da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, chamada a procissão de Cristo Morto, de Nossa Senhora das Dores, como o Alvorecer da Ressurreição de domingo de manhã, estão suspensas por causa da pandemia. Não tem uma atenção para saúde do povo, mas que maneira a gente realizou ou está realizando tudo isso? Cada um na sua própria paróquia. Até na Cidade do Povo houve a procissão da Via Sacra durante uma hora pelas ruas do bairro. Estava quente, mais foi muito bom, muita gente. Você pode evitar de fazer uma aglomeração de multidão como nós fazemos, mas depois cada Paróquia faz e talvez com mais gente e melhor ainda, mas de qualquer maneira a gente sente muita saudade daquelas celebrações. Estamos fazendo na própria área missionária, na paróquia nos sentimos à vontade e nos unirmos a tantos irmãos de todas as paróquias formaram aquela multidão 30, 40, 50 mil pessoas todo mundo unido. Isso é um sinal muito bom. Sinal de animação, de união, de caminhar juntos. Enfim eu tenho certeza que o desejo de todos e voltarmos como antigamente e o próximo ano tenho impressão que o número será o dobro: seremos 80 mil nas ruas.

AcreNews – Tem algum projeto da igreja para salvar as tradições, alguma coisa fática?

Padre Massimo – Felizmente a igreja é sempre muito criativa, sobretudo no comando do Papa Francisco. E, a partir de outubro, ele lançou um projeto de um sínodo sobre caminhar juntos. Para mim, junto então todas as ideias dos eventos, a criatividade de cada um tem que ser partilhada, e nós já preparamos uma pesquisa e está sendo distribuída entre as lideranças, entre povo em geral. Quem participar da missa receberá ou está recebendo um questionário para completar e não só isso, mas também um questionário que vai ser oferecido as categorias como médicos, policiais e até agentes e enfermeiros, todas as categorias profissionais, para eles responderem que é que eles acham da igreja, como é que eles se sentem parte da igreja, se ele tem voz ativa na igreja? Sim. Tudo isso faz parte de um movimento de renovação, de atualização, de caminhar juntos com o povo hoje em dia para que a igreja não fique no caminho, separada da sociedade. Então eu vejo como a igreja cada vez mais se aproxima do povo. Enfim, são todos sinais que o Papa Francisco é a igreja em termos gerais que é aproveitar para uma caminhada em conjunto, para que a igreja seja cada vez mais presente na realidade do povo, uma igreja que seja mais ativa, misericordiosa, acolhedora e missionária.

Feliz Páscoa!

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