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CULTURA & ENTRETENIMENTO

Pernambucano radicado no Acre continua o raro ofício de tecer tarrafas no mercadão do centro

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Seu João no ofício de fazer tarrafas (Foto: Wanglézio Braga)

Por Wanglézio Braga

Das variadas profissões que encontramos no Mercado Aziz Abucater, localizado no coração de Rio Branco, uma continua resistindo nos dias atuais; de artesão de tarrafas ou popularmente “tarrafeiro”. Para esse tipo de ofício, é preciso habilidade e uso de técnicas especiais. Atributos incontestados do seu João da Silva, 88 anos, praticamente o único do ramo daquela região.

“Todo dia é a mesma coisa. Chego aqui, boto a minha cadeira bem nessa passagem que dá pra eu enxergar quem vem e quem sai do mercado (…) Pego a linha e coloco na agulha. Lanço um nó aqui, outro ali. Puxo a linha, dou base numa régua de madeira, faço outro ponto e vou tecendo a tarrafa”, conta a reportagem do AcreNews.

Seu João nasceu no interior do Estado de Pernambuco (PE), em Petrolina. Veio para o Acre após rodar quase todo o país. O motivo foi a busca por qualidade de vida e oportunidades de crescer como profissional. “Fui do nordeste para Goiás. Depois fui para a Serra Pelada, no Pará, trabalhar como garimpeiro. Saí de lá e fui para o Mato Grosso, no Pantanal, onde fui vaqueiro e trabalhei com terras. Depois de viajar essa região, vim parar no Acre e daqui não vou para lugar nenhuma”, relata.

O atendimento do profissional é improvisado, ao lado de uma estrutura de ferro (Foto: Wanglézio Braga)

No Acre, ele constituiu família. Casou-se com quatro acreanas que resultaram em quatro filhos, que lhes deram cinco netos. Atualmente, por opção, está solteiro. Mora no bairro Rosa Linda e diariamente ‘corta’ a cidade para trabalhar no movimentado Mercado Aziz Abucater.

“Fiz também uma carreira bonita como servidor público. Sou aposentado da polícia. Trabalhei com pessoas muito conhecidas, como o Policial Albion. Depois da aposentadoria, eles [meus filhos] pensaram que ia ficar quieto. Aprimorei os conhecimentos na tarrafa, ofício que aprendi por aí, nas fazendas onde passei, e resolvi trabalhar aqui no mercado, isso já tem mais de 15 anos. É aqui que passo a maior parte do tempo trabalhando e revendo os amigos”, detalha.

O artesão não tem uma loja, um box específico. Para produzir e vender as peças, ele atende a clientela ao lado de uma mercearia, na “esquina do portão principal”. É numa estrutura de ferro que ata a corda base e começa a tecer. Cada peça é produzida num prazo de 10 dias, e vendida por R$ 500 reais. “Por mês eu faço de três a quatro tarrafas. Também faço remendo naquelas que têm buracos. Trabalho não falta”, diz.

Questionado se gostaria de retornar para a terra natal, seu João não esconde esse desejo, mas apenas para rever os amigos e os poucos familiares que deixou por lá. “Eu amo o Acre. Eu acho um lugar maravilhoso. Tem muitas mulheres lindas”, brinca e completa: “A comida daqui é ótima. O clima é bom. Eu só quero passear lá em Pernambuco. Morrer, eu quero morrer aqui. Adotei o Acre como o meu estado. Daqui eu posso até sair, mas eu volto”, conclui.

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