GERAL
“Por quê não comemoram o apoio de Lula?”, questiona o articulista Valterlucio Bessa Campelo
Por que ninguém comemorou o apoio do Lula?
Valterlucio Bessa Campelo
Embora com discreta repercussão na mídia local, nesta segunda-feira foi anunciado pelo Diretório Nacional do PT, a incrível excepcionalidade de apoio a dois pré-candidatos “não pertencentes” ao partido. Os dois felizardos a primeiro contar com nada menos do que o endosso pessoal do autointitulado inalcançável em inteligência, inigualável em bondade, o homem mais honesto da terra, o incorruptível Luís Inacio Lula da Silva, são Guilherme Boulos, do Psol, em São Paulo e… Marcus Vianna do MDB! digo, PT-MDB em Rio Branco. Não é pouca coisa. Aliás, deveria ser motivo para uma semana de comemoração, afinal, trata-se do presidente da república eleito pela terceira vez para salvar o Brasil da “extrema-direita” – essa gente malvada que ousa defender a vida, a liberdade, a família e a propriedade.
Apesar do fenômeno por enquanto reservado para apenas dois iluminados, não houve comemoração. Oxente! exclamei com meus botões. Nem mesmo o presidente da Apex, que veio recentemente celebrar a boa colheita de café, se referiu à boa notícia. O pré-candidato ficou quieto e seus partidos também não se deliciaram com a justa homenagem lulopetista ao seu representante acreano.
A rigor, ultimamente o pré-candidato lulopetista, assim declarado pelo apoio do PT, bem como seus correligionários, só estão aparecendo na mídia para repetir dois mantras. O primeiro, “Aham kendram asmi” (eu sou de centro), contradiz a companhia do Boulos em tão rara decisão partidária, o outro, “Kevalam Chidram Mahatvapurnam” (somente o buraco é importante), pretende subverter a ideologia transformando-a em tábula rasa em nome de uma suposta “gerência de condomínio”.
Tirante o chiste, a verdade é que o Marcus Vianna não quer aparecer na fita ao lado do seu partido, digo, ex-partido. Não quer repercussão de fatos que demonstrem sua ligação umbilical com o lulopetismo, não fica bem, especialmente com o dito cujo caindo a cada pesquisa de aprovação popular, isso sem que nem tenhamos nos aproximado dos efeitos da gestão econômica temerária do Haddad, nem da incompetência geral no Rio Grande do Sul. Tudo isso e muito mais ainda está por aparecer na cena política brasileira. Continuando a derrocada, no curso da campanha é capaz de dizerem pro Lula não botar os pés em Rio Branco.
De certo modo, por esconder-se do lulopetismo e recitar seus mantras, o candidato lulopetista anuncia o mote de sua campanha – “eu sou de centro e o importante é o buraco na rua”. Duas mentiras. A primeira, revelada pelo apoio lulopetista, ou alguém acha que o PT nacional, Gleisi Hofmann à frente, apoiaria para prefeito de uma capital um candidato desalinhado com sua ideologia? Nem pensar. O único jeito seria um ainda mais extremista como é o caso de Boulos, o invasor de propriedade alheia. A segunda mentira insulta a inteligência do eleitor que, através das mídias sociais, já percebeu que aquele candidato que promete tapar o buraco da rua pode ser o mesmo que pretende eliminar sua liberdade de expressão, que o candidato simpático é o mesmo que aplaude a perseguição ao ex-presidente Bolsonaro e defende a prisão de patriotas.
Percebe-se o esforço geral dos seus amigos para endossar o “centrismo” do candidato lulopetista, desvirtuar a realidade e afastar a ideologia do debate público, como se vivêssemos uma quadra de unanimidade política e não um confronto globalmente polarizado, entre esquerda e direita. No exercício funesto, chega-se a garantir que esta é a eleição do “buraco”, em flagrante desserviço à democracia e fuga envergonhada da verdadeira política. Ainda assim, aposto que as próximas eleições já estão ideologicamente marcadas. E isso é bom.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no seu BLOG, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS e em outros sites. Quem desejar adquirir seu livro de contos mais recente “Pronto, Contei!”, pode fazê-lo através do e-mail valbcampelo@gmail.com