Projeto da Prefeitura oferece assistência integral a pessoas em situação de rua
O Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro POP), mantido pela Prefeitura de Rio Branco e administrado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, tem sido ponto de virada na vida de centenas de pessoas que enfrentam ou enfrentaram a dura realidade das ruas.
Um desses casos é o de Wellisandro Bento de Souza, 28 anos. Durante 11 anos viveu nas ruas, mergulhado na dependência química e envolvido com a criminalidade. Cumpriu pena por furto e hoje está em liberdade, com monitoração eletrônica. Hoje é assistido pelo Centro POP, onde encontrou apoio, acolhimento e um novo propósito.
“Me acolheram com amor, me incentivaram a mudar de vida e sempre acreditaram em mim”, relatou Wellisandro. (Foto: Kátia Farias/Secom)
“Essas pessoas aqui se tornaram minha família. Me acolheram com amor, me incentivaram a mudar de vida e sempre acreditaram em mim, mesmo quando eu mesmo não acreditava. São anjos de Deus. Eles me ajudam a buscar conhecimento e esperança todos os dias”, relatou emocionado Wellisandro.
Outro exemplo é o de Creisson Renato Guimarães, 36 anos, que também teve sua vida transformada pela iniciativa. Membro de uma tradicional família acreana, começou a usar drogas ainda na adolescência, quando vivia em São Paulo. O retorno ao Acre, não impediu o agravamento da situação e aos poucos ele foi parar nas ruas, onde permaneceu por 16 anos. Com o trabalho de busca ativa realizado pela equipe do Centro POP, ele foi acolhido e deu início a um processo de recuperação.
“Quem vive na dependência química vive um sofrimento diário”, destacou Creisson. (Foto: Secom)
“Quem vive na dependência química vive um sofrimento diário. Tive que buscar força em Deus, apoio psicológico, e determinação para vencer. Hoje estou em sobriedade e, mesmo enfrentando o preconceito, sigo firme”, contou Creisson Renato, que hoje trabalha como barbeiro e mantém contato constante com a equipe do Centro.
Atualmente, o Centro POP atende mais de 500 pessoas. Elas recebem atendimento social e psicológico, além de acompanhamento com fisioterapeutas e outras ações que visam à reinserção social e à reconquista da cidadania.
“Mais do que assistência, oferecemos pertencimento, dignidade e oportunidades reais de recomeço”, explicou Gabriel. (Foto: Secom)
De acordo com o coordenador da unidade, Gabriel Ferreira, todo o processo começa com a construção do Plano Individual de Atendimento (PIA), que estabelece metas e caminhos personalizados para cada assistido.
“Não existe uma fórmula pronta. Cada pessoa tem seu tempo, sua história, seu momento. Estamos aqui para oferecer suporte contínuo, desde o acolhimento até o acesso ao aluguel social, cestas básicas e programas como o Bolsa Família. Mais do que assistência, oferecemos pertencimento, dignidade e oportunidades reais de recomeço”, explicou Gabriel.
“As sessões são uma forma de cuidar da mente e do corpo”, detalhou Maria. (Foto: Secom)
Além do atendimento psicossocial, o Centro POP oferece musicoterapia duas vezes por semana, como ferramenta terapêutica para estimular o bem-estar físico e emocional dos usuários.
As sessões de música se transformaram em momentos de encontro, alegria e expressão coletiva (Foto: Secom)
A psicóloga Maria Barroso destaca o impacto dessa prática no cotidiano dos assistidos. “A musicoterapia permite que eles expressem sentimentos e emoções por meio da música. Depois das sessões, trabalhamos também com atividades como o desenho, para que possam refletir sobre o que sentiram. É uma forma de cuidar da mente e do corpo”, detalhou.
As sessões de música se transformaram em momentos de encontro, alegria e expressão coletiva. Nesses encontros, a voz de quem foi invisível por tanto tempo finalmente encontra espaço para ser ouvida com afeto, respeito e esperança.
Antes e depois de Creisson, que hoje trabalha como barbeiro e mantém contato constante com a equipe do Centro. (Foto: Secom)