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Produção familiar percorre jornada de dedicação e logística até chegar ao prato dos estudantes de todo o estado

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No km 36 da Estrada Transacreana, em Rio Branco, a terra fértil da Associação de Produtores Rurais Árvore Viva faz brotar mais do que simples hortaliças. Ali nasce a couve – robusta, viçosa – que desenvolve uma longa jornada para chegar ao prato de milhares de estudantes das escolas públicas do Acre. O que para muitos parece uma simples refeição, para os agricultores locais é o resultado de um trabalho árduo e dedicado.

No Dia Nacional da Alimentação nas Escolas, comemorado nesta segunda-feira, 21 de outubro, celebra-se não só o alimento que chega às mesas escolares, mas todo o caminho percorrido para alimentar o futuro.

Todos os dias letivos do ano, o programa Prato Extra atende 620 escolas nos 22 municípios acreanos, inclusive os quatro de difícil acesso, beneficiando mais de 125 mil alunos. Para os estudantes de ensino parcial, são oferecidas duas refeições diárias; para os de tempo integral, três. Cada prato é planejado e preparado para garantir não só a nutrição necessária, mas também valorizar o esforço de quem produziu cada ingrediente.

“Este programa foi um dos melhores para nós”, avalia Rozilene Teles, presidente da Associação de Produtores Rurais Árvore Viva, composta em sua maioria por mulheres. “Antes, a gente perdia muito da produção. Agora, com a merenda escolar, tudo o que plantamos vai para as escolas. A couve, o maxixe, a pimentinha, tudo é aproveitado”, relata.

À frente, Rozilene Teles, presidente da Associação de Produtores Rurais Árvore Viva, carrega hortaliças destinadas ao Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

A produção de Rozilene e de outras tantas famílias agricultoras faz parte de um esforço que vai além da simples venda de alimentos. Mais de 60% dos recursos da merenda escolar do Acre são destinados à agricultura familiar, superando o mínimo de 30% exigido pela legislação.

Até outubro de 2024, o governo do Acre investiu cerca de R$ 40 milhões de recursos próprios, além de R$ 14 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), em um movimento que fortalece a economia local e garante comida saudável no prato dos alunos.

Uma jornada do campo ao prato

A jornada da couve começa nas comunidades, onde agricultores familiares cuidam da plantação com dedicação e respeito à natureza. “A gente não usa veneno, os defensivos são naturais, como folha de mamona e pimenta-do-reino”, explica Rozilene.

O cuidado vai além da colheita. No centro de distribuição, profissionais da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE) garantem que cada alimento seja selecionado com critério. “Nossa responsabilidade é grande. Queremos que esses alimentos cheguem com a qualidade que as crianças merecem”, afirma Lorena Machado, nutricionista e chefe da Divisão de Nutrição da SEE.

Estudante recebe almoço na Escola Armando Nogueira, em Rio Branco. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Na Escola Armando Nogueira, uma das muitas instituições beneficiadas, a couve, que já trilhou um longo caminho, finalmente chega ao prato da estudante Letícia Andrade, que se surpreende com a origem da verdura: “Saber que esse alimento é fruto do trabalho de associação composta por mulheres é muito gratificante”.

Na Armando, assim como nas demais unidades da rede, as hortaliças fazem parte de cardápios variados, que vão de mingaus e cuscuz com ovos a refeições completas, com arroz, feijão e carne. “Acho maravilhoso ver que o que plantamos aqui está sendo servido para os nossos filhos e netos lá na escola”, observa Rozilene. Para a agricultora, o sentimento é de missão cumprida.

O futuro começa no prato

Nutricionista Lorena Machado realiza seleção dos alimentos. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O sistema Alimentação Escolar Inteligente (AEI), implementado pelo governo do Acre, ajuda a gerenciar todo o processo – desde a compra dos alimentos até a distribuição nas escolas, otimizando a logística e garantindo que o que chega aos alunos está de acordo com o planejado.

“Antes, tudo era feito de forma manual. Hoje, com o sistema, a gente consegue ver em tempo real o que está sendo entregue e o que está em falta, e assim garantimos que nada falte para as crianças”, informa Lorena.

Para Rozilene, tanto quanto o ganho econômico, a recompensa está em ver o benefício prestado aos alunos. “Quando a gente vai entregar as verduras e vê que nossa produção está ajudando a alimentar tantas crianças, não tem sensação melhor”, conta. “É gratificante saber que a gente está ajudando a construir um futuro mais saudável para elas”.

Agricultora colhe couve destinada ao programa Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Ao fim do ciclo, a jornada dos alimentos cultivados impacta positivamente a história de milhares de estudantes que, ao serem bem nutridos, têm a oportunidade de crescer, aprender e sonhar com um futuro melhor. Ao chegar às escolas, a couve e seus companheiros de horta levam não só nutrientes, mas esperança e força àqueles que constroem o amanhã.

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