RAIMUNDO FERREIRA
Professor e arquivista Raimundo Ferreira, da Universidade Federal do Acre, divaga sobre o ensino e a informação
O ENSINO E A INFORMAÇÃO
Na nossa atividade profissional, depois que começamos a atuar nas áreas de apoio, orientação e ensino propriamente, com atuações mais efetivas do final dos anos setentas até 2011, nossa maior dificuldade e consequentemente motivo de preocupação, na Universidade Federal do Acre, era a necessidade de informações bibliográficas e também por meio eletrônico, para subsidiar as atividades de ensino, pesquisa e extensão, pois, as coleções de livros técnicos, periódicos especializados e outros documentos impressos, além de custarem muito caro, os meios eletrônicos, que estavam começando a operar, não facilitavam o intercâmbio desses materiais didáticos. Por exemplo, para realizar as pesquisas de conclusão de curso, especialmente se fosse em nível de pós-graduação, o pesquisador teria que acionar contatos com Deus e o mundo e ainda gastar muito dinheiro com a aquisição dos suportes informacionais necessários para desenvolver a temática. O tempo passou, a tecnologia evoluiu, as informações de todos os tipos e através de várias formas de suportes foram democratizadas, ou seja, com exceção de algumas bases de dados especializadas que ainda exigem assinaturas para acessar, tudo que um estudante e/ou pesquisador necessitar está à disposição. A gente daquela época, que viveu e conviveu com as necessidades por informações, acreditava que se essa carência fosse superada, as atividades de ensino e pesquisa seriam facilitadas e certamente a evolução seria inevitável, ou seja, iriamos experimentar um grande avanço no ensino, na pesquisa, na educação e consequentemente no desenvolvimento da ciência. Ledo engano nosso, essa dificuldade foi superada, as informações de todo tipo e natureza estão à disposição de todos, por qualquer suporte e onde quer que estejamos, no entanto, ao nosso ver, esse não era o ingrediente que faltava para desencadear a melhoria e acontecer o avanço significativo no ensino, pesquisa e educação em geral. Na verdade, depois que erramos nessa variável, fica difícil fazermos uma previsão sobre qual ou quais os ingredientes seriam necessários para acontecer avanços qualitativos no nível de ensino e pesquisa, talvez sobre a educação, no que se refere à questão comportamental , poderíamos até tentar arriscar uma justificativa no que se refere à tradição cultural, pois, parece que o povo bradileiro, com exceções lógico, tem uma certa letargia, ou mesmo preguiça, quando a questão se trata de praticar regularmente o aprendizado para evoluir. A outra explicação, logicamente no campo do achismo, seria o entendimento de que as facilidades em demasia não estimulam o interesse, nem a curiosidade para apreender a essência dos assuntos, pois, a possibilidade de todas as dúvidas e respostas se encontrarem na palma da mão, parece satisfazer todas as curiosidades e as pessoas parecem estarem felizes, satisfeitas e confortavelmente realizadas com esse status quo.