RAIMUNDO FERREIRA
Professor e arquivista Raimundo Ferreira escreve sobre “A farsa das aparências”
A FARSA DAS APARÊNCIAS
As atitudes comportamentais dos seres humanos nem sempre se apresentam com a real e verdadeira autenticidade, pois, dependendo da circunstância ou ocasião as pessoas poderão se camuflarem em suas defesas e buscarem esquivar-se de possíveis situações, que nas suas avaliações, poderão lhes causar algum desconforto, ou seja, decidir que por alguma razão pode não ser o momento adequado para expor a verdadeira personalidade. Esse tipo de comportamento, que acontece com frequência meio à convivência humana, quardando as devidas proporções, são atitudes assemelhadas à capacidade de defesa e ataque que os animais selvagens utilizam na natureza e que denominamos de defesa natural ou camuflagem. Um dos exemplos mais evidentes acontece nas regiões da Europa, onde a estação do inverno transforma o ambiente, mudando as cores da paisagem e muitas animais, uns para se esconderem e outros, no caso os predadores, para se aproximarem mais facilmente das presas sem serem notados, também mudam suas pelagens para a mesma cor do cenário, ou seja, dependendo da ocasião e até da necessidade de sobrevivência, manter-se camuflado e discreto pode fazer a diferença entre continuar sobrevivendo, ou ser tragado por algum predador. Todavia, o ser humano, apesar de contar com a vantagem do uso da razão, não consegue com a mesma habilidade e capacidade, utilizar tal recurso de forma tão eficiente, a ponto de tornar-se discreto e/ou invisível diante das situações e circunstâncias pelas quais pretende passar despercebido, e diante desse cenário, onde todos se encontram na mesma condição, tanto as pessoas de boa índole, quanto as mal-intencionadas apresentam-se expostas, tornando-se portanto necessário aperfeiçoar a capacidade da análise e da cautela para que as aparências à primeira vista não lhes embebedem os sentidos e as pessoas camufladas e até interpretando outros personagens, não lhes façam acreditar em falsos caráteres e personalidades. Todavia, conforme acontece com a maioria das superstições, precisamos utilizar a cautela com limites, pois, o excesso poderá em muitas ocasiões nos fazer perder a oportunidade de conhecer, construir e cultivar amizades de grande valor.
A moral da história portanto, adverte que nem tanto a terra, nem tanto ao mar, as pessoas que conhecemos a primeira vista, especialmente em viagens, a princípio devem recebidas e consideradas como pessoas da inteira confiança, porém, o senso do desconfiometro ocultamente deve cataloga-las apenas como pessoas conhecidas, e com o passar do tempo em convivência, automaticamente passarão a fazer parte do seio da amizade com inteira confiança.