RAIMUNDO FERREIRA
Professor Raimundo Ferreira de Souza atualiza sua coluna nesta terça, 9, revendo as leis de causas e efeitos

O ACASO INEXISTE
Raimundo Ferreira de Souza
Os ensinamentos herméticos, baseados nos textos místicos de Hermes Trismegisto, constituem-se de sete regras universais: mentalismo, correspondência, vibração, polaridade, ritmo, causa e efeito, e gênero. Esses princípios oferecem orientações sobre todas as áreas do conhecimento humano e apresentam a ideia de um Deus único, criador do universo.
Dentre tais leis, a da Causa e Efeito, também conhecida como lei da causalidade, afirma que: toda causa gera um efeito, e para todo efeito existe uma causa. Em outras palavras, o que está acontecendo hoje é resultado das causas produzidas em algum momento anterior; da mesma forma, os acontecimentos presentes gerarão efeitos no futuro.
Para esclarecer essa ideia, podemos utilizar a figura de uma pedra lançada em uma imensa lagoa de águas calmas. As ondas produzidas por ela, embora percam intensidade, continuam se propagando até se perderem de vista. No entanto, mesmo distantes, ainda existem como consequência da causa inicial — o ato de lançar a pedra.
Essas ideias sobre causa e efeito transcendem fenômenos e episódios do dia a dia. Segundo essa lei, tudo está conectado com as normas que regem o funcionamento universal; na caminhada do tempo não existe vácuo. Tudo acontece como efeito de algo que, no passado, gerou a causa, assim como todas as causas presentes resultarão em efeitos futuros.
Existe, inclusive, uma frase dita pelo personagem principal do filme O Gladiador, fundamentada na filosofia estoica: “O que fazemos em vida ecoa pela eternidade.” Essa afirmação reforça a noção de que nossos atos ultrapassam o momento em que ocorrem, projetando-se no tempo.
Na verdade, essa lei ensina também que as adversidades, as lutas pela sobrevivência e as dificuldades de toda ordem — familiares, de saúde, decepções, problemas financeiros — são efeitos de causas que ocorreram em gerações passadas e que ainda vibram através do tempo. Quando surgem inesperadamente diante de nós, tendemos a imaginá-las como obra do acaso. Contudo, de acordo com esse princípio, o acaso inexiste; o que chamamos de acaso são apenas regras universais em funcionamento, embora desconhecidas por grande parte das pessoas — resultado, portanto, da ignorância humana.
Essas normas não tratam especificamente da espiritualidade; entretanto, para quem já leu O Livro dos Espíritos, é possível encontrar passagens que dialogam com essa teoria defendida pela lei da causa e efeito. Lá se afirma, guardadas as devidas proporções, que em nossa passagem por este planeta nada acontece por acaso. As dificuldades enfrentadas, assim como os benefícios alcançados, estão todos previstos, e nós estamos, em certa medida, apenas cumprindo um roteiro.



