RAIMUNDO FERREIRA
Professor Raimundo Ferreira divaga nos pensamentos de Nietzsche e no próprio para escrever sobre o perigo do ‘ressentimento’
SEM RESSENTIMENTO
Em algum momento, por conta de determinadas circunstâncias — que não vamos detalhar nem avaliar em termos de gravidade —, a verdade é que um gesto descuidado, uma palavra pronunciada por impulso ou qualquer outra atitude ou ação que possa ser interpretada de modo enviesado pode ser entendida como provocação e, consequentemente, no entendimento das pessoas, assumir a forma de uma agressão.
Nietzsche descreve essa situação, que denomina de ressentimento, como uma força reativa e doentia, em que a incapacidade de reagir pode levar a uma “vingança imaginária”. Para que as pessoas consigam se libertar desse ressentimento, é necessário recorrer ao perdão e ao crescimento pessoal, que proporcionam liberdade, cura e a construção de um bem-estar duradouro.
A filosofia explica que a causa mais comum dos desentendimentos está ligada a um hábito que não deve ser cultivado nem conservado pelo ser humano: a mania de guardar rancor e ficar remoendo qualquer problema, arrastando consigo acontecimentos do passado.
Existe, inclusive, uma analogia simples, mas bastante interessante para ilustrar essa situação: o bagaço da laranja. Quando se chupa a laranja, o que importa e tem utilidade é o suco; o bagaço precisa ser descartado. As pessoas que guardam rancor se comportam como quem suga o suco e continua carregando o bagaço.
Quanto aos efeitos nas pessoas que insistem em reviver o passado, especialmente recordando situações desagradáveis — como se diz popularmente, “levantando defunto” —, eles são inúmeros: comprometem a saúde mental e física, aumentam a ansiedade e o estresse, podem causar depressão, problemas cardiovasculares, digestivos, imunológicos, prejudicar o sono e, além de tudo, representar uma das maiores causas de destruição dos relacionamentos.