ARTIGO
Professor Raimundo Ferreira escreve sobre “Efeito Manada” em seu novo artigo
Pode até está ficando maçante a repetição da evidência de que cada indivíduo vê o mundo do seu jeito, é possuidor de ideias individuais e que por essa razão deve ou deveria ser independente. No entanto, no momento pelo qual estamos passando, o que pode ser mais difícil identificar são pessoas com autonomia e opiniões próprias. Observando de fora, fica difícil acreditar que em um país de aproximadamente duzentos e doze milhões de pessoas, praticamente duas correntes de pensamentos ou de ideias mal engendradas, estejam ditando os rumos, aglutinando e dividindo as pessoas, e de certo modo promovendo um verdadeiro efeito rebanho ou manada, como queiram, de maneira que as pessoas parecem ter assumido o verdadeiro instinto animal de seguir ao bando, possivelmente acreditando que esta será ou seria a opção mais cômoda e confortável, ignorando sobre maneira, a atitude mais sensata que seria de se manifestar e apresentar a opinião individual de aproximadamente 212 milhões de ideias inquietas e que buscam opinar e determinar qual seria a melhor alternativa para todos, em vez disso, estamos contando com as orientações paranoicas de duas correntes, sem quaisquer informações seguras, se estão nos encaminhando para dias melhores, ou para um abismo. Relata uma lenda que na cidade alemã de Hamelin aconteceu uma praga de ratos e um cidadão que tocava uma flauta se apresentou para exterminar com a praga e seu método era o seguinte: tocava a flauta, encantava os ratos e conduzia os para um abismo, após liquidar com todos os ratos e buscar receber o pagamento pelos bons serviços prestados, o administrador da cidade falou que não iria pagar porque ele não prestou conta, ou seja, não comprovou as mortes mostrando as cabeças dos ratos. O cidadão flautista ficou decepcionado, mas não teve o que fazer, arrumou os panos de bunda e sumiu no mundo, no entanto, após meditar sobre a situação resolveu armar uma vingança para aquele povo, e em um belo dia de domingo, quando todos os adultos estavam na igreja, ele reapareceu e dessa vez com a flauta preparada para encantar pessoas, assim sendo, deu uma volta na cidade de Hamelin tocando sua flauta, encantou um grupo de 130 crianças e as conduziu, até hoje, não se sabe pra onde, segundo os relatos, isso aconteceu em 26 de junho de 1284. Segundo as três versões da lenda, ele teria conduzido as crianças para uma nova dimensão e elas teriam sumido, a outra versão afirma que ele conduziu as crianças para uma caverna, elas tinham adentrado, não souberam sair e morreram por lá, a terceira, é que ele conduziu as crianças até um abismo e elas despencaram na imensidão. Como acontece em toda lenda existem as coisas mágicas, nesse caso os relatos descrevem que ele antes de iniciar a caminhada vestiu as crianças com roupas coloridas. Tentando inserir nossa versão lendária tupiniquim, podemos fazer um paralelo com a situação atual e acreditar que, nos dias atuais a única diferença era que as pessoas encantadas e conduzidas pelo toque da flauta ou pela lorota dos encantadores modernos, poderiam estarem vestidas de verde e amarelo ou ‘todes’ vestidas de vermelho. Pode ser?