RAIMUNDO FERREIRA
Professor Raimundo Ferreira produz uma das crônicas mais contundentes sobre o rio Acre
Foto: Dell Pinheiro.
AINDA SOBRE O RIO ACRE
- Raimundo Ferreira
Aqui estamos nós novamente falando da situação, que por inúmeras vezes já destacamos como sendo um dos problemas, que atualmente já se apresenta muito grave e que certamente em um futuro não muito distante, poderá se agravar e proporcionar o caos irreversível para sobrevivência da população acreana. Conforme podemos observar, a situação dos mananciais do Acre, rios e igarapés, especialmente os que têm seus cursos situados nas regiões mais densamente povoadas, perderam suas características como mananciais normais da Amazônia e que outrora foram símbolos dessa terra de Galvez e principais supprtes para sobrevivência de um povo, atualmente estão totalmente descaracterizados e debilitados como mananciais que exerciam funções da maior importância para a fauna e a flora, pois, hoje apresentam as margens desnudas de vegetações protetoras, graves problemas de assoreamento em suas calhas, uma imensa quantidade de objetos depositados nos seus leitos, tudo isso resultante do desrespeito da ação humana e com um agravante, pois, a qualidade do líquido que escorre em seus leitos, que outrora era água cristalina da melhor qualidade e habitats para peixes de várias espécies, na atualidade não passa de um líquido viscoso, mal cheiroso e sem qualquer condições de sobrevivência para qualquer tipo de vida aquática, sem contar que muitos deles já se encontram totalmente transformados em esgotos a céu aberto. A essa altura dos acontecimentos, mesmo as pessoas mais otimistas e que buscam encontrar culpados para a situação, recorrendo até à fenômenos naturais para justificar, citando por exemplo, que ao longo do tempo os cursos d’água mudam seus regimes, perdem algumas características e apresentam algumas debilidades, evidenciando inclusive o exemplo do fenômeno El niño e sua companheira, como possíveis causas – intensas secas e grandes enchentes -, no entanto, no nosso caso, os efeitos do descaso denuncia de forma muito clara, que o desmatamento das margens dos rios e igarapés, a imensa quantidade de objetos de todos os tipos nos leitos desses mananciais e a quantidade de esgotos in natura que são encaminhados para estas correntes comprovam que não há justificativa consistente fora do descaso humano, infelizmente a população e as autoridades constituídas, diretas ou indiretamente, são os principais atores a serem responsabilizados nesse contexto, pelo explicito desprezo para com a conservação das correntes de água doce do Acre.