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Professora Auraniz, uma das maiores autoridades em educação no Juruá, conta sua história de vida, incluindo a passagem pela política
Por Ere Hidson
A professora Auraniz Marques de Oliveira é que pode se chamar de autoridade na Educação do Vale do Juruá. Em entrevista ao Acrenews, ela conta sua história de vida, incluindo a passagem pela política, como vereadora em Cruzeiro do Sul, além de cargos que exerceu nos governos Edmundo Pinto e Orleir Cameli.
Acredite. A professora Auraniz, apesar da timidez, passou pela política. Foi vereadora. Teve como pares na vereança expoentes e figurões da política como Vagner Sales, que depois virou deputado e prefeito. Foram seus colegas também outros mitos, como Maria de Nazaré Lima de Carvalho, a Mariazinha, Alquimar Frota Braga e Francisco Ferreira de Vasconcelos, o Cariri, ambos in memorian, além de Kelly Araújo.
A professora Auraniz é filha de Raimunda Marques de Oliveira e Raimundo de Araújo Salgado. Nasceu no dia 06 de Agosto de 1947 no seringal Alegria, baixo Juruá, já em terras amazonenses, exatos 45 anos depois da Revolução Acreana, liderada pelo nosso coronel José Plácido de Castro.
Inspetora de ensino no Juruá durante o governo Edmundo Pinto, a professor Auraniz lembra dele muito saudosa, uma vez que via nele o líder que Acre tinha de melhor para o momento e muita boa fé para com os acreanos.
“Lembro-me como se fosse hoje o falecimento do Edmundo. Era um domingo, estávamos chegando numa reunião na zona rural, na comunidade Santa Luzia do Pentecostes, quando soubemos da notícia.
Foi uma dor e um abalo muito grande para todos nós da equipe, e até para as pessoas das comunidades. A comoção era geral, um clima de tristeza dar população”, conta, triste.
Quando lembra do período que esteve na vereança, não se diz aversa a política, mas sugere não sentir saudades. Sobretudo, diz ela, pelo fato do vereador não ter autonomia para nada. Tendo sido vereadora pelo PDS, o atual Progressistas, na época dirigido na região pelo então prefeito João Tota, mesma sigla do então deputado estadual Edmundo Pinto, ela admite que não tem como fugir da história.
Tendo sido por 14 anos seguidos diretora do maior colégio de ensino médio do Juruá, o Dom Henrique Ruth, inaugurado em 28 de setembro de 1996, pelo então governador Orleir Cameli, Auraniz conta que participou de elaboração da parte pedagógica. Convidada pela inspetora de então, Engracia Cameli Cadaxo, ficou um ano como vice-diretora, e 14 anos como diretora, desde a sua fundação. “Uma obra de muita relevância para a nossa sociedade, para a nossa juventude. Um dos legados do nosso governador Orleir Cameli”, lembra.
A professora Auraniz fez, também, um trabalho social marcante a frente da Dom Henrique Ruth. Numa época em que gangues se formavam no seio do colégio, ela ajudou a socializa-los através do diálogo, disciplina, educação e, sobretudo, o acolhimento. “Fiz minha parte como educadora”, diz ela.
Com sentimento de dever cumprido, a professora Auraniz fala com muito entusiasmo e alegria dos alunos que passaram por ela, entre os quais hoje professores, policiais militares, bombeiros militares, engenheiros e médicos. Ela lembra do médico Mazinho Negreiros, o Índio, que hoje faz um trabalho pra história no Centrin, cuidando de autistas. A professora Raíssa Neri, umas das coordenadoras da atual gestão da Dom Henrique também foi sua aluna.
Aposentada, aos 76 anos a professora Auraniz está no panteão das grandes personalidades do Vale do Juruá, sem contestação.