RAIMUNDO FERREIRA
“Quem não dá pra sela, dá pra cangalha”, escreve o professor Raimundo Ferreira ao pedir que ninguém se desespere
DESESPERAR JAMAIS
Segundo o que é comumente veiculado como norma e costume da sabedoria popular, não existem inutilidades nem fracasso no contexto das relações humanas em todos os níveis, devemos manter a fé e a esperança, por exemplo, no que se refere à atividade laboral, quem não dá pra sela dá pra cangalha e como afirma a letra do verso de um samba antigo, quem não sabe tocar violão nem piston, toca surdo e sempre agrada porque nesse mundo tem bobo pra tudo, no campo da aparência, simpatia, beleza bem acomodada no padrão vigente, ou ainda feição bem aceita e padronizada pelo gosto popular, ou ainda, pelo contrário, quem não se enquadra em nenhum desses requisitos do gosto popular, não estará fora de harmonia, apenas constitui-se um indivíduo diferente e meio à todas estas diferenças comuns aos seres humanos, ninguém pode e nem deve sentir-se excluído ou rejeitado, nem tão pouco descontextualizado, conforme afirma um velho adágio popular, para todo pé torto, existe um chinelo apropriado, assim como, para qualquer lorota, mesmo desconectada do contexto, existe algum espectador atento. Em síntese, guardando as devidas proporções, nossos quadrados estão reservados e aguardando os verdadeiros inquilinos, qualquer côncavo, por mais solitário que possa sentir-se, não deve desesperar- se, pois, quando menos esperar, surgirar o convexo correspondente. A verdade é que, além dos ensinamentos das crenças afirmando que Deus não despreza seus filhos e que quem espera por Ele não cansa, a sabedoria popular afirma ainda que desesperar jamais, sua oportunidade chegará, a sorte estará lhe esperando em alguma esquina e o que estará reservado para você ninguém tasca.