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Raimundo Neném anuncia obras da sede da Câmara, do restaurante popular e avalia gestões Bocalom e Gladson
Por Jorge Natal para o AcreNews
A história do presidente da Câmara Municipal de Rio Branco, Raimundo Nonato Ferreira da Silva, o Raimundo Neném (PSDB), de 44 anos, não destoa da maioria dos acreanos. Terceiro filho de uma família de cinco irmãos (duas mulheres e três homens), nasceu na periferia em Rio Branco, no bairro Triângulo Novo, onde passou a infância e juventude.
Vendeu picolés, fez inúmeros trabalhos braçais e foi motorista de ônibus. “Foi um começo difícil, mas foi compensado pelo amor que tive e ainda tenho dos meus pais”, acrescentou Neném, apelidado assim por sua mãe, e que depois viraria sobrenome.
Entrou para a vida pública como assessor parlamentar, fazendo articulação política e mobilizações com o movimento social. Foi candidato pela primeira vez em 2012, eleição na qual ficou na segunda suplência. No pleito seguinte (2014), foi candidato a deputado estadual e novamente ficou na mesma colocação. “Em 2016, fui o décimo terceiro vereador mais votado na capital”, lembrou o parlamentar, cuja reeleição, em 2020, subiu para a sexta posição.
Toda a experiência e habilidade política de Raimundo Neném foi testada há um mês, oportunidade em que ele derrotou, na eleição para a Mesa Diretora, a chapa articulada pelo prefeito Tião Bocalom. “Não houve vencedor nem vencidos. A nossa gestão contemplou todas as forças políticas na chapa”, explicou o presidente, cujo tratamento respeitoso e democrático junto a seus pares é uma de suas marcas.
Neném disse que a sua força política, em sua maioria, concentra-se na região do Segundo Distrito e no segmento evangélico. Para falar sobre esse novo momento, fomos recebidos em seu gabinete. Ele não consegue disfarçar a satisfação em informar que a ordem de serviço para a construção da sede do Poder Legislativo Municipal já foi dada. “Rio Branco é uma cidade complexa e precisamos de todos para melhorá-la”. Leia a entrevista:
AcreNews – Como é ser presidente da Câmara Municipal?
Apesar do pouquíssimo tempo no cargo, está sendo gratificante. Juntamente com outros vereadores, estamos unindo forças para dar o melhor de nós para transformar Rio Branco num lugar melhor para se viver. O cargo de presidente requer muita articulação política, que deve ser orientada pelo diálogo, pelo respeito e pela transparência.
AcreNews – O senhor deu a ordem de serviço para a construção da nova sede da Câmara. Comente sobre isso?
Confesso que estou muito feliz por esse momento histórico. Somos o único parlamento entre as capitais brasileiras que não tem sede própria. Com um valor de R$ 11.40.000, as obras começarão nos próximos dias. Será em um local apropriado e bem localizado, ou seja, na região administrativa da cidade (em frente à sede da PF). Num prazo de um ano, deveremos estar de mudança. Tivemos uma força da então senadora, Mailza Gomes, bem como do senador Petecão. No entanto, a maioria dos recursos é de fonte própria, ou seja, fruto da economia que fizemos nos últimos anos.
AcreNews – Mudando de assunto, como o senhor avalia a gestão do prefeito Bocalom?
O prefeito quer fazer as coisas corretas, mas falta gestão, principalmente porque as decisões estão centralizadas nele. Óbvio que ele precisa ter o controle, porém isso não pode emperrar a máquina administrativa. Também precisa ajustar algumas “peças”, ou seja, fazer com que as coisas aconteçam, porque a população cobra muito, principalmente dos vereadores, que não são ordenadores de despesas ou tocadores de obra. Estamos aqui para colaborar. A Câmara jamais será empecilho para o Bocalom melhorar a cidade.
AcreNews – Dizem, por “bocas de matildes”, que o prefeito se jacta de ter mais de meio bilhão em caixa. Por que esse dinheiro não está sendo investido na cidade?
Essa pergunta só o prefeito pode responder, uma vez que é ele o responsável por esses recursos. Como eu te falei anteriormente, falta gestão. Também é preciso trocar alguns gestores, que não têm perfil ou habilidade para ocupar determinados cargos. Existem projetos, obras e serviços que precisam ser executados imediatamente.
AcreNews – O que o senhor espera do governo de Gladson Cameli?
Tenho muita esperança e torço para o governo dar certo. O primeiro mandato dele foi difícil por causa da crise econômica, causada principalmente pela pandemia. O Gladson teve uma votação expressiva e conta com o apoio de aliados e da população. Tem tudo para dar certo.
AcreNews – O que mais lhe dá satisfação em ser um parlamentar?
Ajudar o próximo. É para isso que serve a política, embora, infelizmente, aconteçam alguns casos em contrário. Quase a totalidade das minhas emendas são destinadas às casas terapêuticas (centro de recuperações), entre outras causas sociais. O que nos deixa um pouco frustrados é que não somos os executores de obras. Isso não é atribuição de um vereador. As cobranças recaem em cima dos nós. E a população está certa em exigir, porém a prerrogativa de executar recursos é do prefeito e de seus secretários.
AcreNews – A classe política está desacreditada. Como é conviver com isso?
Buscando, todos os dias, dar o melhor de mim. A imagem do político está desgastada, mas eu me esforço para ser diferente. Como em todo ramo ou profissão, os políticos não são iguais. Isso me impulsiona e me faz ir às ruas conversar com as pessoas.
AcreNews – O senhor tem mais alguma novidade para anunciar?
Eu e outros vereadores estamos lutando para que o projeto do Restaurante Popular, do Segundo Distrito, saia dos gabinetes e vire realidade. O Bocalom disse que tem a intenção de fazer. Vamos continuam pressionando, pois sabemos da necessidade desse investimento. Seria uma forma de prestigiar o apoio que o prefeito teve em toda a região.