POLÍTICA
Raimundo Neném faz apanhado da política na entrevista de domingo, inclusive sobre curso de vereadores fora do Acre
Raimundo Nonato Ferreira da Silva, de 44 anos, é o nome de batismo do vereador Raimundo Neném, do PSB. Terceiro filho de uma família de cinco irmãos (duas mulheres e três homens), nasceu na periferia em Rio Branco, no bairro Triângulo Novo, onde passou a infância e juventude.
Iniciou na política como assessor parlamentar, fazendo articulação política e mobilizações com o movimento social.
Participou das eleições de 2012 e 2014, mas foi em 2016 que foi eleito vereador ocupando a décima colocação.
Em 2024 deve disputar outra vez para vereador, negando ter interesse em compor chapas majoritárias. Como presidente da Câmara Municipal de Rio Branco, conversou conosco na entrevista de domingo, para revelar outros quitais da política paroquiana. Respondeu, inclusive, sobre as críticas que a Câmara recebe por mandar parlamentar fazer curso fora do Acre.
Veja a entrevista completa:
Acrenews – Vereador, o senhor é uma liderança política emergente, sobretudo pela reeleição folgada em 2020 e por estar presidindo a Câmara. Há quem fale no seu nome para 2024 na disputa pela prefeitura da capital. Tem chance de o senhor aparecer ao menos como vice em alguma chapa?
Raimundo Neném – Todo dia agradeço a Deus pelas oportunidades que Ele tem promovido em meu favor, admito, com muita humildade meu crescimento político, mas ainda não vejo o momento para se aventurar em algo maior. Agradeço pelas citações ao meu nome nessas discussões, mas nossa equipe já decidiu que vou outra vez brigar por uma cadeira aqui na Câmara mesmo.
Acrenews – Presidente, as contas da Câmara estão sempre no azul. O poder paga bem seus servidores e fornecedores. Isso é gestão ou é o duodécimo, o ‘salário’ mensal que a prefeitura paga e que só seria abalado em caso de a prefeitura ter uma queda vertiginosa no FPM?
Raimundo Neném – Claro que o nosso poder tem o repasse constitucional da prefeitura, o duodécimo, e isso é muito importante, mas elege um presidente que não sabe gerenciar, um cara perdulário, sem controle, pra ver. Vai a pique com duodécimo e tudo. Por isso é preciso ter habilidade com as contas. Hoje nós temos é dinheiro em caixa.
Acrenews – Uma das críticas que a Câmara recebe com frequência são essas viagens de vereadores para fazer curso. Como o senhor responde a essas manifestações?
Raimundo Neném – Simples. Fazemos parte do parlamento mirim. É aqui que a política começa. Estamos na ponta, somos os primeiros a ouvir as comunidades. Todas as queixas do povo desaguam primeiro na Câmara. Então a gente precisa se qualificar. E é isso que a gente faz, vai lá fora aprender. Algumas pessoas levam isso na brincadeira ou como se a gente estivesse praticando um crime. É não, filho. É tudo dentro da legalidade, dentro da Lei.
Acrenews – A Câmara Municipal de Rio Branco passará a ser composta por 21 vereadores a partir de 2025. Com base em quais critérios as cadeiras foram aumentadas?
Raimundo Neném – A gente estava devendo esse aumento havia muito tempo, com base na nossa lei, que trabalha o número de parlamentares de acordo com o número de moradores das cidades.
Acrenews – A relação da Câmara com o prefeito Tião Bocalom nessa legislatura não começou bem, mas de uns tempos pra cá aparentemente melhorou. É fato?
Raimundo Neném – Com certeza. O prefeito entendeu que uma maioria de nós tem os mesmos propósitos dele, que é cuidar bem de nossa comunidade. Hoje vivemos uma excelente relação.
Acrenews – O senhor tem boa relação com o governador Gladson Cameli também?
Raimundo Neném – Excelente. Mais que isso, eu sou um admirador dele, do estilo dele fazer política.
Acrenews – Presidente, o Brasil começa a entrar em crise outra vez com quedas vertiginosas do FPM e vocês, vereadores, é que estão na ponta, recebem a primeira cobrada do povo. Como se preparar para ouvir as queixas?
Raimundo Neném – Isso é real. As prefeituras começaram a sentir o baque. Temos que ter amadurecimento para lidar com diferentes situações, senão temos que deixar a política.
Acrenews – Ano que vem o senhor vai para a terceira eleição. Na segunda ninguém lhe colocava como favorito e o sua votação foi expressiva. Se reelegeu folgado. Como vem em 2024?
Raimundo Neném – Trabalhar na mesma pegada e deixar a comunidade decidir. Sempre na mesma humildade.
Acrenews – O senhor honra seu passado, quando não esconde que foi quebeiro, motorista de ônibus, sacoleiro, acostumado a hábitos simples. No que esse passado, vivido no segundo distrito da capital, tem lhe ajudado?
Raimundo Neném – Em tudo. Tudo o que vivi foi um aprendizado. Tirei lições de tudo. Sou um sobrevivente e agradeço a Deus por tudo. Ele sabe traçar nossos caminhos.