Reconhecimento e emoção marcam histórias de jornalistas vencedoras do 2º Prêmio de Comunicação do Acre

A terceira edição do Prêmio de Comunicação do Governo do Estado do Acre está lançada e os jornalistas interessados em concorrer já podem selecionar ou produzir suas matérias. A iniciativa busca estimular, reconhecer e valorizar a produção de trabalhos jornalísticos que contribuam para dar visibilidade aos programas, projetos e ações governo.

Realizado por meio da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), o Prêmio de Comunicação é uma iniciativa com abrangência em todo o Acre e contempla diversas áreas da atuação governamental, como saúde, educação, cultura, cidadania, direitos humanos, meio ambiente e segurança.

“É uma forma de reconhecer e valorizar o trabalho dos profissionais que, com ética e dedicação, produzem informação de qualidade e contribuem com o sistema público no combate à desinformação”, enfatiza a secretária de Comunicação, Nayara Lessa.

Vencedoras da edição anterior

A edição 2024 do prêmio recebeu 106 trabalhos. Na categoria Texto, Anne Nascimento foi a vencedora, com a reportagem “Ano de extremos: Acre enfrenta a segunda maior cheia e a maior seca da história em 2024”, publicada no portal AgazetaDoAcre.com. A produção ficou sob responsabilidade de Iriá Rodrigues. “Acho que nós duas precisávamos nos impulsionar. Peguei um pouco da expertise da Iriá, dos dados que ela já havia compilado de forma sistemática, juntamos as ideias, e fizemos a matéria”, detalha Anne.

O conteúdo abordou problemas e políticas estaduais de enfrentamento à crise e mudança climática. “O ano de 2024 foi difícil. Chegamos a um nível de qualidade do ar pior do que a cidade de Pequim [na China], no mesmo ano em que tivemos a segunda maior cheia. Então nós mostramos a loucura que foi tentar fazer com que as pessoas se conscientizassem, e isso [as políticas ambientais de enfrentamento à crise climática] partiu do Estado, não podemos negar”, destaca Anne.

Para a jornalista, o reconhecimento público trouxe autoestima. “Voltei a me enxergar como alguém que tem potencial. Quando falaram Anne Cristine Moura do Nascimento, ‘é não”, eu disse”, conta, divertindo-se.

Já nas ondas do rádio, com o projeto Mentes Livres, Janequeli Silva conquistou o primeiro lugar na categoria Áudio. “Me chamou a atenção esse projeto realizado no sistema prisional, e a reportagem era sobre o preso que conseguiu escrever seu primeiro livro. É muito interessante o projeto, que trabalha a escrita e leitura como forma de ressocialização”, lembra.

Durante a produção, a entrevista com o reeducando-aluno-escritor foi um momento marcante. “Olhei para ele e perguntei: ‘Você quer mudar?’ Ele respondeu: ‘Eu já mudei’. Aí perguntei: ‘E o que te fez mudar?’. ‘A educação me transformou’, falou”, revela Janequeli.

Para acessar a unidade prisional, local onde seria feita a entrevista, foi necessário cumprir o protocolo. Mas, para a jornalista, o maior desafio foi transmitir, na reportagem, que as pessoas merecem uma segunda chance:  “São pessoas que fizeram mal para a sociedade e estão pagando, mas a gente pode, em algum momento, acreditar que é possível uma ressocialização. Eu queria destacar essa possibilidade, de que, através da educação, o preso possa pensar melhor na vida e se restaurar”.

Mesmo contando sempre com o incentivo de amigos e parceiros de trabalho, a conquista do primeiro prêmio foi algo inesperado. “Lembro que fiquei com uma crise de ansiedade. Então comecei pensando que as pessoas costumam errar meu nome, mas se anunciarem ‘Jaqueline’, sou eu. No dia do prêmio, a apresentadora me chama. Foi uma explosão de sentimentos. Eu fiquei muito feliz”, relata.

Natural de Cruzeiro do Sul, Janequeli atua no jornalismo há 13 anos. Iniciou como repórter de um programa de entretenimento, em sua cidade. Ao longo da carreira, já desempenhou as funções de produtora e apresentadora, no rádio e na TV. Atualmente é repórter da TV 5 e da Rádio Ecoacre, em Rio Branco, e divide a rotina com o trabalho na área de saúde. Também em 2024, Janequeli esteve entre os vencedores do Prêmio Sebrae de Jornalismo.

“O prêmio não me envaideceu, mas me estimulou a ampliar, a buscar novas formas de comunicar, de fazer o que eu gosto, que é conversar, pensar de que forma eu vou me conectar, contando uma história, quem está assistindo. Gosto de pensar como vou direcionar o material para tocar o telespectador, sem sensacionalismo, sem apelação”, revela.

Repercussão

Reconhecendo as necessidades de toda a população, Anne enfatiza a importância do Sistema Público de Comunicação do Acre para levar informação, mesmo às localidades mais distantes. “Muitas pessoas só têm a comunicação pública. A gente também concorreu com um trabalho sobre a Difusora [Rádio]. Pensar que as pessoas só se comunicavam pelo rádio é de uma genialidade surreal. Hoje a gente tem o WhatsApp, mas gente precisa da comunicação pública. O mundo não é nossa bolha, não é só o que a gente vê em rede social. A comunicação pública chega a todos, é pública, democrática”, avalia.

Nova edição

A 3ª edição do prêmio foi lançada em maio. As inscrições poderão ser feitas do dia 20 de outubro até as 23h59 (horário local) de 31 de outubro, podendo concorrer peças veiculadas entre os dias 1º de janeiro e 31 de outubro deste ano.

Podem se inscrever no prêmio profissionais jornalistas, acadêmicos de comunicação e repórteres, de modo geral, desde que não sejam servidores do governo do Estado do Acre.

Serão premiados os melhores trabalhos nas categorias Áudio, Foto, Videojornalismo, Texto e Estudante. A novidade este ano é a inclusão da categoria Foto Amadora e o aumento dos valores das premiações, saindo de R$ 15 mil para R$ 17 mil aos primeiros colocados de cada categoria.

Satisfeita com a conquista, Anne fala sobre o impacto do prêmio na vida pessoal, profissional. “Consegui mudar a perspectiva sobre mim mesma, e todo mundo pode tentar. [Antes] eu tinha tanto medo de perder que não concorria. Mas não é sobre ganhar, é sobre estar, é sobre ser, é sobre servir”, avalia.

A 3ª edição do certame celebra o talento de Marcos Vicentti, renomado fotojornalista acreano falecido em 2024. “O Marcão merece que todo mundo concorra por ele, mas também pela gente. Se eu consegui, quem tá chegando agora, quem tá na faculdade consegue também”, diz Anne, ao lembrar, grata, do auxílio de Vicentti para que ela entrasse no mercado de trabalho.

Janequeli, que cresceu ouvindo e assistindo a grandes comunicadores, incentiva os profissionais de comunicação: “Participem, é algo inexplicável; a emoção de receber o prêmio, a emoção de estar lá com colegas que você admira é importante, para a gente dar mais voz ao nosso trabalho. Ter esse momento pra gente ser reconhecido é muito importante”.

AGÊNCIA AC