POLÍTICA
Refugiado na Itália, ex-assessor de Moraes denuncia fraudes processuais ao Senado
Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, depôs por videoconferência à Comissão de Segurança Pública do Senado, na terça-feira, 2. Em um relato contundente, acusou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de manipular processos com motivações políticas, classificando as práticas como “fraude processual” e “maracutaia judicial”.
Tagliaferro alegou que Moraes ordenava relatórios com datas retroativas para justificar ações da Polícia Federal, como a operação de 2022 contra oito empresários bolsonaristas, baseada apenas em uma reportagem do portal Metrópoles, sem apuração prévia. Ele exibiu documentos e conversas de WhatsApp, incluindo um relatório datado de 28 de agosto, mas registrado no STF como 22 de agosto, um dia antes da operação, para legitimar ações contra a direita.
Refugiado na Itália após receber ameaças, Tagliaferro disse temer por sua segurança e de sua família devido ao conhecimento das supostas irregularidades. Ele decidiu denunciar Moraes por acreditar que o ministro conduzia investigações com viés político contra figuras de direita, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, julgado no STF por tentativa de golpe de Estado. “Estou disposto a pagar com a própria vida para expor o que aconteceu”, declarou, em entrevistas recentes, enfatizando sua determinação em revelar a “perseguição política”.
O ex-assessor denunciou que o gabinete de Moraes focava investigações apenas na direita, ignorando a esquerda, e usava o TSE irregularmente para alimentar inquéritos como os das fake news e milícias digitais. Tagliaferro arquivou provas desde 2022, fingindo cumprir ordens, e relatou um ambiente de pressão onde questionar Moraes era desencorajado.
Senadores da oposição, como Magno Malta (PL-ES), consideraram as denúncias gravíssimas e aprovaram o envio de um relatório ao STF, TSE, OAB, CNJ e governos estrangeiros, além de pedirem proteção para Tagliaferro e seus familiares. A PGR acusa o ex-assessor, indiciado por violação de sigilo funcional e alvo de extradição, de obstrução de justiça e tentativa de desestabilizar instituições. O gabinete de Moraes negou irregularidades, afirmando que todos os procedimentos foram legais e acompanhados pela PGR.
A sessão intensificou o debate sobre a imparcialidade do STF e a polarização no Judiciário, com a oposição prometendo novas investigações.