SAÚDE
Rio Branco se destaca com avanço na cobertura de mamografia, aponta estudo da UFMG
A capital acreana, Rio Branco, registrou crescimento consistente na realização do exame de mamografia, com aumento médio anual de 1,43% entre 2007 e 2023, segundo estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) publicado no BMC Women’s Health Journal. A pesquisa analisou a evolução das taxas de mamografia em mulheres de 50 a 69 anos nas capitais brasileiras, comparando períodos antes e depois da pandemia de Covid-19.
Enquanto capitais do Sudeste, como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, mantiveram estabilidade nos índices, Rio Branco se destaca entre as cidades do Norte por registrar avanço contínuo no rastreamento do câncer de mama. O resultado indica que as políticas públicas locais têm alcançado maior eficiência na detecção precoce da doença.
O levantamento utilizou dados do Vigitel, que monitora anualmente fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis. Foram consideradas variáveis como faixa etária, escolaridade, raça/cor da pele, região e localização geográfica. Além de Rio Branco, outras capitais do Norte e Nordeste, como Belém (1,19%) e Macapá (1,37%), também apresentaram crescimento constante na cobertura anual.
A professora Alanna Gomes da Silva, coordenadora do estudo, destaca que o crescimento positivo em Rio Branco é significativo, mas ainda há necessidade de ampliar a busca ativa de mulheres que permanecem fora do rastreamento e reduzir desigualdades no acesso aos exames.
Durante a pandemia de Covid-19, a cobertura nacional sofreu queda, passando de 76,9% em 2019 para 73,1% em 2023, demonstrando retrocesso nas ações preventivas. A retomada gradual e a ampliação de políticas públicas locais contribuíram para o aumento observado em Rio Branco.
O estudo ressalta que não basta apenas ampliar a cobertura; é fundamental garantir qualidade nos exames, continuidade das etapas diagnósticas e encaminhamento oportuno para tratamento, assegurando a efetividade dos programas de rastreamento.
O exame de mamografia pode ser realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece atendimento universal e gratuito. Após avaliação clínica, médicos e enfermeiros realizam o encaminhamento para unidades especializadas, garantindo detecção precoce e tratamento adequado.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) reforçam a relevância do rastreamento: o câncer de mama é o mais incidente entre mulheres em todas as regiões do país, exceto tumores de pele não melanoma. Estratégias de prevenção primária, rastreamento, promoção da saúde e cuidados terapêuticos são essenciais para reduzir a morbimortalidade.
O avanço registrado em Rio Branco demonstra que ações locais bem estruturadas podem gerar resultados positivos, mesmo diante de desafios nacionais, reforçando a importância de programas contínuos de educação em saúde e monitoramento de indicadores para garantir a cobertura efetiva do rastreamento mamográfico.