“Rio Branco virou um canteiro de obras”, comemora vereador Márcio Mustafá, líder do prefeito na Câmara Municipal de Rio Branco

Por Jorge Natal

Ruas escuras e esburacadas; enlameadas num período do ano e empoeiradas noutro; ausência de calçadas e pouquíssimas ciclovias; trânsito caótico; poluição sonora e visual; violência que já se estendeu ao campo; e altos índices de consumo e tráfico de drogas. Bem-vindos a Rio Branco, uma cidade que não foi planejada, complexa e há décadas negligenciada.

Nascido às margens do Rio Acre, este centenário local é atingido anualmente por fenômenos extremos: as enchentes que causam transtornos para milhares de pessoas, que não possuem moradia digna. Em seguida, pela estiagem que dificulta a captação e distribuição de água, que causa prejuízos na zona rural e piora a qualidade do ar.

Quando o assunto é saneamento básico, somos uma África. Segundo o Instituto Trata Brasil, estamos entre as capitais que mais despejam seus dejetos nos cursos d’água, sem tratamento prévio, obviamente. O marco regulatório, política nacional para por fim a essa mazela, ainda não chegou por aqui.

Os nossos vizinhos fronteiriços, o Peru e a Bolívia, os maiores produtores de cocaína do planeta, encontram aqui tudo o que precisam: jovens para consumir e traficar seus produtos. Não é por acaso que temos a maior e mais jovem população carcerária do país, proporcionalmente falando. A disputa por esse “mercado de trabalho” está estampada nas manchetes dos veículos noticiosos: diariamente, uma pessoa morre de forma violenta na capital.

Para não dizer que não falamos de flores, algumas obras estruturantes estão gerando empregos e postos de trabalho. Figuram entre as principais: o Anel Viário que prevê a construção de uma nova ponte sobre o Rio Acre, além de novas vias para melhorar o trânsito; o novo Fórum Cível; a Orla do Quinze, o Complexo Viário, incluindo o elevado e viaduto da Avenida Ceará; e o novo Mercado Elias Mansour.

Para falar de alguns infortúnios, avaliar o seu mandato e esse novo momento de Rio Branco, a reportagem conversou com o vereador Márcio Mustafá (PSDB), de 45 anos. Empresário da construção civil, cristão e com inúmeros trabalhos sociais, ele é o novo líder do prefeito e dos tucanos no parlamento. “Além de legislar e fiscalizar, tenho como principal causa propor e apoiar projetos que gerem emprego e renda para os rio-branquenses”. No bucólico Horto Florestal, ele concedeu esta entrevista:

AcreNews – Quem é o Márcio Mustafá?

Márcio Mustafá – Eu nasci em Rio Branco, sou o caçula de uma família de apenas dois irmãos, sou casado, pai de quatro filhos, temente a Deus, formado em Gestão de Pessoas e busco ser uma pessoa correta. Eu sou moderado e com posições políticas ligadas ao centro-direita. Eu acordo todos os dias pensando em ajudar as pessoas. Não faço isso por causa da política, mas porque acredito que esse seja o meu propósito. Sem isso a vida não faria sentido.

AcreNews – O que é ser empreendedor?

Márcio Mustafá – Ser empreendedor se reflete nas atitudes que tomamos. Na minha modesta opinião, resume-me em três coisas: você precisa gostar do que faz, ter foco e disciplina. Ser empresário não é fácil. Hoje, o acreano, em sua grande maioria, só tem três patrões: os governos estadual e federal e as prefeituras. O comércio e a iniciativa privada ainda são pequenos. Eu sou da construção civil, que é o segundo setor que mais emprega no Acre. Eu defendo tanto o patrão como o funcionário. Se aquele receber em dia, este também receberá. E o dinheiro circula na cidade, inclusive aumentando a arrecadação do poder público.

AcreNews – O governo estadual e a prefeitura estão pagando em dia os empreiteiros e os prestadores de serviço?

Márcio Mustafá – Hoje a prefeitura paga. O prefeito Tião Bocalom fez de Rio Branco um canteiro de obras. Está faltando mão de obra na construção civil. Isso parece que existiu apenas na década de 80, na época das administrações do Flaviano Melo.

AcreNews – Como a política partidária entrou na sua vida?

Márcio Mustafá – Eu fui candidato pela primeira vez, embora tenha um trabalho social longevo. A gente não se restringe apenas às empresas. Tentamos incluir os egressos do sistema prisional no mercado de trabalho, recuperamos pessoas com dependência química, entre outras ações sociais, sobretudo aquelas ligadas aos preceitos cristãos. É um trabalho espinhoso, mas que muito nos alegra.

AcreNews – Como o senhor avalia esse seu pouco tempo de mandato?

Márcio Mustafá – Na verdade é pouco o tempo de trabalho na Câmara de Vereadores. Estou observando muito, estudando os procedimentos administrativos públicos, o processo legislativo e as relações institucionais. A minha maior bandeira de luta é o trabalhador, ou seja, que ele esteja empregado e recebendo em dia. Ah, eu sou o presidente da Comissão de Orçamento, Finanças e Tributação.

AcreNews – Levando em consideração tudo isso que o senhor acabou de dizer, o que te levou a assumir o cargo de líder do prefeito?

Márcio Mustafá – Fui convidado e aceitei. Eu acredito no trabalho e no potencial do prefeito Tião Bocalom, principalmente porque ele é bom gestor e tocador de obras. Eu sou da construção civil e sei o quanto é importante e estratégico esse setor da economia. Quando alguém está trabalhando o dinheiro circula na cidade, ao mesmo tempo em que o poder público arrecada mais. Hoje quem tem colaboradores está pagando muito bem para não os perder para outras empresas. O prefeito levou um tempo para organizar, os serviços essenciais estão em dia e agora a administração está resolutiva.

AcreNews – Quais são os principais destaques da administração do prefeito Bocalom?

Márcio Mustafá – As obras, principalmente as estruturantes. Existem outras coisas relevantes, mas a geração de postos de trabalho é destacadamente a mais importante. Por que? Porque é a feira que o pai de família leva para casa. Se eu tenho trabalho, tenho dignidade e, como diz a letra daquela música, um homem sem trabalho não tem honra.