No Acre, um projeto de pesquisa desenvolvido por duas estudantes tem ganhado destaque ao propor o uso de sementes de abóbora (gerimum) e folhas de bananeira como alternativa fitoterápica no combate a parasitas em bovinos. A pesquisa é conduzida pelas acadêmicas Maria Jaíne e Larissa Moraes, com orientação da professora Bruna Laurindo Rosa, apoio técnico do professor Flávio Chaves e coorientação do professor Gabriel Barbosa. O estudo é realizado no campo, com apoio da produtora Elimar Teixeira, que cedeu os animais e a estrutura de sua fazenda para os testes.
De acordo com Maria Jaíne, a proposta nasceu dentro da sala de aula e foi ganhando corpo à medida que o potencial terapêutico dos ingredientes naturais começou a se mostrar promissor. “A gente visa trazer soluções de baixo custo para o produtor rural. A maioria dos fármacos presentes no mercado geram resistência com o tempo, enquanto os fitoterápicos não deixam resíduos e nem causam resistência parasitária”, explicou. Além de econômicos, os insumos utilizados são de fácil acesso na região amazônica.
A metodologia é dinâmica e inclui cinco coletas de fezes dos bovinos ao longo do experimento. A partir delas, são realizados exames como o OPG, que detecta ovos de parasitas, e a coprocultura, que permite identificar as larvas — estágio infectante dos endoparasitas. Os dados obtidos são tabulados para verificar a eficácia dos alimentos naturais na redução da carga parasitária. O objetivo é oferecer uma alternativa viável que possa ser adotada principalmente por pequenos e médios produtores.
Larissa Moraes explica que a segunda etapa da pesquisa, destacará a evolução dos animais alimentados com os fitoterápicos. “Queremos saber se a carga parasitária realmente diminuiu após a introdução desses alimentos. É importante ressaltar que eles devem ser fornecidos em conjunto com a alimentação tradicional para garantir boa digestibilidade e adaptação”, disse. Os resultados comparativos serão fundamentais para validar a eficácia do tratamento natural.
Além do impacto prático, o estudo também busca preencher uma lacuna na literatura científica sobre o uso de soluções naturais em sistemas produtivos amazônicos. “Aqui no Acre a produção de bovinos é expressiva. Queremos produzir conhecimento sobre a realidade local, para que os próprios produtores possam aproveitar os recursos que já têm em mãos”, reforça Larissa.
A expectativa é que, ao final do projeto, os dados possam ser divulgados em publicações especializadas e eventos acadêmicos. Segundo Larissa, a ideia é mostrar que soluções locais podem, sim, resolver problemas crônicos no campo. “Muitos produtores já têm esses itens na propriedade, só faltava saber que eles também poderiam ser remédio”, concluiu Larissa sendo .
Com o avanço das coletas e análises, a pesquisa considera inédita no Acre caminha para se consolidar como um marco na busca por alternativas sustentáveis e acessíveis para o campo. “A nossa proposta valoriza o saber regional e a biodiversidade amazônica, oferecendo esperança a um setor que ainda enfrenta desafios com custos altos e resistência a medicamentos e que é base da economia do nosso estado”, finalizou Jaíne.