POLÍTICA
“Sem anistia não haverá pacificação”, escreve o articulista Valterlúcio Bessa Campelo
Sem anistia não haverá pacificação
Valterlucio Bessa Campelo
Sem a menor dúvida, o tema do momento é a anistia aos manifestantes de 8 de janeiro de 2023, que na praça dos três poderes demonstravam sua insatisfação patriótica com os resultados das urnas. Depois de meses em frente aos quartéis em todo o Brasil, momentaneamente mobilizados ou atraídos não se sabe por quem, o grupo do DF desceu o eixo monumental em Brasília até a esplanada e, parte menor dele, se danou a vandalizar os prédios, seus equipamentos, móveis etc.
Coincidentemente, naquele domingo os três poderes estavam mais desguarnecidos do que de costume e, também coincidentemente, naquele dia as imagens da invasão foram apagadas. Coincidentemente, Lula arranjou um compromisso de última hora e foi para o interior de São Paulo fazer nada. Coincidentemente, o general do Lula largou o churrasco e estava por lá distribuindo gentilezas. De coincidência em coincidência, deu-se o que a narrativa oficial chamou de “tentativa de golpe de estado”, uma história sem pé nem cabeça, pois as pessoas não eram organizadas, não se conheciam de antes, não eram financiadas, não havia armas de qualquer espécie, não havia lideranças interessadas no poder, não havia partidos envolvidos, não havia apoio das forças armadas, ou seja, não havia nada que caracterizasse ou sequer viabilizasse uma tomada violenta do poder. A versão de golpe é uma piada.
O que se viu objetivamente foi o interesse manifesto imediatamente pelo governo em tomar aquilo como uma tentativa de golpe e, a partir desse espantalho Schopenhaueriano, mover a justiça em perseguição à direita. Desde então, toda sorte de censura e perseguição está “justificada” pelo dito atentado. Dois anos se passaram e o tema não sai da pauta, dividindo os brasileiros. De um lado, a mídia pré-paga e seus jornalistas idem, fazem coro ao governo petista que insiste na mentira ao modo nazista – Goebbels (uma mentira dita um milhão de vezes, vira verdade). De outro, a verdade límpida, evidente, obvia para qualquer pessoa intelectualmente honesta, de que aquelas mulheres e homens, na maioria idosos e doentes, jamais pensariam em estar realizando um golpe de estado.
Do grupo preso através de um crime de perfídia (inaceitável até em guerras) praticado pelo exército brasileiro contra seus nacionais, pelo menos um manifestante morreu sem socorro no cárcere (Clesão), outros morreram com uma tornozeleira em decorrência dos maus tratos e agravamento de doenças, muitos foram obrigados a assinarem uma confissão ao gosto do inquisidor, outros se mandaram do país e encontram-se no exílio, outros estão presos sendo inclusive torturados e assim por diante. No geral, centenas de famílias destroçadas, filhos vivendo sem os pais e as mães, carreiras e patrimônios perdidos. Um verdadeiro drama provocado por decisões absurdas, doentias, que jogaram no lixo todas as garantias individuais e o respeito aos direitos humanos.
Pois bem. A partir dessa realidade e, na impossibilidade de manter essa ferida aberta, dois importantes personagens declararam seu desacordo com essa canalhice jurídica. O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, afirmou que do seu ponto de vista a história do golpe não se sustenta e que deverá levar à pauta legislativa a anistia aos manifestantes (ver AQUI). Bastou para que o PT e seus asseclas e idiotas úteis berrassem contra. Eles precisam dessa narrativa para manter o discurso que esconde a roubalheira e a incompetência que voltaram à cena do crime.
Nesta segunda-feira, dia 10/02, foi a vez do Ministro da Defesa no dia do acontecido, repito, da Defesa, José Múcio, dizer em entrevista ao programa Roda Viva (ver AQUI), que aquilo não teve nada de tentativa de golpe, que no máximo houve baderna de alguns, que cada um pague conforme sua responsabilidade, e mais, que cabe ao parlamento decidir a pacificação do país. O governo do qual faz parte e o lulopetismo de redações pré-pagas, bem como os abestalhados de sempre, se arrepiaram – eles detestam ser confrontados com sua própria vileza.
Não bastasse o obvio ser dito por um e outro, está no Brasil uma missão da Organização dos Estados Americanos – OEA, para subsidiar o entendimento da entidade quanto á liberdade de expressão no Brasil. Chefiada por Pedro Vaca, um esquerdista carimbado, a missão não pode deixar de ouvir nesta terça-feira algumas lideranças do parlamento que lhe relataram com provas reiteradas o itinerário perverso seguido pelo STF na sanha de punir e perseguir brasileiros que se manifestem contrariamente ao governo de esquerda, seja nas ruas ou nas mídias sociais. Jornalistas, empresários e pessoas comuns estão na lista negra dos supremos, enquanto a Constituição Federal e todos os acordos internacionais de liberdade de expressão foram rasgados.
AQUI, AQUI e AQUI o leitor pode ver algumas informações a respeito da visita dos membros da Comissão Internacional dos Direitos Humanos – CIDH, da OEA, ao Brasil. A importância do relatório da Comissão será o de expor ao mundo, o quadro de PERSEGUIÇÃO e CENSURA a que o STF submeteu o povo brasileiro e seus representantes no Congresso, definindo assim um estado tisnado de cores ditatoriais que, portanto, merece reação do mundo democrático. Pelo jeito, mesmo a contragosto, considerando seus laços com gente como George Soros, o tal Vaca terá que usar sua lupa para destrinchar o calhamaço de denúncias que vem recebendo. Espera-se que o rato, digo o Vaca, não roa a corda. Teremos uma semana importante, talvez decisiva para a democracia enxovalhada que vivemos e para a necessária pacificação do país.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no DIÁRIO DO ACRE, no ACRENEWS, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.