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POLÍTICA

Senador Ciro Nogueira: “Barroso deu a senha para aprovar a Anistia”, mas depois do julgamento de Bolsonaro

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Logo após o julgamento do presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o centrão e o PL deverão voltar à carga para aprovar a sua anistia. Presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) revelou, em entrevista ao portal Vero Notícias, que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Roberto Barroso, foi quem “deu a senha” para os bolsonaristas.

Barroso disse que anistia só vale após a condenação e que, depois disso, a decisão cabe exclusivamente ao Congresso. Ciro Nogueira diz não ter dúvidas de que a 1ª Turma do STF irá condenar o ex-presidente, embora defenda que não houve tentativa de golpe de Estado.

Apesar da anistia, Bolsonaro continuará inelegível por determinação anterior do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Nesse caso, Ciro Nogueira não esconde sua preferência pela candidatura ao Planalto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. E até se coloca à disposição para a vaga de candidato a vice.

Na entrevista, ele admitiu que Lula causou constrangimento à frente PP-União Brasil ao afirmar, na última reunião, que os partidos que não apoiam o governo não devem indicar ministros.

Ciro contou ainda que o Congresso deverá aprovar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, podendo chegar a R$ 7 mil. Mas não garante compensação com aumento de impostos para os super-ricos.

Ele também defendeu o projeto de blindagem dos políticos acusados de crime que o Congresso está discutindo.

 

Leia a entrevista completa:

 

Vero Notícias: O Lula deu um ultimato aos ministros: quem apoia, fica no governo; quem não apoia, tem que sair. Foi uma humilhação para os ministros do centrão?

Ciro Nogueira: Por mim os ministros da nossa frente partidária nem tinham entrado. Eu acho que já passou da hora de nossas bancadas tomarem uma decisão. Eu vou defender que a gente proíba qualquer membro dos nossos partidos de participar desse governo. É um governo que todos nós sabemos que não apoiaremos no próximo ano, pois não temos identificação. Isso cria um constrangimento para a gente. Já passou do momento de tomar a decisão. Quanto à humilhação, tem que perguntar aos ministros que estão no governo.

Os analistas dizem que uma parte dos partidos do centrão inevitavelmente apoiará o governo, especialmente no Norte e no Nordeste.

Garanto que, dos nossos parlamentares, no máximo 2 ou 3 apoiarão a reeleição do presidente Lula. Um percentual muito pequeno.

E qual é a data limite para sair?

Já marquei, na próxima semana, uma conversa com os líderes para definirmos um calendário de convocação das bancadas para marcar a data de saída.

Na solenidade de oficialização da federação partidária do PP com o União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, defendeu que a federação pode ter vários candidatos e, depois, mais à frente, definir.

Acho que ele quis dizer que a direita pode ter vários candidatos. Mas a federação só pode ter um. Eu defendo que é mais do que legítimo o Caiado se lançar candidato. Ele é o melhor governador da história de Goiás, está fazendo um trabalho incrível, principalmente na área mais preocupante para a população, que é a área de segurança. Mas, no final, vamos ter que ver e apoiar com cuidado para ganhar a eleição. Não vamos ter candidato para marcar posição. Se o Caiado se tornar um candidato viável terá o meu apoio, ficarei muito feliz de votar nele para presidente.

O que todos dizem é que o seu candidato é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Meu candidato é o Bolsonaro. Como o Bolsonaro está inelegível, eu acho que o Tarcísio hoje é o candidato mais viável. Quem fala são as pesquisas. Se o Tarcísio for candidato, ele vai ter do lado dele o PL, o Republicanos, a federação PP-União Brasil, o MDB, o PSD, acho que o Solidariedade e o Podemos. Vai sobrar para o Lula apenas o PSB e o PT. Então, uma pessoa que já está empatada nas pesquisas, tem uma rejeição muito menor que a do Lula e é desconhecida por mais de 30% da população é um candidato imbatível.

É verdade que o senhor quer ser o vice na chapa do Tarcísio?

Isso é uma construção que não cabe a mim. Lógico que estou na maior federação partidária do país e sou de uma região que é o maior problema para a direita, o Nordeste. Mas o mais importante é a escolha do candidato a presidente. Eu não vou ser empecilho nenhum. Se meu nome for considerado por todos os partidos, ficaria muito honrado de cumprir essa missão. Mas não sou candidato de forma nenhuma.

E Tarcísio, o senhor acha que ele vai ser mesmo o candidato?

Se o Bolsonaro apoiar, não tenho dúvida. O Tarcísio nunca vai trair o Bolsonaro, nunca vai ser candidato sem o apoio do Bolsonaro. Lembro que ele era candidato praticamente eleito aqui em Goiás para o Senado. O Caiado convidou. Bolsonaro disse: “não, você tem que ser candidato a governador em São Paulo”. Eu achei uma loucura. Mas o Tarcísio foi, para cumprir uma missão. E ganhou a eleição. Ele tem uma fidelidade completa ao presidente Bolsonaro.

Mas se o Bolsonaro escolher outro nome deixa o centrão em apuros.

Vamos ver qual nome ele vai escolher e dentro de que critério. Ele tem que ter critério e tem que nos levar à vitória. Porque nós não podemos nem pensar em perder a próxima eleição para um segundo mandato tão desastroso como o do Lula.

Por exemplo: Eduardo Bolsonaro se encaixa nesses critérios?

Olha, o Eduardo é uma pessoa a quem quero muito bem. Mas como é que ele vai fazer campanha estando nos Estados Unidos? Eu não vejo como. Acho que, se tiver que ser outro candidato da família do Bolsonaro, é o Flávio. Ele tem como fazer campanha. Você não pode fazer a campanha dos Estados Unidos, né? Então eu acho que isso inviabiliza o Eduardo. A não ser que se pacifique a situação e ele volte para o país.

O senhor acha que o Eduardo está agindo certo?

Eu não sei o que eu faria se meu pai fosse sofrer uma injustiça dessa que o Bolsonaro sofre. Eu sou contra ele estar pedindo tarifaço para o nosso país. Luto para que essa situação acabe, mas volto a dizer: não sei o que eu faria se meu pai estivesse sofrendo uma injustiça como essa. Mas acho que não tem que bater muito na própria direita. Nós temos que centrar fogo contra a esquerda. Mas quem sou eu para fazer julgamento sobre eles.

Mas é uma traição.

Não acho. Ele está defendendo o pai dele. Pode ser um erro, mas eu não vejo isso como traição. Volto a dizer que sou contra todos os vídeos que o Eduardo tem feito, mas eu não sei o que eu faria se meu pai estivesse na situação do Bolsonaro.

O Eduardo prejudicou a direita. Não?

O Lula é que se aproveitou dessa narrativa. Está dizendo que é ele quem defende a soberania do país, que está buscando de todas as formas que não tenha essas sanções contra nosso país. Mas ele é o verdadeiro responsável por ter chamado o Donald Trump de nazista. Por estar inutilmente lutando para o dólar não ser moeda única. Isso não favorece nada o nosso país e o real não vai se tornar essa moeda. O Brasil não ganha nada com isso de ter atacado os Estados Unidos na questão do Brics, enquanto todos os países se entenderam e ele ficou falando sozinho. O Lula está se aproveitando nesse momento para crescer. Cresceu de fato nas pesquisas por conta disso. Mas tenho certeza de que esse crescimento é espuma, que a população vai ver que ele é o verdadeiro culpado por esse enfrentamento com os Estados Unidos.

E quanto à anistia. O senhor acha que deve ser também para o Bolsonaro?

Por que não? Ele está preso e não está julgado ainda. Eu concordo com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, que já deu a senha: só pode ser aprovada anistia depois de o Bolsonaro ser julgado. Mas, com ele sendo julgado, a decisão é do Congresso.

Golpe de Estado é uma coisa muito séria.

Mas não aconteceu golpe de Estado. Não aconteceu uma tentativa. Foi a narrativa que se criou nesse país. Eu, que vivi lá dentro, vi que era impossível. Essas pessoas que estão condenadas deviam ser por depredação, como já aconteceu em diversas ocasiões nesse país, inclusive no Congresso Nacional.

Mas o Bolsonaro apresentou aos militares uma minuta de golpe, um documento propondo decretação do estado de sítio.

Ele disse que não apresentou isso.

Os generais disseram que sim.

Se fosse verdade, então deviam todos dar voz de prisão ao presidente ou pedir demissão na mesma hora. São pessoas que, então, falharam com o seu dever. Deviam ter feito isso naquela época. Isso perde muito a veracidade do que dizem.

Qual é a expectativa do senhor para esse julgamento?

Bolsonaro vai ser condenado. A 1ª Turma do STF já está decidida. Eu não tenho dúvida do voto do Alexandre de Moraes, do Cristiano Zanin, da Cármen Lúcia e do Flávio Dino. O Luiz Fux tem tomado posições às vezes diferentes dos demais. Tinha que ter o chamado “duplo grau de jurisdição” que levaria o julgamento depois para o plenário. Não tem explicação para todas essas pessoas processadas pelo 8 de janeiro de 2023 passarem apenas por uma instância.

Isso que o senhor está falando, do grau de jurisdição, está sendo votado por agora no Congresso, junto com o projeto de blindagem dos parlamentares, as chamadas “prerrogativas”.

Eu acho que se exagera muito nesses processos contra os parlamentares. Antigamente você podia ir para a tribuna expressar suas opiniões. Hoje não tem isso. Acho que o Congresso também deve ter autorização para dizer se um julgamento é político ou é criminal. No passado, se decidia isso no voto secreto. Agora não. É tudo aberto.

Mas teve casos em que se demorou muito no Congresso, como o daquela deputada que matou o marido, a Flordelis, e outros deputados.

Bota um limite de prazo, e o Congresso terá que votar em um tempo. Essas prerrogativas não serão para proteger pessoas que cometam crime no país. Vão proteger o direito de o parlamentar se manifestar. Então eu volto a dizer: o voto é aberto, não vai ter mais ninguém se escondendo. O plenário vai votar com toda certeza para liberar o processo contra deputado que cometeu crime.

A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil é outra questão que vai ser votada. O senhor vai votar a favor?

Eu sou favorável. Nós estamos lutando até para aumentar o limite para R$ 7 mil. Nós estamos vendo se vai dar mesmo para taxar os bancos, que tanto têm ganhado nesse país. Agora, nós vamos discutir também as questões de compensações. Se essas compensações são justas, se o governo não tem onde cortar.

Pois é. Aí é que está o perigo. Aí que está a pegadinha, porque vocês vão permitir aumentar isenções, mas vão criar dificuldades para aprovar as compensações, o aumento de imposto para os chamados super-ricos.

Super-ricos é a narrativa da Secretaria de Comunicação do Planalto. É a narrativa de grande parte da imprensa.

Mas eu pergunto: o senhor acha justo que um professor pague 27,5% de Imposto de Renda e um sujeito que ganha milhões pague menos de 2%?

Não acho justo. Mas tem que ver se essa pessoa já pagou esses impostos. Quanto essas empresas já pagaram de imposto? Eu quero que seja uma coisa justa. Esse país não aguenta mais aumento de carga tributária, o governo perde com essa quantidade absurda de ministérios. O presidente não sabe nem o nome desses ministros. Tem ministro que encontra com ele uma vez na vida.

Mas vocês não estão querendo um pouco que o governo seja obrigado a cortar Programas Sociais na véspera das eleições?

Não. Eu acho que não é justo o governo criar Programas Sociais na véspera das eleições. Vou dar um exemplo: o governo aumentou funcionários públicos em R$ 30 bilhões. O governo só pensa em aumentar imposto a cada 36 dias.

Em síntese deverá ser aprovada a isenção de Imposto de Renda para o andar de baixo, mas as compensações para evitar o déficit no Orçamento vocês querem discutir.

Sim. Discutir é legítimo, e vamos apontar medidas.

Via VERO NOTÍCIAS

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