GERAL
Seu Silva, remanescente das lutas em favor dos povos da floresta, continua sua saga no seringal Porvir, como um dos últimos caboclos nativos
Jorge Natal, especial para o AcreNews
Severino da Silva Brito, o Seu Silva, de 68 anos, teve participação nas lutas históricas que os seringueiros, ribeirinhos e agricultores empreenderam nos anos 1970 e 1980 para manter a floresta acreana em pé. Hoje, desenvolve várias atividades na Colocação Boa Água, Seringal Porvir Velho, Núcleo de Base Wilson Pinheiro, na Reserva Extrativista Chico Mendes.
Depois da criação da reserva, vieram as grandes associações e mudou-se a forma de organização. “Eu fui chamado para participar e hoje sou vice-presidente da Amoprelândia (Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista de Epitaciolândia)”, declarou o guardião da floresta, que agora luta por políticas públicas para a agricultura familiar.
Para o valente e desprendido extrativista, é possível viver bem na (e da) floresta sem destruí-la. Ele cuida da horta de uma escola, mantém um pequeno, mas produtivo roçado com mandioca, milho, feijão e banana; o plantio de castanheiras, seringueiras e outras espécies valorizadas de árvores; uma pequena criação de gado e peixe; e muitas fruteiras em volta da casa.
Caminhamos numa trilha feita por ele mesmo. A sombra que ameniza o calor, o ar puro, o canto dos pássaros e o contato com espécies de árvores majestosas são indescritíveis. Ninguém duvide, porém, que esse seringueiro velho e sábio não acabe aproximando, mais do que possamos imaginar, homens e animais na floresta.