RAIMUNDO FERREIRA
Sufocado pelo clima de roçado queimado, professor Raimundo Ferreira escreve: “Fumaça, calor e doenças”
Quando as atenções estão todas voltadas para um mesmo problema, as opiniões, os alertas e os pontos de vista, até parecem chover no molhado, ou seja, parece não haver mais novidades ou surpresas a serem evidenciadas, como se diz lá no interior do Norte: nesse lago, tem muito pescador para pouco peixe. No entanto, a situação, que já não era boa, por conta das agressões que a selva amazônica vem continuamente sofrendo, ficou insuportável. Isso acontece em decorrência das práticas erradas de ocupação e exploração dos recursos naturais. Nesse período de escassez das chuvas, as condições climáticas de toda a região, em especial no Estado do Acre, atingiu uma situação, praticamente insustentável e, pelo que conheço sobre aquela localidade, as condições atuais poderão atingir níveis ainda mais críticos até aproximadamente a primeira quinzena de outubro. No momento, o Sol está navegando no céu, na cor de uma brasa incandescente; a fumaça das queimadas está proporcionando uma visão totalmente embaçada, inclusive trazendo sérios perigos para quem trafega nas rodovias; as doenças respiratórias, especialmente em idosos e crianças, está causando grandes transtornos para o sistema de saúde; o calor está insuportável e as águas dos rios e igarapés, que ainda não secaram, estão a caminho de perder totalmente a pouca quantidade de água que ainda existe.
Muitos alertaram, no entanto as precauções não foram tomadas. Os governantes, as instituições oficiais que existem para esse fim, a população geral, que deveria ter colaborado para evitar o problema, nada fizeram.
Nesse momento, o que mais ouvimos falar, por parte das pessoas que se manifestam através das mídias e da imprensa oficial, são xingamentos de toda ordem para com os governantes, as autoridades e as pessoas envolvidas na área do meio ambiente. Ao nosso ver, realmente elas têm suas culpas, no entanto, sobre o caos a que chegamos, não será o esculacho elevado à milésima potência que vai minorar a situação. A natureza foi e continua sendo maltratada, sua forma de responder ao mau uso e às agressões recebidas está sendo provocar a impossibilidade de o ser humano usufruir dos benefícios dos seus recursos.