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POLÍTICA

‘Também defendo Deus, pátria, família e religião’, diz advogado escolhido pelo PSOL, uma das siglas mais radicais do país, para disputar o Senado no Acre em 2022, durante polêmica entrevista ao Acrenews

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Por Evandro Cordeiro

O advogado criminalista Sanderson Moura é um apologeta dos grandes oradores gregos. Ele criou até uma escola de Atenas no Acre. Não por outra razão, seus discursos são sempre ansiosamente aguardados nos juris. Quarentão, autor de pelos menos três livros (Advocacia e Oratória, Homem de Bem que Sabe Falar e Habeas Spiritus: meditações de um advogado em busca do autoconhecimento), esse serenado causídico é o nome do PSOL, sigla das mais radicais do país no campo da esquerda, para disputar a única vaga que o Acre dispõe em 2022 no Senado Federal.

O atual perfil do Sanderson, todavia, não é seu currículo definitivo. Antes de se debruçar sobre o estudo do Direito, virar um helenista convicto, ele foi um historiador formado pela Ufac bem estereotipado, com direito a pejorativo e tudo. Vindo de Tarauacá, onde nasceu, berço da esquerda no Acre, o garoto percorreu o caminho previsível: presidiu o DCE, o Diretório Central dos Estudantes, puxou greves de estudantes e no fim virou um professor. Um bom professor, dizem. Depois quis dirigir o Sinteac, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação. Muito contundente, voluntarioso, acabou derrotado pela própria esquerda que estava no poder e gostando de estar no poder. Mesmo assim onde tinha movimento social, tinha Sanderson.

Chegou a ser cogitado como nome alternativo para disputas eleitorais majoritárias, com convites até da direita. Ameaçou aceitar, e ficou na ameaça. Influenciado em parte pela então ex-procuradora de Justiça e advogada militante Salete Maia (in memórian), admiradora de sua obra como professor e sindicalista, voltou pra Ufac, agora como estudante do curso de Direito. Menos de duas décadas depois de formado, fez outros prodígios, além de mudar seu estilo, deixando para trás uma personalidade forte, indisposta a recuos. Presidiu a Associação dos Advogados Criminalistas no Acre, fundou a Escola de Atenas, se tornou membro da Academia Acreana de Letras e atualmente é mestrando em Educação, além de ser escritor e orador.

Foi esse homem que conversou conosco por telefone, para responder com curtas respostas algumas indagações longas. Resultado: polêmica. Vamos acompanhar parte do bate papo:

AcreNews – O projeto de sua candidatura ao Senado está em curso?

Sanderson Moura – Está seguindo firme.

AcreNews – Como o senhor está agindo nessa pré-campanha, digamos assim?

Sanderson Moura – No primeiro momento agi para consolidar internamente a candidatura no partido (PSOL). O que muitos que se dizem candidatos não sabem nem se terão apoio partidário para tanto. Agora tenho buscado apoio dos amigos nos municípios.

AcreNews – Em um passado não muito distante (anos 1990/2000) seu nome esteve em voga, inclusive com muitos convites de partidos que o queriam como candidato, até majoritário. Depois o senhor dedicou-se ao Direito, deu uma sumida ao menos dessa arena, e de repente reaparece com a ideia de disputar o Senado. Que houve?

Sanderson Moura – Direito e política são coisas interdisciplinares. Sempre tive o sangue político na veia.

AcreNews – O senhor foi um sindicalista perto do radical, tipo ia para o campo de batalha, xingava. Chegou, inclusive, a confrontar a própria esquerda, seu terreiro. Sua personalidade ainda é a mesma ou a idade deu uma serenada?

Sanderson Moura – Nem poderia continuar o mesmo, pois a cada idade a sua maneira de ser. Sou um democrata e um homem do diálogo e da conciliação.

AcreNews – O senhor não é mais o “menino maluquinho”, como a própria esquerda lhe pechou, sobretudo quando suas ideias andaram confrontando com as daquela turma que estava no poder havia muito tempo no Acre?

Sanderson Moura – Nunca fui maluquinho, fui sempre um sonhador.

AcreNews – Seu partido, o PSOL, é bem questionado, principalmente por defender bandeiras nada convencionais ao menos diante do tradicionalismo brasileiro, como aborto, maconha, LGBTQI+. Vai ter lugar para essas discussões em uma eleição que promete discutir família, pátria e conservadorismo?

Sanderson Moura – Sou uma pessoa plural, um constitucionalista. Defendo a família, a pátria, Deus, a liberdade religiosa. Respeito as diferenças também.

AcreNews – Como está o Brasil hoje do seu ponto de vista?

Sanderson Moura – Num momento econômico muito ruim. Politicamente instável.

AcreNews – Não será uma tarefa inglória disputar uma eleição em um Estado onde Bolsonaro, sua antítese, provavelmente terá maioria, segundo as pesquisas asseguram?

Sanderson Moura – Nem sempre isso é a mesma coisa quando se debate o Governo e o Senado. O acreano pode preferir um Bolsonaro para presidente, mas preferir um Sanderson pra Senador. Não é incomum isso acontecer no Acre.

AcreNews – Apesar de ser um bem-sucedido advogado, o senhor não figura, ao menos até onde a gente sabe, entre os candidatos afortunados, mesmo com o Fundão Eleitoral, uma vez que seu partido tem pouca representatividade em Brasília. Alguns de seus adversários terão dinheiro – e muito. E aí, como será esse enfrentamento?

Sanderson Moura – Do jeito que Cícero na Roma Antiga fez. Usando o verbo. Nem sempre vence a verba.

AcreNews – Por fim, quem é Sanderson Moura?

Sanderson Moura – Um amante da leitura, da cultura, do saber, do livro; um apaixonado pela cultura grega, pela retórica. Um helenista.

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