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Tecnologia e tradição: projeto “Bilingo” une indígenas e pesquisadores para salvar línguas ancestrais em RO e MT
Em meio ao avanço da tecnologia e à ameaça de extinção de diversas línguas indígenas, um projeto inovador surge como ponte entre o saber ancestral e o mundo digital. Batizado de Bilingo, a iniciativa reúne pesquisadores, linguistas e comunidades indígenas de Rondônia e Mato Grosso com o objetivo de preservar e revitalizar idiomas originários que correm risco de desaparecer.
A urgência da preservação
Segundo dados da Unesco, o Brasil possui mais de 190 línguas indígenas, das quais muitas são faladas por menos de mil pessoas. Em Rondônia e Mato Grosso, o cenário é preocupante: línguas como Aruá, Makurap, Tupari e Nambikwara enfrentam o risco iminente de extinção. A perda desses idiomas representa não apenas o desaparecimento de palavras, mas o apagamento de histórias, cosmologias e modos de vida únicos.
Como funciona o Bilingo
O projeto utiliza ferramentas digitais como aplicativos, bancos de dados e inteligência artificial para registrar vocabulários, expressões, histórias e músicas tradicionais. Jovens indígenas são capacitados para atuar como agentes de documentação, gravando áudios, vídeos e textos em suas línguas nativas.
Além disso, o Bilingo promove oficinas bilíngues em escolas indígenas, onde crianças aprendem simultaneamente o português e sua língua ancestral. A ideia é fortalecer o uso cotidiano dos idiomas originários, garantindo sua transmissão entre gerações.
Parceria entre saberes
A iniciativa é fruto da colaboração entre universidades, institutos de pesquisa e lideranças indígenas. Um dos destaques é o envolvimento ativo das comunidades, que não apenas fornecem conteúdo, mas também definem os rumos do projeto. “Não queremos que nossa língua fique só em livros. Queremos que ela viva no celular, na escola, na nossa fala do dia a dia”, afirma uma liderança Tupari.
Tecnologia como aliada
Entre os recursos utilizados estão softwares de reconhecimento de voz, tradutores automáticos e plataformas de ensino gamificadas. O objetivo é tornar o aprendizado acessível e atrativo, especialmente para os mais jovens. O projeto também prevê a criação de um acervo digital aberto, com acesso gratuito para pesquisadores, educadores e membros das comunidades.
Impacto além da Amazônia
Embora focado em RO e MT, o Bilingo já inspira iniciativas semelhantes em outros estados brasileiros. A proposta de unir tecnologia e tradição tem chamado atenção internacional, sendo reconhecida como modelo de preservação linguística em contextos de vulnerabilidade.

