POLÍTICA
Valterlúcio Bessa Campelo questiona: Cadê a bandeira vermelha que estava aqui?
A campanha eleitoral se inicia formalmente com a liberação para propaganda eleitoral, quando todos os partidos e coligações podem mostrar a cara, os candidatos, os apoiadores, os partidos etc. Chance para dizer quem sou, de onde venho, o que pretendo e quem me acompanha. É maratona de abordagem do eleitorado.
Um detalhe me chamou a atenção nos primeiros dias de exposição plena dos candidatos em Rio Branco. Anotem. Ao dispor sobre as regras para propaganda na majoritária ou proporcional, o Art. 6º , § 2º da Lei das Eleicoes (Lei 9.507/97), determina que na propaganda para eleição majoritária (Prefeita (o), Vice-Prefeita (o), a coligação usará, obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas de todos os partidos que a integram. Como se vê, há uma obrigatoriedade para que os candidatos identifiquem com clareza a sim mesmos, a coligação e os partidos que integram a dita cuja, o que parece bastante razoável tendo em vista a necessidade de esclarecer a opinião pública. Até aí tudo certo, o problema é quando determinada coligação se esforça para contornar a regra e esconder as companhias, digo, a coligação.
Vejamos o caso do candidato do PTMDB Marcus Alexandre. Deem uma olhada em seus impressos e verão como abaixo.
O que há de estranho nessa propaganda? Ora, dá pra ver de cara que os partidos coligados foram todos limados em suas cores e representações gráficas verdadeiras. Estão todas brancas. As logomarcas do PT e do PC do B, por exemplo, além de minúsculas perderam a vibração cor de sangue, a identidade, a representação. A estrela petista antes usada de modo escancaradamente publicitário até no helicóptero do governo sumiu, está disfarçada de branco no meio da barafunda anêmica de letras e símbolos, por falta de tinta não pode ser.
Cada partido político tem uma logomarca registrada, com gabarito e tudo, onde estão discriminados tamanho, cores, composição etc. Isso ocorre para proteção do titular da marca, no caso o partido político, contra alterações e distorções de má-fé, ou seja, a LOGO é a mais eficiente identidade visual do partido. Quem não reconhece a estrela do PT? A marca foi tão massificada que todo vivente brasileiro com mais de 10 anos liga uma coisa a outra. Acho mesmo que a alteração pelo próprio PT de sua Logo na propaganda do candidato da sua coligação, assim como as dos outros partidos, faz razão de pedir em juízo pois, neste contexto, a coligação, obrigatoriamente revelada, está sendo ilegalmente disfarçada. Se a revelação da coligação é obrigatória para que o eleitor a identifique, manobras desse tipo, que visam esconder e confundir a identidade dos partidos significam burla.
É claro que algo assim não ocorre por acaso. Tem origem no markerting eleitoral que contabilizou o ônus de atrelar a candidatura ao petismo histórico do candidato, ao comunismo mofado de seu sócio mais antigo e ao psolismo woke do seu puxadinho. É, portanto, uma tentativa de grudar na face de seu candidato uma máscara mais limpinha, menos esquerdista, uma falsa neutralidade ideológica o que só cabe em cabeças vazias.
Outro sinal evidente do “assepsia” da candidatura de esquerda é a ausência, desde o seu lançamento, das principais personagens esquerdistas. Aonde foram parar os líderes petistas, comunistas e psolistas? Em outros tempos, uma candidatura apoiada por toda a esquerda, jamais dispensaria a presença de Lula da Silva e todo o seu “entourage”, aí incluindo ministros e chefes partidários, isso serviria de potencialização do eleitor e afirmação da campanha face ao apoio presidencial. Será que estão guardando todo esse arsenal de personalidades para a propaganda na TV? Duvido.
Pelo andar da carruagem, coligação, marqueteiros e mídia associada esconderão o vermelho nas cuecas. Estão determinados a manter até o fim o embuste eleitoral de um candidato clean, sem passado político, centrista (seja lá o que isso signifique), asséptico, distante de polêmicas, com os olhos concentrados na pintura e nos buracos das ruas e das calçadas de Rio Branco, um poste ideológico que não tem preferência em Brasília, que não se incomoda com a pauta moral, que não se liga na censura, que não tem a ver com o aumento dos impostos e assim por diante. É como se estivéssemos para eleger o gari e não o prefeito da capital.