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Vem aí o café Sena Madureira, mais um projeto ousado do agronegócio na bacia do Iaco

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Sena Madureira, distante 140km de Rio Branco, começa a virar um achado para o agronegócio. Lá, tudo, ou quase tudo, o que se planta, dá, para lembrar Pero Vaz de Caminha em sua carta a Dom Manuel, Rei de Portugal, logo após descobrirem o Brasil. Além do caju, que já abastece o mercado do Acre com polpa e a própria fruta, mais a castanha, vem aí o café. Isso mesmo. Um experimento feito em uma terra no ramal Cassirian, a 15km da cidade, promete colocar o Vale do Iaco na rota de um comércio que, no Acre, até agora, só foi explorado no município de Acrelândia. 

O ambiente para a colha da primeira safra do café em 2023 está pronto. Foram plantados 40 mil pés da marca conilon numa área de 10 hectares, tudo dentro dos padrões técnicos, com separação de DNA e tudo o mais, além do distanciamento e sistema de irrigação. Nesse momento o plantio ganhou a primeira flora, inclusive. De longe é possível sentir o perfume das flores que, segundo o doutor em fitotecnia Christian Carcia, responsável técnico pelo experimento, começam a “namorar” umas com as outras, numa polinização particular dessa cultura.

O agricultor que apostou nessa ideia cujo risco de sucesso é grande é o próprio prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (MDB). Criado na roça, segundo se orgulha de falar, Mazinho fez as contas e contratou as pessoas certas para coordenar a plantação e cultivo do café em uma região até agora pouco conhecida quando se fala em produção agrícola, o Iaco. Ele prevê, com o lucro do negócio, uma aposentadoria pouco modesta para daqui a cinco anos, no máximo. “Mas tem que ter ousadia, coragem”, diz ele, que está incentivando outros munícipes a entrar no mesmo ramo. “Como prefeito eu precisava meter a cara, como incentivo”, diz um Mazinho cheio de esperanças com o agronegócio no Acre.

O plantio de café feito pelo prefeito Mazinho Serafim já emprega diretamente 30 pessoas, além de incontáveis beneficiados indiretamente. Essa mão de obra é utilizada na encheção de sacolas com barro e adubo, inserção de brotos nesses viveres, além da limpeza do cafezal e sua poda. Maioria dessas pessoas beneficiadas são pequenos agricultores da região, que sobrevivam de forma subexistente até pouco tempo. Para muitos deles a vida já melhorou com essa renda mensal garantida, trabalhando no “cafezal do Mazinho”, como se convencionou chamar o empreendimento nos seus arredores.

A primeira colheita está prevista para 2023. Os 10 hectares devem resultar em 1,5 mil sacas no ano dessa comodite brasileira, cujo valor de mercado depende da variação da bolsa de valores, mas sempre negociado em alta, desde as primeiras plantações no Brasil ainda colônia. A ideia do prefeito agricultor é dobrar o plantio em no máximo um ano, com objetivo claro de transformar aquela região em um celeiro no Acre.

Conheça o sistema de produção do café Conilon

O café Conilon é uma cultura de grande importância na agricultura brasileira e ocupa posição de destaque entre os produtos de exportação, além de contribuir para o emprego no campo

No Brasil, o café é um dos poucos produtos agrícolas cujo preço é baseado em parâmetros qualitativos, variando, significativamente, com a melhoria de sua qualidade. E, como não poderia deixar de ser, para a obtenção de um produto de qualidade, compatível com as exigências do mercado de café, é necessária uma série de cuidados que se inicia ao escolher a variedade que será utilizada e se estende no decorrer da condução da lavoura, nos tratos fitossanitários, na nutrição adequada das plantas e, principalmente, na colheita e no processamento pós-colheita do café.

O café Conilon (Coffea canephora) é uma cultura de grande importância na agricultura brasileira e ocupa posição de destaque entre os produtos de exportação, além de contribuir para o emprego no campo. Sendo assim, destaca-se como uma excelente alternativa para aqueles que pretendem iniciar nesse ramo de produção.

No entanto, “apesar da importância social e econômica e dos avanços tecnológicos gerados pelas pesquisas nas áreas de melhoramento, adubação, manejo, irrigação, adensamento, pragas e doenças da cafeicultura do Conilon, a produtividade média nacional ainda é baixa”, afirma o professor Romário Gava Ferrão, do curso Como Produzir Café Conilon, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Para a obtenção de um produto de qualidade, compatível com as exigências do mercado de café, é necessária uma série de cuidados que se inicia ao escolher a variedade que será utilizada

Essa baixa produtividade e a qualidade insatisfatória estão relacionadas aos problemas de implantação, condução, colheita e pós-colheita, escolha e preparo da área, espaçamento, cultivares, nutrição, poda e desbrota, seca, vento, erosão, broca, época de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento.

Faz-se necessário, então, que os produtores conheçam e coloquem em prática alguns mecanismos de produção a fim de melhorar o manejo da cultura e aumentar sua produtividade. Consequentemente, não só o produtor, mas sim todos os envolvidos nessa prática, desde a sua produção até o consumidor final, saem ganhando.

A começar, o produtor tem de saber que a instalação de uma lavoura de Conilon deve ser feita usando-se, preferencialmente, as variedades clonais. Entretanto, o uso de sementes provenientes de plantas selecionadas pode ser uma alternativa na falta de mudas de variedades clonais.

As mudas de café Conilon podem ser formadas através de sementes ou de estacas, que originam os clones. Em ambos os casos o material de propagação deve ser proveniente de plantas matrizes produtivas, sadias e com características agronômicas superiores, de preferência originadas de Instituições de Pesquisa.

No entanto, a variedade clonal, quando oriunda de um trabalho prévio de seleção de plantas matrizes, apresenta as seguintes vantagens em relação à de sementes:

– Maior produtividade;

– Melhor qualidade do grão;

– Ciclo diferenciado de maturação;

– Programação escalonada de colheita;

– Maior uniformidade de maturação; e

– Maior produtividade na primeira colheita.

O número de plantas por área e a sua distribuição apropriada no terreno passam a influir diretamente sobre a produtividade e sobre a operacionalidade dos tratos na lavoura, por um longo período

Espaçamento

Sendo o café uma planta perene, a escolha do espaçamento é fator importante. Assim, o número de plantas por área e a sua distribuição apropriada no terreno passam a influir diretamente sobre a produtividade e sobre a operacionalidade dos tratos na lavoura, por um longo período.

Escolha do local do viveiro

O local deve possuir boa topografia, ser de fácil acesso, sem umidade excessiva, ter facilidade de água para irrigação, não receber enxurradas de lavouras já formadas e livre de ervas daninhas problemas, como tiririca e grama-seda.

Recipientes

Os mais usados são as sacolas plásticas com 10 x 20 x 0,006 cm, devendo apresentar furos em sua metade inferior para drenar o excesso de água em terra arenosas, deve-se tomar maior cuidado com o manuseio das sacolas plásticas.

Substrato

O substrato é o meio onde a muda se desenvolve. Como substrato, pode ser usada uma mistura de terra, matéria orgânica e adubos químicos ou um substrato comercial pronto. Os substratos específicos para mudas de café são encontrados com facilidade no mercado.

Viveiro

Para formar mudas a partir de estacas, é necessário mantê-las em ambiente úmido, principalmente durante o período inicial de enraizamento. Existem dois sistemas que podem ser utilizados:

– Viveiros especiais com microaspersão; e

– Estufins.

O armazenamento em tulha deve ser feito a granel, havendo necessidade de vários compartimentos para que os cafés de origem e qualidade distintas sejam armazenados separadamente

Plantio

O plantio deve ser feito durante o período chuvoso. Quanto mais próximo ao final das chuvas, maior a probabilidade de perdas no plantio. O plantio deve ser realizado com mudas que tenham de três a cinco pares de folhas, convenientemente aclimatadas, e o solo deve estar úmido. O plantio é feito, abrindo-se covetas nas covas anteriormente preparadas, colocando-se o colo das plantas ao nível do solo, evitando-se o engrossamento do caule, devido ao “afogamento” das mudas.

Irrigação

Apesar das grandes vantagens da irrigação na lavoura cafeeira, deve-se ter sempre em mente que a irrigação é a última tecnologia a ser empregada. Primeiro, vem a escolha de um bom material genético. Segundo, a abertura de covas e o uso adequado de fertilizantes no plantio, de acordo com recomendações técnicas. Depois, vêm as adubações de cobertura, tratos fitossanitários, podas de condução e, finalmente, a irrigação.

Colheita

Em qualquer método de colheita adotado, deve-se:

– Evitar o “verde” que, não tendo completado a sua maturação, é um fruto imperfeito, pesa menos e se constitui num defeito. Por outro lado, o fruto verde, quando submetido à altas temperaturas na secagem, origina o “preto-verde”, que constitui defeito ainda mais grave. Quando se colhe com 50% de frutos verdes, perde-se aproximadamente 12,9% em peso;

– Tomar cuidado com a broca, pois os grãos brocados constituem defeito. A colheita do Conilon é sempre feita manualmente, não sendo utilizada a colheita mecanizada. Ela pode ser feita através da derriça no pano e colheita na peneira.

Derriça no pano ou lona

O café é derriçado no pano ou lona, previamente colocado sob os pés de café, evitando o contato dos frutos com o solo. Evitam-se, com esse sistema, as impurezas tais como pedras e torrões e, também, a mistura com grãos já caídos anteriormente.

Colheita na peneira

Consiste em colher o café em peneiras, as quais são presas à cintura por meio de um “correião”, deixando as mãos livres para o trabalho de colheita. Este método apresenta as mesmas vantagens da derriça no pano.

Armazenamento

Terminada a secagem, o café em coco ou pergaminho (despolpado) é conduzido às tulhas, que nada mais são que compartimentos impermeabilizados de alvenaria ou madeira. As tulhas devem ser bem ventiladas e possuir iluminação adequada, além de impedir o acesso de umidade e de respingos de chuva. O armazenamento em tulha deve ser feito a granel, havendo necessidade de vários compartimentos para que os cafés de origem e qualidade distintas sejam armazenados separadamente.

Beneficiamento

O beneficiamento é a operação que tem por finalidade separar a casca seca do grão de café. Pode ser feito em máquinas chamadas “máquinas de benefício” e se compõem das seguintes peças:

– Bica de jogo – faz a limpeza;

– Catador de pedras;

– Descascador (em geral com a sururuca conjugada); e

– Classificador.

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