POLÍTICA
Vizinha do Acre, Bolívia tem novo presidente e ele é de direita: Rodrigo Paz
Rodrigo Paz foi eleito presidente da Bolívia neste domingo (19), encerrando um ciclo de 20 anos de governos de esquerda liderados pelo Movimento ao Socialismo (MAS). Com 54,5% dos votos válidos e mais de 91% das urnas apuradas, o candidato do Partido Democrata Cristão superou o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga no segundo turno — o primeiro da história democrática do país.
A eleição de Paz ocorre em um momento delicado para a Bolívia, que enfrenta sua pior crise econômica em quatro décadas. A inflação ultrapassa os 23%, há escassez de combustíveis e longas filas por alimentos subsidiados se tornaram parte do cotidiano da população. Esse cenário de instabilidade econômica e o desgaste do MAS foram determinantes para a vitória da oposição.
Rodrigo Paz, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, apresentou uma proposta de governo centrada no pragmatismo. Seu plano inclui o fortalecimento das instituições judiciais, o combate ao crime organizado com apoio das Forças Armadas e o uso de tecnologias digitais. Na economia, defende um modelo que chamou de “capitalismo para todos”, que busca conciliar o incentivo à iniciativa privada com a manutenção de programas sociais.
Nas relações internacionais, Paz sinalizou que pretende manter a Bolívia no Mercosul e no Brics, e reforçou a importância do Brasil como parceiro estratégico, apesar de diferenças ideológicas com o governo Lula. Também defendeu uma aproximação pragmática com os Estados Unidos, afirmando que “ideologias não colocam comida na mesa”.
Fora da disputa, o ex-presidente Evo Morales, alvo de um mandado de prisão por suposto envolvimento em tráfico de menor — acusação que ele nega —, incentivou o voto nulo e criticou os dois candidatos finalistas, afirmando que nenhum deles representa o movimento popular.
Com a vitória de Rodrigo Paz, a Bolívia inicia um novo capítulo político, marcado pela promessa de reconstrução econômica e institucional. O vice-presidente eleito, Edman Lara, já se prepara para assumir as funções ao lado de Paz, com foco imediato na recuperação do país.