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CULTURA & ENTRETENIMENTO

Ivan Campos, o artista acreano que pinta a natureza e a exuberância da floresta amazônica com riqueza de detalhes

Seus quadros são tão detalhistas que algumas gravuras, de bichos e insetos, só são possíveis de serem admiradas com o uso de lupas

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Por Tião Maia, para AcreNews

Quando rabiscava seus desenhos em pano, lençóis ou guardanapos, cujas gravuras seriam cobertas com pintura por sua mãe, dona Gercina Braga Campos, já falecida, uma costureira e bordadeira de mão cheia, o hoje artista Ivan campos Moreira, de 62 anos, nem imaginava que ali começava sua principal profissão e atividade de um artista diferenciado e cujos quadros, na atualidade, ornam museus e coleções ao redor do mundo. No Acre, seu maior e mais marcante quadro, com sete metros, orna a entrada do gabinete do deputado Nicolau Júnior (PP), no terceiro andar do prédio da Assembleia Legislativa do estado do Acre (Aleac).  São quadros coloridos nos quais aparecem de forma exuberante o emaranhado da floresta amazônica nos quais o verde é predominante.

Se o quadro na Aleac é grande no tamanho, é tão cheio de detalhes que tão pequenos, alguns deles tão caprichosamente minúsculos, uma das características da obra do artista, os quais, para serem observados por quem admira a arte, é preciso o uso de uma lupa. Ali estão, entre a reprodução do cipoal e da selva amazônica, minúsculos macacos, beija-flores, sapos, cobras, insetos e pássaros diversos – tudo aquilo que compõe a beleza da fauna e da flora da diversidade da maior floresta tropical do mundo.

Nada, por menor que seja o detalhe, escapa à observação do olhar na criação deste acreano nascido em Rio Branco, filho mais velho do lendário radialista Cícero Moreira, também já falecido. Ivan Campos conta que aprendeu a desenhar, mesmo em pequenos detalhes, lendo gibis, ainda quando criança. Quanto à floresta e seus detalhes, ele passou a se inspirar, diz, na época em que tomava Daime, que ele chama de vegetal, sua grande fonte de inspiração. Há algum tempo, ele revela, deixou de tomar a bebida apontada por seus adeptos como sagrada e base de doutrina religiosa genuinamente brasileira e surgida no Acre, através do maranhense Irineu Serra, que chegou ao Acre no início do século passado e faleceu em Rio Branco nos anos 70. Sem explicar as razões, Ivan Campos diz que já a algum tempo não ingere a bebida nem participa de seus rituais. Também não está pintando ultimamente. Além de não haver encomendas de novos quadros, lhe falta a inspiração.

“Acho que essa pandemia me tirou toda inspiração. Às vezes, quero pintar, mas não me vem nada na cabeça, a chamada inspiração. Estou assim desde o início da pandemia”, diz o artista, que contraiu o vírus mas conseguiu se curar. Ainda com medo, apesar de vacinado contra a Covid-19, vive isolado coma família na casa em que mora, no bairro Baixada da Habitasa, área central da capital.

É ali, quando inspiração havia, que ele usava parte da residência como seu ateliê e local de trabalho. Foi ali que ele levou pelo menos um ano pintando o quadro que orna a entrada do gabinete do presidente da Assembleia. O quadro – que não tem nome e nem o artista gosta de batizar suas obras – foi encomendado na época em que o presidente da Aleac era o deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), o qual decorou os salões e gabinetes da sede do Legislativo estadual com obras de vários outros artistas. O quadro de Ivan Campos Moreira, ele revela sem pedir segredo, custou na época R$ 50 mil.             

Mesmo que aqui e acolá alguns quadros possam render um bom dinheiro, de acordo com Ivan Campos, é praticamente impossível viver só da arte de pintar. Além de artista plástico, Ivan Campos é funcionário da RBTrans, autarquia da Prefeitura Municipal de Rio Branco, pela qual espera poder se aposentar e, quando a inspiração voltar, se dedicar integralmente à pintura.

Assim como não põe nomes em seus quadros, Ivan Campos não sabe definir também sua própria arte. “Eu não sei. Amigos meus, que também são artistas, dizem que meus quadros fiam no campo do impressionismo”, define.

Seja qual for a definição, o fato é que a arte de Ivan campos tem um forte apelo à Natureza e a necessidade de sua preservação, inclusive de seus bichos e plantas. Ele tem tanto cuidado em relação à Natureza ao transportar suas imagens vivas para suas telas que, em seus quadros em que é mostrada a diversidade da floresta, há cuidados, por exemplos, para que não haja onças perto de macacos ou veados, jacarés perto de humanos, borboletas ao lado de sapos, beija-flor próximo a aves de rapina e assim por diante. “A Natureza não permite a mistura de antagônicos. Na floresta, é cada qual no seu lugar. É impossível mostrar um sapo ao lado de uma borboleta. Na natureza real, a borboleta vai ser engolida no ato”, diz.

O sonho de Ivan Campos Moreira é poder voltar a pintar em breve e organizar uma exposição pessoal. De exposição, aliás, ele participa desde que tinha 19 anos de idade, quando expôs pela primeira vez, mas nunca sozinho. “Acho que já era hora de fazer uma exposição pessoal”, admite ele, que tem quadros espalhados ao redor do mundo, na Europa, na Ásia e Estados Unidos, além de estar presente em diversas galerias brasileiras e coleções particulares. “Tenho orgulho disso”, admite.

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