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COLUNA DO EVANDRO | São as águas de março cobrindo a invasão, uma realidade histórica de Rio Branco

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O tema é cansado, mas obrigatoriamente recorrente, as famosas águas de março que inundam Rio Branco há décadas. É preciso partir do princípio de que a capital do Acre nasceu despropositadamente de uma parada do comerciante cearense Neutel Maia com seu vapor Apihy na sombra da Gameleira, ali na curva da cobra grande, segundo distrito. Essa parada, por volta de 1882, apesar das controversas de historiadores, determinaria a localização da polis mais importante do então futuro Estado do Acre.

Imagine que naquela época o primeiro distrito era uma selva, provavelmente uma restinga na região alta, onde hoje fica o Palácio, toda cercada por baixos brejados, só conhecidos mais tarde, com o avanço das vias estruturantes e onde atualmente está a maioria dos bairros. A capital estava estabelecida alguns anos depois, já no século XX, sobre um terreno acidentado, irregular. Mas, isso não seria tanto problema ao menos até por volta dos anos 1970, período em que o povoado não passava do centro velho, bairros Bosque, Cadeia Velha, Aviário e Estação Experimental.

Do meio pro final daquela década, no entanto, com o fim do último ciclo da borracha, muitas famílias deixaram os seringais para procurar abrigo na cidade, apesar da ideia colocada em prática pelos generais que governavam o país, de colonizar antigos seringais para segurar na zona rural os extrativista. Pouco adiantou. Mesmo quem foi contemplado com pequenas colônias, ficou lá pouco tempo. Diante de uma avaliação simplória, esse processo ‘inchou’ a capital.

Na virada da década 1970 para a de 1980, catapultados por movimentos comunitários, azeitados por políticos, explodiram as invasões e Rio Branco crescia vertiginosamente  como “rabo de cavalo”, segundo declarou à época o então prefeito Adalberto Aragão, “para baixo”, explicou o alcaide.

Na década seguinte um engenheiro urbanista chamado Roberto Feres foi contratado para fazer um estudo – e fez, mas nenhum Governo levou adiante as ideias do profissional, que acabou passando em concurso para a Polícia Federal, deixando para trás um belo trabalho sobre a viabilidade de uma capital sem os infortúnios das cheias anuais, pelo menos.

O resultado desse desinteresse é a repetição de imagens, fotos e depoimentos todos os anos, quando as águas de março cobrem as invasões. Virou cultura. Para potencializar ainda mais as cheias, os ‘melhoramentos estruturantes’, como pavimentação, somados a pouca drenagem, fazem da parte baixa de nossa capital um gatilho puxado, agora disparando em altíssima velocidade. Ao invés daquelas enchentes que vinham os poucos, subindo a centímetros, com tempo para resgatar potenciais vítimas, vivemos um fenômeno chamado de repiquete.

Qualquer chuva faz os igarapés transbordarem em minutos, deixando um rastro de destruição e prejuízo. Algumas ideias circulam por aí para amenizar essa catástrofe anual, como a do senador Márcio Bittar (UB), de fazer desvio do rio Acre, com objetivo de salvar ao menos o segundo distrito, mas são projetos muito caro, improváveis de serem comprados pelo Governo Federal.

O atual governador, Gladson Cameli (PP), tem um coração mole. É comovido com o povo, mas o Estado que administra vive de FPE, o Fundo de Participação estabelecido pela Constituição, suficiente apenas para a folha do servidor e o atendimento às pessoas. Grandes obras precisam da nação. Tipo assim: é tarde demais. Neutel Maia estacionou no lugar errado.

A vice-prefeita Marfisa Galvão (PSD) e o governador Gladson Cameli, debaixo de chuva, conduzindo as equipes de apoio: só tem essa alternativa pra eles, o coração
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