GERAL
Novo documentário mostra a tradição musical surgida nos seringais do Acre
O baque reúne a musicalidade dos migrantes nordestinos e indígenas da região e segue vivo na cidade de Tarauacá
O documentário Baque do Santo – Festa, Farra e Forró na Amazônia, lançado no final de 2023 e disponível no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=Y-oIcPGXau4), resgata uma tradição musical emergida no ciclo da borracha.
Com o nome de baque do Acre, o ritmo surge do encontro de seringueiros que vieram do Nordeste para extrair o látex com a musicalidade indígena da fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia.
O curta-metragem de 27 minutos vai até a cidade de Tarauacá, por onde passa a BR-364, que liga a capital Rio Branco a Cruzeiro do Sul. O lugarejo surgiu justamente de um seringal.
Numa das casas de madeira típica amazônica ocorre o Baque do Santo. É na casa de Santinho que a tradição é mantida, trazida das chamadas colocações de seringueiros no interior da floresta amazônica.
Para tocar o baque, têm o violão, cavaquinho, sanfona, triângulo (nas colocações de seringueiros usava-se no lugar duas colheres, para produzir um som percussivo), tambor, pandeiro e xeque-xeque (ganzá). A festa ocorre com dança e comida.
O filme entrevista mestres e mestras que contam como o baque havia se estabelecido nos seringais da região – e mantidos atualmente nas cidades amazônicas, como Tarauacá, para onde se mudaram os seringueiros com a diminuição da exploração da borracha.
O baque ocorre por meio de composições próprias dos músicos do ritmo, que retratam a realidade local. Ele tem forte influência do forró, proveniente dos nordestinos que se dirigiram aos seringais do Norte do país para trabalhar e fugir da seca. O acento percussivo parece seguir o tom ritualístico indígena.
O documentário Baque do Santo – Festa, Farra e Forró na Amazônia é um registro e tanto e fala da floresta no seu âmbito cultural, algo ainda pouco divulgado e conhecido.
O filme tem direção musical, argumento e pesquisa de Alexandre Anselmo dos Santos, e direção e roteiro de Rafael Batista, integra o Plano Nacional de Salvaguarda das Matrizes Tradicionais do Forró e foi realizado pelo Iphan-AC, em parceria com diversas instituições do Estado.