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GERAL

Acreano realiza jornada do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, e conta de próprio punho as emoções

Publicado

em

Evandro Cordeiro

A caminhada mais famosa do mundo, o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, é uma aventura para poucos, no mundo. Um acreano, nascido em um seringal de Xapuri, fez a rota recentemente e conta de próprio a aventura que outros brasileiros famosos fizeram, entre eles o escritor Paulo Coelho e a jornalista Glória Maria. Ele é José Batista, 64 anos, um piloto de Boeing que trabalhou nas principais companhias aéreas do Brasil, hoje aposentado e morando em Brasília.
A seguir ele narra a caminhada:

Nas asas de um avião Airbus 330 eu parti rumo ao desconhecido, onde o luxo da classe executiva contrastava com o árduo desafio que me aguardava. Desembarquei, respirei o ar fresco da jornada iminente; enfim, iniciei a caminhada de quilômetros e quilômetros sob um frio intenso e nevasca e mais nevasca, até a mudança para um sol inclemente, com os pés cansados e o espírito resiliente. Os mosteiros me acolhiam à noite, entre estranhos que logo se tornavam companheiros de jornada, partilhando histórias e silêncios.

Cada passo era uma descoberta, um mergulho no meu próprio ser, uma conversa silenciosa com a minha alma. As pedras antigas testemunhavam a minha determinação, os meus desafios e as minhas conquistas. Dormir em belos mosteiros centenários, compartilhando quartos simples com peregrinos de todos os cantos do mundo, unidos por um propósito comum e uma busca interior incessante.

Os dias se sucediam, desafiando meus limites físicos e emocionais, a dor nos músculos ecoando o crescimento da mente e do espírito. Caminhar, sempre caminhar, rumo a Santiago, a cidade mágica que aguardava com promessas de renovação e reflexão. Finalmente, depois de 776 quilômetros, ao adentrar a imponente catedral, a emoção embargava minha voz, testemunhando a missa solene em homenagem ao santo padroeiro, agradecendo pelo caminho percorrido e pelas lições aprendidas.

O almoço, em um mosteiro milenar era o culminar de uma jornada épica, saboreando alimentos simples carregados de significado e gratidão. Ali, entre paredes que guardavam milênios de história e devoção, eu percebi que havia me transformado. Voltar para casa, para a rotina mundana, para o trabalho diário, já não seria o mesmo. A experiência havia tingido minha alma com novas cores, minha mente com novas perspectivas, minha vida com um significado mais profundo e misterioso.

E assim, eu retornei, carregando comigo o peso leve de quem sabe que, embora seja o mesmo por fora, por dentro trazia um tesouro inestimável: a jornada do Caminho de Santiago de Compostela.

Quem é o comandante Batista? O Acrenews contou a história dele em 2020; veja a reportagem da época

Quando o comandante Batista recebe pelo rádio a autorização da torre de controle para iniciar o deslocamento do gigante Airbus A330 da LATAM de qualquer aeroporto do Brasil, onde trabalha atualmente, quase sempre passa um filme na cabeça dele. É que no comando daquele avião enorme, geralmente lotado de passageiros, vai um sujeito que está ali por uma extraordinária junção de força do destino com a persistência de quem decidiu correr atrás de sonhos. O comandante Batista é, na verdade, José Sebastião Batista da Silva, um dos 11 filhos do seu Pedro Pereira da Silva e da dona Ilda Batista, um acreano daqueles do famoso pé rachado, nascido no seringal Santa Fé, município de Xapuri, em 1960. Além das dificuldades naturais de uma família numerosa cujo patriarca tinha a frugal profissão de seringueiro, Batista sofre vários outros golpes da vida, sendo o maior deles a perda prematura da mãe para um câncer, em agosto de 1971. O destino parecia fechar as portas para aquele garoto fransino, empalidado pelo sol inclemente da colônia, que queria estudar a qualquer custo para escapar daquele destino comum dos filhos de extrativistas. É em meio ao caos que ele encontra força para virar um forest gump em busca de sonhos. A corrida valeu a pena. Ele é hoje um dos mais prestigiados pilotos do Brasil, com larga experiência internacional, conhecido como comandante Batista, dono de um currículo acadêmico invejável e de uma carreira que orgulha a empresa onde trabalha, orgulhou o Brasil quando esteve lá fora, pilotando aviões para uma companhia chinesa, e principalmente seus conterrâneos do Acre, terra para a qual ainda pensa em voltar em definitivo e para onde vem sempre que está de folga.
O comandante Batista pilota na atualidade os mais modernos aviões da LATAM, além de dar aulas em uma faculdade de Ciências Aeronáuticas. Já trabalhou na China e morou em várias cidades do mundo, claro por pequenos períodos, mas sua base mesmo é Brasília, onde é estabelecido desde 1984. Tem uma bela casa, carros e a moto dos sonhos. Os filhos, Paulo Eduardo, Julia e Letícia, já estão encaminhados na vida. O garoto como copiloto da mesma empresa onde o pai trabalha, e as meninas uma, Letícia, cursa medicina em Brusque, e a outra psicologia na PUC de Joinville, Santa Catarina. Mas para atingir esse patamar na vida teve uma longa estrada, cheia de atoleiros.

José Batista nasceu no seringal Santa Fé, em Xapuri, em 1960. Quando tinha dois anos a família se mudou para uma colônia no cinturão verde da então Vila Epitaciolândia, hoje um próspero município na fronteira do Brasil com a Bolívia. Aos 7 foi matriculado na escola Brasil Bolívia, ainda em funcionamento até hoje. Em 1969 a família vai para Rio Branco em busca de melhoras. A mãe do hoje comandante Batista, dona Ilda, morre de câncer em 1971. Deixa 11 filhos sob a responsabilidade do seu Pedro. Ele decide voltar para o seringal. Distribuiu a garotada na casa de parentes e volta com os três filhos mais velhos. Se apossa da colocação laranjeiras. Não demorou nada e o seringal é vendido para fazendeiros. O pai de Batista decide voltar para Rio Branco, em um tudo ou nada em favor do futuro dos filhos. Já era 1974, plena Copa do Mundo. “Eu ouvi duas copas do mundo seguidas. A de 1970 e a de 1974, porque nas duas a gente estava em Rio Branco, sempre recém-chegando”, lembra Batista.

O COMANDANTE QUASE VIRA JORNALISTA

A volta à capital parece ainda não prometer muito. José Batista, já garotão, precisa trabalhar. Sem estudo, sem influência e sem outra opção, vai engraxar sapatos ali pelo centro de Rio Branco, baseado na avenida Epaminondas Jácome. Era esperar um pouco para ver no que ia dar, segundo o próprio Batista. Em 1978 melhora de vida. Consegue o primeiro emprego formal. É contratado pelo ainda nem inaugurado jornal A Gazeta do Acre. É orgulhosamente um “faz tudo”. Depois que o jornal inaugurou, Batista também acumulou a função de entregador. Um dia, na ausência de repórteres, quase virou repórter. A ponte metálica Juscelino Kubitschek caiu, no final de 1978. Ele foi mandado ao local para colher as informações. “A polícia não deixou. Exigiram meus documentos de jornalista. Eu não tinha. Voltei pro jornal. Mais tarde o governo mandou a versão oficial e minha informações foram dispensadas”, conta o episódio que quase o transforma em jornalista.

No ano seguinte José Batista se apresenta na 4° Companhia para servir ao exército. É selecionado e três meses depois é mandado à Manaus para fazer o curso de cabo armeiro. Lá, longe da família, e morando em um alojamento quente, decidiu estudar nas madrugadas. “Resultado: acabei sendo o primeiro colocado no curso”, conta. De volta ao Acre, já com a dívisa de cabo e fama de 01, Batista ganha um prêmio pelo feito que mudou seu destino: o direito de se inscrever para um curso de sargento. É enviado para Belém. Formado sargento, volta para o Acre e é mandado para servir em Guajará Mirim. Lá conheceu um colega sargento que no alojamento não tinha outro assunto senão as lamúrias pela frustração de ter iniciado, mas não concluído, o curso de piloto de avião. Falta de dinheiro e a idade de 40 anos encerraria o sonho daquele amigo, mas acendia a chama no coração do sargento Batista.

Segundo o próprio Batista, o sonho de ser piloto estava plantado em seu coração, mas igual ao colega frustrado lhe faltava o fundamental: dinheiro. Chegou a hora de ousar. Batista pede baixa do exército e se muda para Brasilia, perto do aeroclube. Para juntar dinheiro e pagar o curso Batista tem a ideia de montar um restaurante. Junta o dinheiro, paga o curso e vira piloto em 1984. Passa um ano lecionando no clube, até arranjar o primeiro emprego na Total Linhas Aéreas, uma então promissora empresa de aviação de Minas Gerais. Fica um ano e vai para a Transbrasil até esta falir. É contratado pela Gol. Com a crise da aviação no Brasil em meados de 2010, faz o caminho de muitos pilotos brasileiros: vai para a China. Batista aparece em uma reportagem do Fantástico em entrevista à repórter Sonia Bridi, que mostra a saga de pilotos naquele mercado. Como nunca esquece o Acre, fez um pedido a repórter, que ela mencionasse a naturalidade dele. Ela cumpriu. Contou que José Batista saiu de Xapuri, no Acre, para voar nos céus da China. “Adoro meu Acre e tenho orgulho de dizer que nasci lá”, diz ele. No momento Batista tem feito vôos para Miame, nos Estados Unidos, mas a rotineira tem sido na América do Sul. Caracas, na Venezuela, Santiago, no Chile, além de Argentina, tem sido as linhas mais frequentes do comandante Batista, aquele que um dia foi o piloto de avião mais improvável do Brasil, por ter nascido de família humilde dentro da selva do Acre. “Sonho é para se buscar”, entusiasma ele outras pessoas em suas palestras ou aula no Cespe, em Brasília, onde é professor com mestrado em segurança de vôo.

O comandante Batista no manche do Airbus; com o jornalista Alexandre Garcia, seu amigo pessoal; na famosa foto de lembrança escolar; e pilotando com o filho, o copiloto Paulo Eduardo, no Dia dos Pais, trabalhado juntos pela primeira vez para ilustrar uma campanha publicitária da companhia; as filhas Letícia e Julia.

O que é o Caminho de Santiago de Compostela; Como fazer a jornada

O Caminho de Santiago de Compostela se firmou como uma das rotas mais famosas de peregrinação e turismo religioso do mundo por diversos fatores.

Como se não bastasse a importância de um trajeto que leva até os restos mortais de um dos apóstolos de Cristo, São Tiago, o roteiro passa por cenários encantadores da Europa, incluindo vilarejos medievais, florestas, litoral e morros.

Se você pretende se juntar às mais de 350 mil pessoas que exploram o percurso todos os anos, este é o artigo certo para você!

Ao lado de destinos considerados sagrados, como Hajj, onde fica a Meca dos muçulmanos, ou Roma e Jerusalém, para os cristãos, o Caminho ou Caminhada de Santiago de Compostela é um dos maiores roteiros de turismo religioso do mundo.

Motivo para isso não falta: estendendo-se entre França, Espanha e Portugal, a rota oferece inúmeras possibilidades turísticas a seus peregrinos, especialmente por passar por cenários tão bonitos.

Os caminhos francês e espanhol, por exemplo, são tombados como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, enquanto o caminho português passa pelas cidades mais importantes do país, incluindo Lisboa e Porto.

O fiel só não pode deixar para fazer seu planejamento na última hora, pois estamos falando de um roteiro extenso, que pode ser particularmente exaustivo, sobretudo para os viajantes despreparados.

Afinal, você vai percorrer morros, trechos de mata, litoral e vilarejos de origem medieval até chegar ao ponto final de uma jornada que pode te transformar por dentro!
O Caminho de Santiago de Compostela é um trajeto de turismo religioso que leva os fiéis até a Catedral de Santiago de Compostela, na cidade de mesmo nome, na Espanha.

O motivo por trás da devoção das centenas de milhares de pessoas que percorrem o roteiro é quem foi Santiago de Compostela.

Também conhecido como Santiago Maior, São Tiago foi um dos 12 apóstolos de Jesus Cristo, morto em 44 d.C., em Jerusalém.

Qual a história do Caminho de Santiago de Compostela?

A história do roteiro de peregrinação começou no século IX, quando um camponês descobriu, por acidente, o túmulo do apóstolo São Tiago.

Desde então, fiéis de todos os cantos da Europa passaram a se deslocar até a região onde foi sepultado o discípulo cristão.

Três séculos depois, a Igreja Católica enfim reconheceu a área de descoberta da tumba como centro de peregrinação, fomentando ainda mais o turismo religioso na hoje chamada cidade de Santiago de Compostela.

Os restos mortais de São Tiago, porém, nunca foram remetidos ao Vaticano e estão até hoje depositados na catedral da cidade!

Não existe apenas um Caminho de Santiago, mas todas as rotas levam ao mesmo lugar: a cidade de Santiago de Compostela, na região da Galícia, no noroeste da Espanha, pertinho da costa atlântica do país.

A partir da capital espanhola, Madri, o trajeto tem pouco mais de 600 km de extensão. Se você está saindo de Lisboa, em Portugal, o percurso se estende por 540 km, enquanto a partir de Porto a distância é de apenas 230 km.

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