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Política & Economia

Advinha de quem Valterlucio Campelo se refere em artigo ao escrever, em terceira pessoa, que pegou o Acre um caos e vazio e o transformou no melhor lugar pra se viver?

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Eu sou lindo, maravilhoso, fodástico.

Antes de mim era o caos, o Acre não tinha forma e era vazio de coisas boas. Então, vendo toda aquela tragédia, eu decidi intervir e colocar meu gênio a serviço do propósito de transformar o Acre no melhor lugar para se viver na Amazônia. Sem nenhum interesse pessoal, sem enriquecer a mim mesmo nem aos meus amigos, nem a minha família, sem roubar nem me aliar aos ladrões federais, me pus a trabalhar intensamente, porque eu sou assim, intenso em tudo o que eu faço.

No primeiro dia, eu fiz a luz. Coloquei luz para todos, em todos os lugares, em todas as colônias e colocações, para que o povo pudesse ver o mundo e admirar minha beleza. Com a luz eles também podiam ver televisão, ler bons livros de Paulo Freire que meu ministro da educação deu para os jovens aprenderem sobre empreendedorismo e, também, para se divertirem vendo as novelas maravilhosas da Globo.

No segundo dia, eu fiz as estradas que não existiam e coloquei as pessoas para se comunicarem e fazerem trocas e escoarem seus produtos e enriquecerem. Hoje exportamos frango, suínos, gado, soja, tudo ecológico, sem desmatamento, tudo da florestania. As pessoas passavam anos sem se verem, mas depois que eu assumi o controle, todas a estradas foram feitas, os ramais eram mesmo que asfalto, a pavimentação foi da melhor qualidade e barato porque nóis é tudo honesto, a BR 364 ficou um tapete, a BR 317 ainda melhor, e todo mundo podia exportar, viajar e fazer turismo. Aproveitei e fiz todos os aeroportos para que as pessoas pudessem andar de avião para conhecer as praias. O acreano gosta de coisa bonita.

No terceiro dia, fiz as escolas, afinal, o melhor lugar do mundo precisa de lugares aprazíveis, ventilados, professores bem pagos, com muita tecnologia, internet, todo mundo tem que ser feliz, lazer e esporte para todos os alunos, merenda escolar de primeira e tudo de graça. Aprendi com o meu querido e inesquecível bispo dom Jacir que o importante é focar nas criancinhas fofinhas.

No quarto dia, fiz os hospitais. Saúde de primeiro mundo para todos, prevenção e atenção com os melhores médicos, os melhores equipamentos, tudo a tempo e a hora para que ninguém sofra uma dor. Cada dor num velhinho dói também no meu coração. Eu sou muito sensível.

No quinto dia, dei emprego para todo mundo. Quarenta mil só da primeira tacada para ninguém ter o que reclamar. Só parei de dar emprego quando começou a vir os paulistas, porque com paulista eu não me dou muito bem, eles são muito aproveitadores e devastadores.

No sexto dia, cuidei do saneamento. Esgoto e água tratada para todo mundo porque não faço diferença entre pobre e rico. Não suporto ver um esgoto correndo a céu aberto no centro da cidade, isso é inadmissível, minhas lágrimas quase enchem o canal da maternidade quando penso em crianças pegando doença por falta de esgoto.

No sétimo dia, não fui descansar não, isso é coisa de preguiçoso. Fui cuidar da segurança. O Acre não podia ser ocupado pelas facções, então fui duro e todo mundo hoje agradece que o Acre é o único estado onde as facções não penetraram. O tráfico passava por fora, lá para Rondônia que nunca foi pra frente, afinal, aqui estava todo mundo empregado, a felicidade reinava na floresta, as famílias dormiam de janelas abertas, éramos todos uma grande família.

No oitavo dia trabalhei também, porque para mim a semana tem é oito dias. Fui trabalhar no campo, resolver para sempre os problemas dos seringueiros. Chico Mendes não morreu. Se morreu, foi no coração de gente ingrata, eu o acompanhei durante anos, deixava ele ganhar no dominó, era tão bonito, enxerguei sua luta e resolvi realizar seu sonho. Por isso as reservas e os seringais são um paraíso, as casas têm taco no piso e tem camisinha até para a suçuarana. Quem diz que não, é porque não entende que a felicidade é um estado de espírito que não tem nada a ver com o saldo na conta.

Eu sou tão lindo que não sei o que estou fazendo aqui. O Lulindão já devia ter me escolhido para seu sucessor. Eu conheço o mundo todo, fui até na Kudoquistão, conheço a economia melhor que o Taxadd, conheço os santos mais do que o padre Julio Lançaleite, porque gosto de visitar as igrejas e orar pelo povo acreano, sei falar inglês, francês e já estou me virando no mandarim, aliás, na China, Xi Jimping disse que eu devia ser o lindão federal. O cumpanheiro Maduro também falou, o Maricron, até a o MC Oruam sabe que eu sou o mais lindo.

Infelizmente, fui agora dar uma volta no Acre e vi que está tudo de cabeça pra baixo. Tudo brega, tudo feio, tudo desarmonizado. Eu deixei tudo lindo, cheirando a novo, agora tem cheiro de esgoto no Canal. Como pode? Eu não entendo. O azul não combina com a floresta, tiraram aquele vermelho lindo (acho que vou nessa também). A culpa é do Bolsonaro, do Gladson e daquele tal de Bittar.

Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no  DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.

 

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