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Além de embelezar o cemitério São João Batista, as Mangueiras saciam a fome: Nutricionista faz alertas

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Por Wanglézio Braga / Foto: Wanglézio Braga

“São saborosas e matam a fome de muita gente aqui”. A frase é do jovem Romilson Silva, de 20 anos, desempregado, que aproveitou o “Dia dos Finados” para trabalhar como zelador de túmulos. Com a faca na mão e um pouco de sal numa sacola, a sua primeira refeição do dia estava garantida e ao seu alcance, entre as sepulturas, ou ainda diretamente nas copas das Mangueiras. 

Quem visita o principal cemitério da capital, o São João Batista, logo percebe que o lugar é cheio de mangueiras. Elas foram plantadas, ao longo dos anos, para oferecer sombra e também para deixar o ambiente mais leve. No mês de novembro, época da safra, muitos visitantes caem no dilema: Posso comer manga de cemitério?

Antes de responder a essa pergunta, nossa reportagem encontrou inúmeras pessoas comendo os frutos, saboreando, deixando a vergonha de lado. São na grande maioria trabalhadores que tentam ganhar um bico de zelador de túmulos, oferecendo capina, limpeza, pinturas e revitalizando lápides.

“Nem sempre temos dinheiro para comprar marmita, né? Aí, entre um trabalho e outro, caí uma manga, pegamos e comemos. No início, fica a dúvida se pode ou não comer, né? Mas, a fome é maior (…) Pra quem tá aqui desde a semana passada, trabalhando, e chega em casa cansado, sem muito dinheiro para comprar comida, as mangas salvam vida! Até nos fortalece para trabalhar, dando mais energia”, comenta Romilson.

Outro zelador comenta: “Se não comer, a gente morre de fome, né? Se comer, a gente morre também. Eu conheço gente que vem pra cá e pega sacolas de manga para revender. Outros, não compram quentinhas [marmitas] para economizar e acabam comendo as manguinhas. Outros levam pra casa para servir de alimento pras crianças (…) O chato é que tem muito preconceito nisso! Tem gente que chega e diz que não pode comer, porque pode ter doença. Outros têm vontade de comer, só que fica com vergonha e discrimina quem come. Eu como! Manga enche o bucho!”.

O AcreNews procurou uma especialista que tirou algumas dúvidas. De pronto, a resposta é: Não tem problema comer fruto de cemitério, afinal, as plantas não contraem patologias que são transmissíveis aos homens. No entanto, para ter mais alto nível de certeza é preciso levar amostras dos pomares para dentro do laboratório, analisar e ver o resultado.

Marlete Lopes que é nutricionista, consultora e assessora em Serviços de Alimentação, enfatiza que a manga é uma fruta tropical que possui muitos nutrientes como vitaminas A e C, magnésio, potássio, sendo ainda grande fonte de fibras. No entanto, ela faz um alerta para portadores de comorbidades; diabéticos e hipertensos. Esse último grupo é citado pelo fator cultural de comer manga e sal.

“O diabético precisa ficar atento à quantidade de manga que vai consumir. Não é recomendável comer em demasia devido aos açúcares que encontramos na polpa (…). Para os hipertensos é fundamental evitar o sal. Sabemos que é gostoso colocar um pouco de sal por causa da sensação agridoce, porém, não é recomendável”, enfatiza.

Marlete também comenta sobre a questão da higienização dos alimentos, seja manga ou qualquer outro produto que for consumido no cemitério. “Nós sabemos que o cemitério é um local cheio de bactérias e vírus, que circula em diferentes ambientes. É essencial que esses trabalhadores ou quem for consumir alimentos, que faça a higienização correta das mãos e mais que isso, dos frutos. No caso das mangas, é adequado colocá-las num balde com água limpa, com cerca de um litro, uma colher de sopa de água sanitária, depois deixar o produto agir por 10 minutos, em seguida, lavar bem com água corrente, limpa, e só aí fazer a degustação”, explica.

Sobre a questão dos frutos do cemitério, a profissional esclarece: “Cada caso é um caso. É preciso um estudo do solo do cemitério para dizer se é ou não apropriado para o consumo (…) Dizer que pode ou não, é algo subjetivo!”, conclui.

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