Política & Economia
Artículista Valterlucio Campelo faz conjecturas em relação à junção de PP e União Brasil no Acre; quem fica e quem sai
A notícia política da semana foi, sem dúvidas, a concretização da Federação PP-UB que pariu o União Progressista -UP, que no Acre será capitaneada pelo governador Gladson Cameli e, por consequência, expulsa o Senador Alan Rick da chapa para 2026. A não ser que aconteça uma reviravolta até o ano que vem, o quadro da disputa se desenha com Mailza Assis pelo UP e Alan Rick por outro partido (NOVO ou Republicanos).
Os partidos de esquerda, que no Acre foram abandonados pelo povo e, mais ainda, por suas próprias lideranças, que optaram pela boa vida em Brasília. Se muito, terá um candidato “reborne”, aquele que não é, mas aparece como sendo para um eleitor idiotizado.
O combinado PP/UB é enorme, convenhamos. Agrupa hoje nada menos que seis dos oito deputados federais e dois dos três senadores, além do governador e vice e a maioria dos prefeitos e deputados estaduais. Isso é bom? Não sei. Sei que está engatilhada a saída do Senador Marcio Bittar para o PL, e do Senador Alan Rick para outro partido que lhe dê condições de ser candidato ao governo, aproveitando a maré que lhe dá o primeiro lugar disparado entre os postulantes ao governo.
Uma boa pergunta é saber se a chapa governista em 2026 elegerá toda essa penca de deputados federais e estaduais. Se contarmos candidaturas do prestígio do Fábio Rueda e outros que estão na moita, a coisa fica ainda mais complicada. Lembremos que uma chapa muito forte virá do combinado PSDB/Podemos, a expectativa é de que pelo menos um seja eleito naquele muro ideológico.
No outro lado, não se pode desprezar a hipótese de que o senador Alan Rick, em campanha para o governo com muita competitividade, eleja em sua chapa alguns postulantes. Uma candidatura competitiva ao Governo apoiada pelo Republicanos, o NOVO e o MDB, certamente estará no jogo com dois ou três deputados prováveis. E então? Quem vai ficar fora desse baile?
É prematuro dizer, mas chega mais longe quem caminha cedo, então, os candidatos a deputados devem estar percebendo que na canoa UP não cabe todo mundo e, por causa disso, podem cogitar outras direções, na melhor expressão da “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Ainda mais conturbada é a eleição para a Assembleia Legislativa. A essa altura do campeonato, o que não falta é dirigente partidário endoidando com a obrigação de formar chapa eleitoral que consiga eleger seus representantes. É no que dá medidas tomadas de cima para baixo. Os caciques se entenderam lá em cima e, por aqui, os índios se acotovelam para acharem o seu lugar. Desconfio de que até lá muitas mudanças ocorrerão.
Decididamente, essa será uma eleição da direita contra a direita, como briga de irmãos. Espera-se que não precisem aniquilar uns aos outros, mas que será duríssima, parece certo.
É que os partidos de esquerda, embora mantenham uma parte do eleitorado que estimo em uns 20%, não conseguem sequer defender o presidente da república, quanto mais promover um candidato ao governo. Até agora Lula não pôs seus pés ladinos no Acre em seu terceiro mandato, nem o prestígio do Jorge Viana foi capaz de trazê-lo até nossos barrancos. Muitos esquerdistas que conheço acham que é melhor assim, se for para passar vergonha, deixe quieto. Outros esperam que Lula venha entregar algo significativo, o problema é que este “algo” não existe. O olhar do Lula para o Acre, por enquanto, se restringiu apenas a nomear alguns companheiros e companheiras.
Em resumo, é depois da “janela partidária”, essa invenção do oportunismo eleitoral brasileiro, segundo a qual, de última hora, o sujeito pula de partido, que o quadro será definido. Talvez, depois de cevados no governo, alguns candidatos a deputados estaduais e federais desistam do barco governista, dizendo que é tudo direita, bolsonarista etc., mas estarão mesmo é garantindo um lugar VIP no “palco da democracia”.
Valterlucio Bessa Campelo escreve às segundas-feiras no site AC24HORAS, terças, quintas e sábados no DIÁRIO DO ACRE, quartas, sextas e domingos no ACRENEWS e, eventualmente, no site Liberais e Conservadores do jornalista e escritor PERCIVAL PUGGINA, no VOZ DA AMAZÔNIA e em outros sites.