ARTIGO
Artigo Beth Passos | Crônica de domingo
Crer é ser motivada (o) por uma crença, algo que apenas sentimos, não se pode provar materialmente. Motivação é importante, mas sem as condições materiais não leva a nada. Religião é quando organizamos a vida com base na crença. Por exemplo, o amor é uma crença, casamento por amor é religião.
Crer é bom, amar também, já organizar a vida com base em uma crença não vai trará bons resultados, porque motivação sem condições materiais não muda nada. Se as condições materiais de qualquer relação não forem favoráveis, o amor não resolverá.
Para a mulher quase nunca as condições materiais do casamento são favoráveis em razão da desigualdade de gênero. A mulher é responsável pelo objetivo principal do casamento, os serviços reprodutivos e sexuais e hoje ainda se espera dela que tenha uma posição no mercado de trabalho. Dificilmente o homem conseguirá recompensar tais serviços de forma justa, exemplo: quanto vale gerar um filho?
“Casar por amor”, é algo que favorece aos homens, não deve ser objetivo de uma mulher que pretende ter seu valor reconhecido. Ter filho por amor, sem as condições materiais necessárias, é religião. Aumenta a pobreza da mãe e obriga crianças a nascerem e viverem na miséria.
Meu conselho as mulheres é ame quem quiser, mas se não for um excelente negócio, não se case. Tenha filhos, se for do seu desejo, mas antes tenha as condições materiais necessárias para criá-los sozinha. Já que pai não é garantia de nada, especialmente pai pobre, e o Estado quase nunca a atende de fato e de direito. E lembre-se que casar e/ou ter filhos é um obstáculo na hora de entrar e se manter no mercado de trabalho. Creia, mas evite a religião, elas não são inventadas para favorecer mulheres.
O amor romântico é narcísico e ecolálico, parte de si e olha para o que é seu. Somente a partir da fissura narcísica e da sua análise é possível ouvir e saber quem está falando, o outro real ou o eco narcísico. Sem escuta, “já sei o que o outro vai dizer”, não há encontro real, apenas um que cola no outro como sombra ou espelho e se relaciona com o eco de si mesmo. Não é amargura, nem decepção é a realidade de quem aprendeu a observar.
Beth Passos
Jornalista
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