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Ere Hidson conta como vive hoje “Tio Dólar”, um dos homens mais ricos do Juruá que perdeu tudo na jogatina

Publicado

em

Por Ere Hidson

O nome de batismo dele é Raimundo Moura de Magalhães, filho de Francisca Moura De Magalhães e Francisco Campos de Negreiros e é popularmente conhecido pelo apelido de “Tio Dólar”.

O homem que era pra ser hoje, certamente, um dos mais ricos do Acre, mas, gastou um império na jogatina, cartas de baralhos.

Nasceu em 19 de novembro de 1946, um ano após a Segunda Guerra Mundial. Veio ao mundo exatamente no ano em que a paz voltou a reinar na face da Terra.

Com um talento especial e aptidão para vendas, “Tio Dólar” começou a trabalhar cedo, por volta dos 10 anos, como estivador, carregando bananas, e ainda vendia bolos e pão no mercado de Cruzeiro do Sul. Chegou a fezer serviços de pombo-correio, para senhores ricos, nas madrugadas, no subterfúgio da cidade. Tudo isso pra ajudar os pais a criar os irmãos.

“Tio Dólar” lembra que o pai teve problemas com alcoolismo. O perdei quando tinha 25 anos de idade, em 1971. O ainda jovem pai morreu afogado.

Sobre a fatídica perda do pai, “Dólar” lembra que estava no aeroporto velho de Cruzeiro do Sul, esperando o Avião da PANAIR, pra pegar mercadoria, quando chegou a notícia de seu falecimento.

Teve que assumir o papel de pai dos outros sete irmãos, dos quais ainda há três vivos. Duas moram em Manaus, Gleusa Maria de Moura Negreiros e Cleide Maria de Moura Negreiros. A terceira, Jurgleide Maria de Moura Negreiros, mora no Acre.

“Tio Dólar” chegou a ser dono de duas sortidas lojas em Cruzeiro do Sul, uma em Tarauacá, uma em Feijó, uma em Eirunepé e a última em Rio Branco, no Bairro Estação Experimental.

Bem ao estilo “Caixeiro-viajante”, uma espécie de vendendor nômande, nogocia há pelo menos 50 anos nos municípios amazonenses de Eirunepé, Ipixuna, Envira e Boca-do-Acre. No Acre, transita por Jordão, Tarauacá, Feijó, Rio Branco e Cruzeiro do Sul.

Saudoso, conta do seu auge, com duas lojas sortidas de muito eletrodomésticos, eletrônicos, fitas, radios, discos, perfumes, bolsas, calçados e muita confecção.

“As mulheres faziam lama no meu apogeu, hoje, só tenho a fama”, confessa.

Participou de muitos leilões no novenário de agosto e também tirava muitas galinhas cheias no Clube do Magid.

“Eu era o maior vendedor de Cruzeiro do Sul”, se gaba, com razão. Todo cruzeirense de sua geração sabe disso.

A borracha ainda tinha saída e tinha uma atividade econômica pujante na época e isso impulsionava o comércio no Juruá.

Alem de “Tio Dólar”, outros comerciantes prosperaram muito na época. Na lista feita por ele, constam a Casa Pedreira, de Margarida Pedreira, próspera comerciante e seringalista; Casa Quirino, de Maurício Quirino. Entre os mais recentes, cita comerciantes como Floriano Bandeira, próspero como poucos e seu amigo pessoal.

E segue com sua lista de colegas prosperos: Casa-Badarane, de Mamede Badarane, família de seringalistas.

Com talento também para os números e mesmo com muita dificuldade pra estudar, devido os afazeres, conseguiu formar-se em contabilidade, no colégio Professor Flodoardo Cabral.

Nessa relação comercial e de vida, construiu muitos amigos, alguns dos quais já falecidos, caso do ex-governador Orleir Messias Cameli, “Barão do Juruá”, que foi o maior homem para o seu tempo, segundo o velho “Dólar”.

“Ele era um fenômeno, assim como eu fui na minha época áurea. Ele não era só um amigo, era um irmão que Deus me deu e um pai pra Cruzeiro do Sul. Me ajudou bastante, dezenas, incontáveis vezes”, historia sobre Cameli.

Outro amigo pessoal também in memorian, Francisco Messias Cameli, o “Chiquinho”, um homem simples das cabeceiras do Juruá, que teve no trabalho a pujança de uma família que luta há pelo menos 100 anos, pelo desenvolvimento de Cruzeiro do Sul.

“Tio Dólar” cita também Eládio Cameli, pai do atual governador, Gladson Cameli (PP). “ELe é o amor da minha vida. Eu chego em Manaus e vou direto na empresa dele e me leva pra tomar café com os funcionários dele. Chama os funcionários e diz: esse homem era pra ser o mais rico de Cruzeiro do Sul. E era mesmo, mas, me acabei no baralho”, conta “Tio Dólar”.

O amor pelos Cameli é tanto que “Tio Dólar” diz gostar do atual governador do Acre como de fosse um sobrinho. Isso parece recíproco, porque Eládio, inclusive, já lhe convidou pra morar em Manaus.

“Tio Dólar” faz questão, também, de lembrar uma outra figura pela qual tem admiração, dona Beatriz Cameli, como uma grande mulher para Cruzeiro do Sul.
Os trabalhos sociais como primeira-dama e também como empresária faz dela um ícone, segundo ele.

Por fim, nosso personagem deixa um recado para a juventude. “Não se envolvam com jogatina, nem bebida, nem drogas. O que me faz estar vivo é que não me viciei em bebida, nem em drogas”, aconselha.

Recentemente, há cerca de quatro meses, foi amplamente divulgado nas mídias sociais o falecimento do “Tio Dólar”, que inclusive faz parte da música retórica sentimental do poeta Alberan Moraes. Até o governador Gladson Cameli chegou a anunciar o fato em um evento oficial do governo no Teatro dos Nauas, em Cruzeiro do Sul. Para a sorte de todo mundo, não era verdade. Até hoje não se sabe quem proliferou essa fake news.

“Dólar” é daqueles personagens que viverá bastante e será eternizado na história de Cruzeiro do Sul.

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