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POLÍTICA

Jenilson Leite, O NOME da esquerda para o Governo do Acre em 2022: ‘A Frente Popular fez muito, teve seus erros e pagou com a derrota. Vamos procurar novos ares’

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Por Evandro Cordeiro Fotos: Reprodução/Acervo Pessoal

O deputado estadual Jenilson Lopes Leite (PSB) será, provavelmente, o nome de consenso da esquerda apresentado para a disputa do Governo do Acre em 2022. A ele ainda faltam alguns elementos fundamentais para uma disputa tão importante, como densidade eleitoral, por exemplo, mas sobram outros, como currículo. Sua própria história de vida tem a marca da superação. Jenilson é um técnico em agropecuária que virou médico infectologista, formado em Cuba, com conclusão feita na Ufac, além de duas legislaturas consecutivas como deputado estadual, depois de nascer de família humilde nas cabeceiras do rio Muru, município de Tarauacá.

Na Entrevista AcreNews deste domingo,17, ele faz uma série de avaliações sobre a própria história e em relação à política. Fala em novos ares e, malandramente, se esquiva de confrontos desnecessários, principalmente com quem poderá até contar na campanha que vem, como a turma do PT. Sobre a Frente Popular ele ameniza legal. Diz que essa aliança fez muito, mas errou muito. E pagou caro pelos erros. Por isso anuncia uma busca por “novos ares”, numa entrevista curta, mas certamente bem aproveitada por ele para expor seu pensamento.

Veja nossa conversa, ainda por telefone, decorrência das orientações sanitárias por causa da pandemia.

AcreNews – Deputado, tudo bem? O senhor continua em franca campanha para o Governo? O que lhe faria desistir?

Jenilson Leite – Tudo bem com você? Obrigado pela oportunidade de falarmos sobre nossa pré-candidatura à governo do Acre e do nosso desejo de ajudar mais nossa população. De ver nosso Estado crescer e nossa gente ter mais oportunidade de viver com qualidade e dignidade.

Eu não estou em campanha, apenas continuo andando como sempre fiz nos nossos dois mandatos, já há três anos seguidos, somos o deputado estadual mais produtivo da Aleac, sempre estive perto das pessoas, em rios, igarapés, ramais e bairros. Agora, como estou pré-candidato ao governo do Estado, também estou ouvindo as pessoas sobre o futuro.

Sobre desistir de ser candidato, lhe digo o seguinte, quem começa uma caminhada pensado em desistir, não chega muito longe. Mas, como homem de fé e ciência, respeito as conjunturas, se conseguirmos construir o ambiente adequado para a disputa, vamos colocar o 40 na rua, a disposição do povo. Estou me esforçando e confiante.

Vou lhe falar um pouco sobre os desafios que já tive que enfrentar na vida para chegar até aqui e aí você vai ver que sou persistente. Antes de ser médico Infectologista, Deputado estadual, eu tive que superar muitas coisas. Eu nasci no seringal Mucuripe, no Rio Muru em Tarauacá.  Logo aos seis anos sai da casa dos meus pais para estudar na cidade, fui morar com a avó, dona Maria Batista; Comecei a trabalhar muito cedo como engraxate e vendedor ambulante. Na adolescência engajei-me nos movimentos sociais através da pastoral da juventude, depois a juventude estudantil e juventude partidária (UJS); Aos 14 anos sai do Acre e fui sozinho morar em um colégio agrícola em Rancharia, São Paulo. Em 1996 me formei Técnico em Agropecuária. No ano de 1999 assumi a coordenação regional da secretaria de produção de Tarauacá, Feijó e Jordão. Municípios esses, onde desenvolvi um importante trabalho junto aos produtores rurais, indígenas e pescadores. Fui também professor de escola pública durante dois anos.

Em 2003 sai do Brasil, sozinho e fui estudar medicina em Cuba. Após concluir o curso, dediquei a medicina humanitária, participando de várias missões aos mais necessitados.  Em 2010 coordenei a Missão Internacionalista dos Médicos Formados em Cuba que foram prestar socorro humanitário ao povo haitiano. No desastre de Brumadinho (MG) juntei-me a colegas de profissão para atender a população vítima do rompimento da barragem da mineradora Vale.

Agora na pandemia do COVID-19, eu poderia ter ficado só na tribuna da Aleac, mas, fiz diferente, me afastei do parlamento e passei três meses dentro das UTI’s ajudando e depois fui para os municípios do Acre prestar apoio especializado, também realizamos atendimento médico às margens dos rios, igarapés, ramais, como na Ação de Saúde Dr. Baba. Foram feitos mais de 8 mil atendimentos. Em 2020, realizamos a Missão Rio Muru, atendendo cerca de 4 mil pessoas nas comunidades ao longo do rio. Então Evandro, com toda essa história, a vida foi me habituando a enfrentar muitos desafios. E esse será mais um. Eu gosto de trabalhar e me dedico muito ao que faço, imagine você, que se já por três anos seguidos somos o parlamentar mais produtivo da Assembleia Legislativa do Acre, o que poderemos então fazer como governador, que tem um bom orçamento para criar programas de desenvolvimento e garantir que as pessoas trabalhem, tenham seu alimento, e vivam com dignidade. Isso me motiva muito.

AcreNews – Uma candidatura ao Governo não pode ser solitária, se tem pretensões de ser competitiva. As siglas de esquerda estão afinadas para lhe cercar nessa disputa?

Jenilson Leite – Todas as composições serão feitas apenas em 2022. O que estamos fazendo agora é caminhar e conversar com as pessoas, atualmente, nem o governador do Estado sabe ainda quem estará com ele em 2022, ou sabe? O vice-presidente do partido dele, que também é prefeito de Rio Branco ainda não deu essa certeza a ele, e aí? Então vamos com paciência e humildade reconhecer que só fazendo o exercício mais importante da política que é conversar, é que se obtém as alianças necessárias e isso para quem não está com a máquina do estado na mão depende da conjuntura e muita conversa.

AcreNews – Tem algum outro partido que não seja necessariamente de esquerda com o qual o senhor estaria conversando?

Jenilson Leite – Quem quer ser governo e trabalhar para todos não pode pensar em conversar apenas ou com esquerda ou direita. Então amigo, política ampla a gente faz conversando. E construiremos as alianças conversando e baseados em ideais de unirmos forças em torno de um projeto e de um propósito que é de verdadeiramente trabalhar por melhorias para o povo do Acre. Quero como governador desse Estado poder imprimir na gestão um pouco do que eu sonho para as pessoas, mas, aderir opiniões e pontos de vistas de diferentes setores.

AcreNews – O PCdoB, meses atrás, andou meio arredio. Algumas lideranças se queixando de desprestígio e teriam até acenado com a candidatura Petecão (PSD) ao Governo. Isso mudou. Eles vão para seu palanque?

Jenilson Leite – Não tenho conhecimento sobre sua afirmação. Tenho muitos amigos e companheiros de luta dentro do PCdoB. Estamos conversando.

AcreNews – Como está a conversa com o ex-senador Jorge Viana, o que seria a mesma coisa de dizer com o PT?

Jenilson Leite – O Jorge Viana ainda não decidiu se será candidato ao governo ou ao senado. Como eu lhe disse, o ano de falar de aliança é o ano que vem. Embora o PT viva dias de pouca empatia com a população aqui no Acre e o Jorge Viana ainda não tenha decido, entendo que quando tiveram oportunidade fizeram muito pelo Acre. Ou não? Portanto podem contribuir muito ainda.

AcreNews – Por quais razões o senhor acha que merece ser apreciado pelo povo acreano para uma disputa como a do Governo? Que esperança as pessoas podem depositar sobre um eventual governo seu?

Jenilson Leite – Gosto de trabalhar, Evandro, me dedico muito ao que faço. Ando em nossos municípios e vejo que precisamos abrir uma nova perspectiva para nosso povo, que está vivendo muitas dificuldades. Pretendo ajudar a inverter a lógica da economia do Acre. Sairmos da economia do contracheque e criarmos programas de desenvolvimento de Estado. Com metas a serem cumpridas por cada setor da economia. É possível e vamos fazer. O Acre é um Estado com muitas riquezas e precisamos saber aproveitá-las para beneficiar nosso povo. Precisamos ampliar negócios que já deram certo, como algumas cadeias produtivas que tem ciclos e fluxos já assegurados, vendas garantidas. Temos que acreditar no potencial das culturas permanentes, que trazem alternativas de renda, gerando menos impactos ambientais. Temos que atrair indústrias inteligentes da era 4.0 para colocarmos nossos jovens para trabalhar. Temos que valorizar o serviço público e o servidor, se não fosse por eles, teria sido um desastre maior a pandemia aqui no Acre. O Acre ainda é um Estado pobre em infraestrutura, nossas rodovias em maior parte deterioradas, a maioria de nossas cidades por falta de apoio logístico e financeiro estão em situações difíceis do ponto de vista estrutural, social e econômico. Ex: Falta de água e esgoto, ruas e calçadas sem pavimento. Falta de investimentos na saúde, educação, cultura, esporte e lazer. Há muitas coisas por serem feitas e eu quero ajudar a fazê-las. Deixar esse legado para os meus filhos. O Acre é um Estado pequeno, igual a muitos outros Estados brasileiros que já estão 20 ou 30 anos na nossa frente.

AcreNews – Como foi sua vida entre a infância até o CRM e depois a uma cadeira na Assembleia Legislativa?

Jenilson Leite – Eu venho das cabeceiras do rio Muru, aprendi a trabalhar e valorizar as oportunidades que Deus, a vida e que as pessoas me deram desde cedo. Entendo que com dedicação e compromisso a gente pode mudar muita coisa, podemos melhorar muitas coisas. Ser médico é uma oportunidade que tive de poder ajudar a salvar vidas, faço isso todos os dias. As pessoas me procuram muito por conta de suas enfermidades, eu sempre que posso ajudo. O mandato de deputado me permitiu andar no Acre que muitos não conhecem, entender suas dificuldades e potencialidades, ver de perto como as pessoas estão vivendo, ter um diagnóstico da situação que vive nossa gente e nesses tempos estou estudando e avaliando as medidas que podemos tomar para nosso povo viver melhor e mais feliz. Quero ajudar o Acre, construir um projeto de Estado e não um projeto de um governo.

AcreNews – Como o senhor avalia a gestão do Acre e do Brasil na atualidade?

Jenilson Leite – Ambas com baixa eficiência e a consequência tem sido: aumento do desemprego no Acre, falta de investimentos mesmo quando se tem dinheiro em conta como revelado no artigo do Orlando Sabino, que mostrou que o Governo do Acre tinha em caixa mais de R$ 1,7 bilhão e não teve gestão para fazer novos investimentos. A política econômica do governo federal resultou em combustíveis mais caros, gás de cozinha mais caro, energia mais cara, alimentos mais caros, aumento no desemprego e da pobreza, a política sanitária foi uma tragédia na pandemia e muitas brigas entre os poderes.

AcreNews – Provavelmente o senhor não reeditaria a Frente Popular, um projeto que deu certo ao menos para um grupo de pessoas por 20 anos. Como será a nova configuração da esquerda? Como vocês vão se apresentar? Vem aí uma aliança com que nome?

Jenilson Leite – Só tratarei sobre alianças no ano que vem. A FPA fez muito pelo Acre, talvez foi o tempo em que o Acre mais mudou sua infraestrutura e organizou suas cadeias produtivas. Mas, também teve seus erros, e pagou com a derrota. A população espera sempre novos ares e vamos buscar construir.

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