CULTURA & ENTRETENIMENTO
Poeta xapuriense foca suas odes para as histórias de sua terra natal
O poeta Milton Menezes Júnior, nascido na zona rural de Xapuri, atual referência no Acre, decidiu focar suas odes na história de seu município, um dos mais históricos do Estado, entre outras, por ter sido o berço da Revolução Acreana. Aos 48 anos, esse xapuriense nascido na colônia Porto Manso, terras do antigo seringal do mesmo nome, já escreveu também um livro contando um fragmento da história da guerra. A obra se chama “Duas famílias e a Revolução Acreana”, pronto, mas ainda não lançado.
Milton nasceu em Xapuri e em 1989 veio para Rio Branco, estudar. Além do antigo segundo grau, cursado no CERB, Milton se formou em administração de empresas e se especializou em web marketing. Até hoje as lembranças do local de nascimento não saem da cabeça. “Foi lá que juntamente com meus irmãos vivi meus melhores momentos de vida. Essa terra nos dava de presente as belezas da natureza”, conta.
Na adolescência, Milton achou um velho livro de poesias e começou a ler. “Desse dia em diante me encantei pela poesia. A cidade de Xapuri sempre foi minha fonte de inspiração”, diz o escritor que não perde a oportunidade de compor seus versos lembrando o passado da “Princesinha do Acre”, como já foi conhecida sua Xapuri.
Quando tinha 25 anos de idade, conta Milton, a professora Euri Figueiredo descobriu seu talento para o mundo da literatura. Foi quando a escola Divina Providência autorizou a impressão do primeiro livro dele, cujo prelo era o jurássico mimeógrafo da escola. “Mas valeu a pena”, elogia o esforço de sua professora. O livro foi lançado na Casa Branca e em poucos dias todos os exemplares foram vendidos.
O ACRENEWS PUBLICA UM POESIA QUE CONTA UM FATO EM XAPURI
A Revolta de Antonico
Antonico foi um bravo agricultor
Que não tinha medo
De polícia, presidente, prefeito e governador.
Aquele nordestino destemido
Foi o líder de uma histórica revolta em Xapuri.
Antonico não gostava de ficar fora de uma confusão.
Petebista de coração
Era admirador do presidente Jango.
Jango foi deposto
Mas Antonico não aceitava a deposição.
Em Xapuri, sob a copa das árvores
Que formavam a floresta Amazônica
Antonico organizou uma revolução.
Inconformado com o então cenário do Brasil
Antonico resolveu agir
Convocou dezenas de colonos
Nos arredores do seringal Porto Manso
Para a tomada de Xapuri.
Na madrugada seguinte
Antonico e seu exército de colonos
Já estavam nos arredores de Xapuri
Avançaram!
A estratégia foi certeira
Tomaram a delegacia e o quartel,
Deixando a prefeitura por derradeira.
O líder daquela inusitada revolução
Seguiu o seu roteiro
Deixou alguns colonos (soldados) a postos
Na guarda dos prisioneiros
Naqueles dias
Ele tinha outros objetivos
Um deles
Era obrigar o comércio de Xapuri
A baixar o preço das mercadorias.
Antonico escolheu Nezin do Peroba
Para ser o seu segurança.
Seu fiel escoteiro!
Nezin era seu homem de confiança.
O segurança seguiu com o líder da revolução
Até o açougue da cidade
E distribuíram gratuitamente
Todo o estoque de carne
Para a comunidade
Foi o dia
Que os outros comerciantes não abriram as portas
Ninguém se atreveria!
O que Antonico não contava
Era que a maioria dos colonos
Começassem a deserdar
Zé Bento, que estava de guarda no quartel
Tinha sido amigo de farda do cabo Expedido
E foi o primeiro a se entregar.
Antonico e Nezin do Peroba, foram cercados
Era polícia para todos os lados.
Todos os revolucionários foram aprisionados.
Depois de ouvidos
Somente Antonico ficou encarcerado.
Na prisão,
O bravo Antonico ensaiava um bordão
“EU NÃO ESTOU VENDO NADA
ESTOU COMENDO É MARMELADA”
Na época, Xapuri era uma cidade isolada da nação
Rumores históricos relatam
Que aquela revolução
Foi o fruto de um erro de comunicação.
Milton Junior
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