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Sorva, uma frutinha silvestre da Amazônia, foi o alimento de crianças perdidas na floresta durante 26 dias

A fruta é doce, de casca fina e de fácil manipulação, o quer permitiu a sobrevivência do casalzinho de irmãos de 7 e 9 anos em floresta do Amazonas

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Por Tião Maia, para AcreNews

Uma frutinha silvestre chamada Sorva, de sabor adocicado e rica em nutrientes, foi o que salvou da morte por fome e inanição as crianças de 7 e 9 anos que passaram 27 dias perdidos na floresta em Manicoré, distante 390 quilômetros de Manaus, no Amazonas. Trata-se de um fruto pequeno, adocicado, redondo, de coloração verde, de casca fina e fácil de ser quebrada.

Foi o que contou a mãe das crianças, ao revelar que o casal de meninos não ficou sem se alimentar durante no período em que ficaram desaparecidas. De acordo com a agricultora Rosinete da Silva Carvalho, mãe das crianças, elas conheciam a fruta que é endemia na região Amazônica.  As crianças sobreviveram porque comeram a frutinha típica da região amazônica.

“Eu perguntei ‘meu filho vocês não comeram nada?’ Ele me disse: ‘a gente comeu sorva, mãe’. Os meninos sempre comiam sorva porque meu filho mais velho pegava quando ia caçar e sempre que via trazia uma saca pra eles. Então eram acostumados com a sorva”, revelou a agricultora em entrevistas divulgadas pela Rede Amazônica de Televisão.

Januário Carneiro da Cunha Neto, coordenador distrital do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), explicou ainda que as crianças foram encontradas entre a comunidade Nossa Senhora de Fátima e a comunidade Palmeira, onde moram. A distância percorrida pelos meninos foi de cerca de 35 quilômetros. A região é de difícil acesso.

As crianças foram localizadas na terça-feira (15), apresentando um quadro grave de desnutrição e escoriações na pele. “Quando o menor não conseguiu mais andar eles ficaram lá perto e bebiam a água desse igarapé e da chuva”.

Os irmãos Glaucon e Gleison foram transferidos para o Hospital e Pronto-Socorro da Criança, localizado na Avenida Brasil, bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus. Eles foram transportados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aérea, da Secretaria de Saúde.

 Os irmãos foram transferidos para o Hospital e Pronto-Socorro da Criança, localizado na Avenida Brasil, bairro Compensa. Segundo o pediatra Eugênio Tavares, responsável pelo acompanhamento das crianças em Manaus, os garotos fizeram coleta para exames e transição da alimentação.

“O estado [de saúde das crianças] é grave, mas estável. Estão conseguindo se alimentar por via oral, urinando bem e o pulso também está normal. Faremos uma transição na alimentação, agora está sendo líquida, depois pastosa. Eles precisam ganhar pelo menos 50% do peso que perderam durante todo esse período, para poder voltar a Manicoré. Mas não há uma previsão certa para que isso aconteça, até lá faremos o acompanhamento contínuo”, explicou o pediatra.

A princípio, as crianças não precisarão ser internadas em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e receberão atendimento em uma sala de enfermaria especial.

Os irmãos Glauco e Gleison desapareceram no dia 18 de fevereiro, quando foram caçar pássaros na mata e não retornaram. As buscas foram encerradas pelo Corpo de Bombeiros, mas indígenas de aldeias que ficam em Capanã Grande, uma área indígena de Manicoré, continuaram a procurar pelas crianças na região.

Após serem encontrados, noite de terça-feira (15), os irmãos foram levados ao Hospital Regional de Manicoré. Eles receberam hidratação, medicamentos e alimentação adequada. Porém, o hospital da cidade não tem UTI e nem pediatras.

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