GOSPEL
Veja o que estatuetas achadas em Israel revelam sobre os primeiros cristãos
Tel Malhata, Israel — Arqueólogos israelenses e alemães anunciaram a descoberta de estatuetas raras de osso e ébano em três túmulos cristãos do século VI ou VII d.C., localizados no antigo assentamento de Tel Malhata, no nordeste do deserto de Negev, próximo à base aérea de Nevatim. Os achados, considerados sem precedentes na região, reforçam a possibilidade de que os indivíduos sepultados fossem de origem africana, convertidos ao cristianismo durante a era bizantina.
“Parece que as estatuetas representavam ancestrais e não divindades. Se for o caso, é possível que os falecidos fossem de origem ‘etíope’ e que eles ou seus ancestrais tenham se convertido ao cristianismo e se mudado para o Neguev”, registrou o relatório oficial.
As estatuetas foram localizadas em três túmulos do tipo cista, revestidos com pedra, tipicamente utilizados em sepultamentos cristãos. Os corpos pertenciam a duas mulheres — uma entre 20 e 30 anos, e outra entre 18 e 21 — e uma criança de 6 a 8 anos. Os sepultamentos incluíam jarros de alabastro, pulseiras de bronze, recipientes de vidro e joias, além das cinco estatuetas, sendo três de osso e duas de ébano.
A Universidade de Tel Aviv identificou o ébano como Diospyros ebenum, uma espécie nativa do sul da Índia e do Sri Lanka. Isso reforça a tese de que os objetos chegaram à região por meio das rotas comerciais que cruzavam Tel Malhata. O assentamento, estabelecido desde a Idade do Bronze Médio, situava-se na confluência de duas importantes rotas comerciais: uma entre o Mar Vermelho e a Judeia, e outra ligando o Mediterrâneo à Arábia.
“As estatuetas podem ter sido itens pessoais, representando a continuidade de tradições anteriores ao cristianismo”, indicou o relatório. Embora os sepultamentos apresentem características cristãs, os objetos sugerem uma transição cultural em curso entre as práticas ancestrais e a nova fé.
Ainda que a origem exata dos sepultados permaneça incerta por falta de evidências genéticas, os pesquisadores consideram plausível que os túmulos revelem uma presença etíope cristã primitiva em território israelense. A combinação entre iconografia africana, ritos funerários cristãos e rotas comerciais ativas na época sustenta essa conclusão.
Assim, a descoberta em Tel Malhata pode lançar nova luz sobre a história da presença cristã africana nas primeiras comunidades do Oriente Médio, apontando para uma fé que transcendeu fronteiras étnicas, culturais e geográficas desde os primeiros séculos da igreja.