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ESPORTE

Zito – Meia de rara habilidade que vestiu três camisas no futebol acreano

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Na Marca da Cal | Francisco Dandão

Nascido em Rio Branco, no dia 7 de janeiro de 1964, desde muito cedo José Maria da Silva Félix, de apelido Zito, deslumbrou os frequentadores das peladas de dois bairros da capital acreana, pela sua habilidade com a bola nos pés. Havia muita gente que costumava ir aos campinhos de chão batido dos bairros da Base e Mascarenhas de Morais só para vê-lo em ação.

A primeira oportunidade num grande clube de futebol do Acre, porém, tardou a acontecer. Só aos 18 anos, em 1982, ele foi convidado para fazer um teste pra valer. Quem o levou para o Ninho da Águia foi o professor José Aparecido (Nino). Bastou um treino para o pessoal do Juventus descobrir que ali estava uma grande promessa de craque e ele virou titular dos juniores.

Tanta bola o meia-armador Zito jogava que logo em seguida, no mesmo ano de 1982, ele já foi convocado para a seleção estadual de juniores para a disputa de um torneio nacional, ao lado de vários jogadores que marcariam época no futebol acreano dos últimos anos do regime amador. Casos, entre outros, de Klowsbey, Isaac, Antônio Júlio, Vidal e Gerson.

Quando chegou o ano de 1983, o técnico Aníbal Tinoco já o requisitou para o time principal do Juventus. Mas a concorrência era feroz. O trio de meio de campo do rubro-negro acreano era formado por Emilson, Carlinhos Bonamigo e Mariceudo. “Com essas feras todas, o máximo que eu podia fazer era aprender, nos poucos minutos que eu entrava em campo”, disse Zito.

Seleção Acreana de Juniores – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Altair, Delcir, Álvaro, Isaac, Kiko, Klowsbey, Mauricinho, Heleno e Fran. Agachados: Zito, Vidal, Valtinho, Gerson, Paulo Henrique, Antônio Júlio e Caçula. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Contusão no joelho, idas e vindas

Em 1984, aos 20 anos, em plena forma física e técnica, Zito acreditou que iria deslanchar de vez e virar titular absoluto do Juventus. Uma lesão no joelho, após sofrer uma pancada num treino, porém, frustrou as suas expectativas. Enquanto ele se recuperava, o Juventus importou do Rio de Janeiro o meia Guga, que depois fez história em grandes clubes brasileiros.

Juventus (juvenil) – 1982. Em pé, da esquerda para a direita: Sandro, Heleno, Jorge, Raimundo, Fran, Altair e Zito (sem uniforme). Agachados: Robertinho, Antônio Júlio, Leonildo Rosas, Casquinha e Edinho. Foto/Acervo Celso Ronaldo.
Juventus – 1983. Em pé, da esquerda para a direita: Paulão, Mauro, Delcir, Joneudes, César e Maurício. Agachados: Nino (preparador físico), Lincoln, Emilson, Paulinho, Zito e Pitola. Foto/Acervo Francisco Dandão.

“O Guga era um ótimo jogador. Quando eu me recuperei, vi ele ocupando o meu lugar. Só tive novas chances depois que ele foi para o Equador. Mas, ainda tive tempo para voltar e ajudar o Juventus a vencer o título daquele ano. Ganhamos o campeonato em cima do Rio Branco. Aquela conquista foi uma das minhas maiores alegrias no futebol”, afirmou Zito.

Atlético Acreano – 1986. Em pé, da esquerda para a direita: Carlinhos Magno, Pompeu, Jaime, Pintão, Ricardo e Xepa. Agachados: Amarildo Veras, Neném, ,Zito, Manoelzinho e Anísio. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Em 1985, Zito virou titular absoluto da meia cancha juventina, ao lado de Aníbal e Dadão. Eles formaram um trio temido pelos adversários. Aníbal atuava como “cão de guarda”, à frente dos defensores, enquanto Zito e Dadão tratavam de municiar os atacantes. Apesar do sucesso, entretanto, em 1986 ele resolveu mudar de ares e aceitou uma boa proposta para jogar no Atlético.

Juventus – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Sabino, Normando, Zito, Rocha, Mauricinho e Carlinhos Magno. Agachados: Renísio, Carioca, Siqueira, Neivo e Antônio Júlio. Foto/Acervo Manoel Façanha.

A passagem pelo Atlético durou só uma temporada e o início da seguinte. Em 1987, depois de vencer o Torneio do Povo pelo Galo, Zito voltou ao Juventus. O joelho continuava incomodando e ele, apesar de estar com apenas 23 anos, já pensava em largar o futebol. Mas ainda ficou dois anos no Juventus. E depois disputou um campeonato pelo Independência.

Juventus – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Normando, Rocha, Gerson, Mauricinho, Ruymar e Carlinhos Magno. Agachados: Artur, Zito, Carioca, Vidal e Siqueira. Foto/Acervo Francisco Dandão.
Juventus – 1987. Em pé, da esquerda para a direita: Vidal, Aníbal Tinoco (técnico), Mauricinho, Roberto Ferraz, Carlinhos Magno, Normando, Rocha, Sabino e Diogo Elias (diretor). Agachados: Helinho, Neivo, Zito, Carioca, Renísio, Jáder, César Limão e Siqueira. Foto/Acervo Francisco Dandão.

Nomes em destaque e melhor marcador

Zito não hesitou em escalar uma seleção dos jogadores do seu tempo. Para ele, um time perfeito seria escalado da seguinte forma: Klowsbey; Mauro, Neórico, Paulão e Sabino; Emílson, Dadão, Carlinhos Bonamigo e Mariceudo; Antônio Júlio e Roberto Ferraz. Outros cinco nomes poderiam entrar neste time: ele mesmo, Carioca, Jorge Jack, Paulo Henrique e Neivo.

O ex-craque fez questão também de destacar outros três personagens do futebol acreano do passado: o dirigente Ivonaldo Portela (“pela humanidade”), o técnico Aníbal Tinoco (“pelo incentivo constante aos jogadores”) e o árbitro José Ribamar (“por apitar na base do diálogo”). Quanto ao cara que melhor lhe marcava, ele citou o volante Mário Sales.

Trabalhando hoje na Associação Atlética Banco do Brasil, Zito gosta de falar sobre os seus feitos enquanto jogador. Uma passagem que ele não cansa de repetir é a de um gol seu jogando pelo Juventus, contra o Atlético, depois de uma tabela com o também armador Carioca. “A zaga do Galo fez a chamada linha burra e o Carioca me deixou na cara do gol”, contou Zito.

AJ Juventus master – 1999. Em pé, da esquerda para a direita: Davi Abugoche (técnico), Hudson, Dadão, Carlinhos Bonamigo, Nande, Zito e José Pinto (Diretor). Agachados: Amarildo, Pedrinho, Venícius Martins, Jorge Carlos e Mário Jorge. Foto/Arquivo Pessoal Manoel Façanha.

Para concluir, o ex-craque Zito fez questão de expressar duas opiniões. Primeira: “O futebol acreano só poderá subir de patamar quando os clubes derem a devida importância e cuidado às suas categorias de base”. Segunda: “Um garoto que quiser vencer no futebol tem que levar tudo muito a sério. Tem que ter muita vontade de treinar e ser extremamente disciplinado.”

Fac símile do Jornal Opinião de 23 de junho de 2022.

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