Mora na Filosofia
Coluna do professor Aldo Tavares: Sindicato da Educação, um zumbi a vagar no tempo
SINDICATO DA EDUCAÇÃO, UM ZUMBI A VAGAR NO TEMPO
Aldo Tavares,
professor-mestre pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Quando dizemos que o tempo é o senhor de tudo, é porque domina tudo e, quando ideias criadoras, sensíveis e verdadeiras resistem a ele, permanecendo sempre as mesmas, discursos sindicais vagam entre a vida e a morte no limo de velhas palavras, de velhas práticas e de velhas derrotas. Seja no Rio de Janeiro, seja no Acre, o sindicato da educação vaga no tempo por causa de seus dirigentes, que, entre a vida e a morte, não passam de zumbis.
No Sinteac, onde se cultivam ideias mortas como se estivessem vivas, é representado por Rosana Nascimento, ex-petista e hoje filiada ao PSD; e, no Sinproacre, outro cemitério de palavras, de práticas e de derrotas, tem à frente a sempre mesma Alcilene Gurgel, vinculada ao PSB. Não me refiro a elas como mães, como esposas, como filhas, enfim, suas vidas particulares pertencem a elas, e acredito que sejam ótimas pessoas. No entanto, é a dimensão pública que apenas importa, porque, além de representarem professores e professoras, elas administram dinheiro que não lho pertence. E mais: elas representam não só a educação, representam ideias inteligentes sobre a educação – ou deveriam representar.
Então, em razão dessa dimensão pública, Rosana e Alcilene precisam ser questionadas, primeiro, no tocante à verba sindical: existe auditoria anual? se existe, qual empresa? é sempre a mesma? onde se aplica a verba? há transparência absoluta? Fontes disseram-me que a verba sindical jamais foi submetida a uma auditoria, ou seja, se não existe o mínimo a ser feito com uma verba que é pública, cuja origem vem do corpo docente, o que esperar do Sinteac e do Sinproacre? Ora, espera-se que Rosana (PSD) e Alcilene (PSB) sejam candidatas à Câmara de Vereadores ou à Assembleia Legislativa do Acre, porque o sindicato da educação sempre serviu para que seus dirigentes deixassem de receber o salário de professor, e Naluh Gouveia (PT), assim como Edvaldo Magalhães (PC do B), representa a imagem sagrada de quem lutou muito pela educação; esquecem-se só de dizer, porém, que lutou muito com a finalidade político-partidária de ganhar muito bem para além da sala de aula. Naluh e Edvaldo nunca foram professores: serviram-se deles para que suas contas bancárias fossem o que são hoje. Não apenas: iguais às sindicalistas Rosana e Alcilene, Naluh e Edvaldo jamais submeteram as contas sindicais a uma só auditoria, quer dizer, assim como existe segredo de justiça, o dinheiro dos professores e das professoras sempre foi segredo de sindicato.
Rosana Nascimento quer deixar de receber como professora para, usando o Sinteac, receber como deputada federal: em 2018, pelo PPS, conseguiu 5.948 votos (1,40%); e, em 2022, pelo PSD, 2.109 votos (1,07%). Pelo mesmo caminho, vai Alcilene Gurgel, que transformou o SinProAcre há anos em seu nicho a fim de acomodar seus interesses políticos. Se a estrutura sindical permanece a mesma, sua estagnação sustenta a finalidade político-partidária de um e de outro para deixar de receber como professor ou como professora.
O corpo docente necessita ficar liberto de sindicalistas que pregam uma falsa luta e, uma vez liberto, edificar outra forma de organização e outra forma de luta educacional. Por falar em luta, em 18 de junho, o Sinteac repetiu uma forma burra de luta. Como não aprende com os mesmos erros, vaga como zumbi no tempo, mas é com esse modelo de luta morta que o dirigente sindical busca sair das sombras quando projeta sua imagem como candidato a vereador ou a deputado. O sindicato não passa de um meio para se chegar a um fim, qual seja, deixar de receber o salário de professora.
Acesse:
1) https://www.facebook.com/aldotavares.nascimento.5/
2) https://ateliedehumanidades.com/2024/04/10/fios-do-tempo-a-fraqueza-da-dialetica-sob-o-olhar-de-bergson-e-deleuze-hegel-viu-mal-spinoza-por-aldo-tavares/
3) 27-110-127.pdf (ensaiosfilosoficos.com.br)