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Mora na Filosofia

Coluna do professor e filósofo Aldo Tavares: “A morte de Deus”

Publicado

em

“A MORTE DE DEUS”
https://www.facebook.com/aldotavares.nascimento.5/

Quando deputado federal Sibá Machado (PT) em 2011 alterou o artigo 1º da Lei nº 11.684, de 2 de junho de 2008, passou a vigorar o seguinte: IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias em todas as séries do ensino médio. Parágrafo único. As disciplinas de que trata o inciso anterior deverão abordar temas relacionados aos direitos e garantias fundamentais do cidadão, indispensáveis à formação integral do educando.

Foi uma época em que segmentos e deputados evangélicos pressionaram para que não houvesse alteração, porque, para esses cristãos obtusos, a Filosofia é disciplina escolar que pertence ao mal. Embora derrotados, a pressão contra a Filosofia permaneceu e, em agosto de 2014, a indústria cinematográfica cristã protestante jogou no mercado cinematográfico “Deus não está morto” por meio da Graça Filme, distribuidora ligada à Igreja Internacional da Graça de Deus. No filme, o professor de Filosofia é ateu. Menos de dois anos depois, em 7 de abril de 2016, é lançado “Deus não está morto, uma luz na escuridão”.

Seja no Acre, seja no Rio de Janeiro, esses dois filmes, até hoje, são indicados em cultos de igrejas a fim de que famílias assistam à Filosofia ser contra Deus, devendo ser proibida nas escolas. Tais pastores – não todos – quando aplicam nas veias doses letais de ignorância, a palavra de Jesus, pela boca desses homens, dissemina doenças. Muitos não sabem contar de 1 até 2 e, submetendo o Filho de Deus aos delírios de uma fé profana, imunda e burra, sentenciam que apenas eles dizem a verdade. Quem conhece a história da Igreja sabe que fé e filosofia sempre caminharam juntas para a inteligência humana tornar-se ainda mais vasta.

ONDE ESTÁ ESCRITO?

Antes de um pastor afirmar que a filosofia é “coisa de ateu”, Nietzsche, no agenciamento-livro “O anticristo”, reconhece Jesus Cristo como único cristão e, nesse sentido, admira-o, porque Jesus nos ensina que “apenas com a prática da vida alguém pode sentir-se ‘divino’, ‘bem-aventurado’, ‘evangélico’, a qualquer momento um ‘filho de Deus’. Não a penitência” (NIETZSCHE, 2007, p. 40). Como portador da boa nova, Jesus, segundo a filosofia nietzschiana, não redimiu os homens, e sim mostrou a eles como se vive, sabendo que a boa nova é não mais a oposição, pois o reino dos céus pertence às crianças. Na página 42, Nietzsche escreve que “o cristianismo autêntico, original sempre será possível… Não uma fé, mas um fazer” em nome da vida enquanto divina.

Esse filósofo alemão, portanto, não nega Jesus; Nietzsche nega, isso sim, os traficantes da fé, aqueles que fazem de Jesus droga potente para entorpecer a verdade; Nietzsche nega, isso sim, os milicianos da fé, aqueles que fazem da palavra do Senhor arma letal contra o sagrado. Em razão disso, o homem louco, personagem de Nietzsche em “A gaia ciência”, diz que “somos todos seus assassinos” (2001, p. 147, aforismo 125). Um ateu não se importaria com a morte de Deus, mas apenas um filósofo que, nas palavras de Franco Rella, “sia uno degli uomini più spirituali del suo tempo” (2008, p. 12). Nietzsche defende, portanto, o divino, mas não o divino escrito nas páginas de “O reino: a história de Edir Macedo e uma radiografia da Igreja Universal”, onde Gilberto Nascimento nos mostra um cristianismo marginalizado pelo poder do dinheiro, e o dinheiro, em nome de Deus, é um dos assassinos.

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