MPAC recebe lideranças e planeja ações contra intolerância religiosa

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, recebeu, na tarde desta terça-feira (24), a líder espiritual Marajoana de Xangô e membros da Tenda de Umbanda Luz da Vida, além de representantes do Instituto Ecumênico do Acre para discutir ações contra a intolerância religiosa.

A comitiva foi recebida pela coordenadora do Caop de Defesa dos Direitos Humanos, procuradora de Justiça Kátia Rejane de Araújo. Na ocasião, o grupo entregou um documento pedindo providências ao MPAC após a divulgação de um vídeo em que um pastor evangélico de São Paulo critica a realização de um encontro entre representantes de diferentes religiões em uma igreja e ataca a líder espiritual Marajoana e as religiões de terreiro.

A líder umbandista relatou que vem sofrendo ameaças pela internet após a divulgação do vídeo e expôs o receio de um aumento do preconceito e de possíveis ataques contra os terreiros e seguidores da religião no Acre, diante das manifestações de ódio disseminadas nas redes sociais. Em resposta ao pedido, Kátia Rejane informou que já existe um procedimento aberto na Promotoria Especializada dos Direitos Humanos para apurar o caso e o MP acreano planeja adotar outras providências.

“Vamos encaminhar as outras informações recebidas hoje e também buscar uma cooperação com o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública Estadual para discutir a melhor maneira de encaminharmos essa denúncia. Para que ao final possamos fazer a comunicação devida de que o Ministério Público não tolera nenhuma forma de discriminação e faremos o possível no que depender da nossa atuação”, frisou a coordenadora do Caop de Direitos Humanos e Cidadania.

Os participantes do encontro discutiram também sobre a realização de campanhas educativas e outras ações de conscientização e combate à intolerância religiosa. Marajoana pediu o fim dos discursos pautados na ignorância e salientou que é preciso difundir o respeito à religião do outro. “Estamos em busca de respeito. Estamos cansados de dizer que estamos tolerados. Não precisamos mais ser tolerados e sim respeitados”, afirmou.

Membra do Instituto Ecumênico Fé e Política e espírita do portal Francisco Cândido Xavier, Maria José Gomes Dantas salientou que essa não foi a primeira investida contra as religiões, principalmente as de terreiro, que segundo ela são sempre mais perseguidas dentro de um conceito errôneo na sociedade. Ela destacou a importância do apoio de instituições como o MPAC.

“É fundamental o apoio não só do MP, que já trabalha nisso, mas aglutinando outros setores que possam trazer um impacto maior para a sociedade, porque é muito importante que hoje tenhamos essa expressão das instituições públicas que passam a ser a voz daqueles que estão sendo oprimidos”, disse.