POLÍTICA
Bocalom muda estilo, aconselha não politizar evento da Amac e sai um gigante, antes falar ao AcreNews
Evandro Cordeiro
O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (Progressistas), um viúvo ainda enlutado (perdeu a esposa, dona Beth, há pouco mais de dois meses), mas decidido a seguir a vida, não deveria mais ser chamado de turrão ou intransigente, ao menos de agora em diante. Acusado de não mudar seus conceitos, ele afirmou ao AcreNews – e provou – que nunca foi bem assim. O estereótipo de durão foi uma ideia errada que conceberam em relação a ele. “Sempre retrocedi quando foi preciso. Você não lembra quando deixei a secretaria de Agricultura no primeiro ano do governo Jorge Viana? Se for preciso mudo sim, filhão”, me disse. Com o peso enorme nas costas de administrar Rio Branco, a maior cidade do Acre, estando entre as três ou quatro maiores lideranças políticas do Estado, o prefeito está ouvindo e serenando.
Na última sexta-feira, 2, Tião Bocalom liderou um dos maiores encontros de prefeitos do Acre, ocorrido em Brasiléia, na fronteira do Brasil com a Bolívia. Ele é o presidente da Amac, a Associação dos Municípios do Acre, na qual são filiadas as 22 prefeituras. Nenhum Estado do Brasil, segundo Bocalom, tem uma instituição como a Amac. Tem parecida. Isso, inclusive, é alvo de muita admiração em Brasília. No encontro de sexta estavam 19 dos 22 prefeitos. A anfitriã foi a prefeita Fernanda Hassem (PT), vice de Bocalom na Amac. “Um espetáculo de evento a Fernanda promoveu”, elogiou. Mas ele foi o destaque na condução das pautas.
Embora tenha divergências naturais com o governador Gladson Cameli, de seu mesmo partido, Bocalom preparou o terreno para que a reunião da Amac não se tornasse um instrumento de ataques políticos. Nem mesmo o prefeito Mazinho Serafim (MDB), de Sena Madureira, acostumado a não frear a língua, alterou o tom, quando cobrou que as máquinas recém compradas pelo Governo por meio de emendas federais passe para a gestão de seu município, ao contrário do que quer o governador. A discussão acabou se tornando técnica, absolutamente. “Quero que as reuniões da Amac sejam assim. Sem agressões. Aqui é para discutir os interesses dos nossos munícipes. Deixemos os embates políticos para as campanhas”, sugeriu um Bocalom light.
Numa conversa bem descontraída com a reportagem do AcreNews, na mesa do jantar promovido pela Amac no buffet Art Eventos, em Epitaciolândia, Bocalom disse ainda que o ambiente político é bom no momento, apesar da pandemia e das muitas divergências. Bocalom acredita na reeleição do presidente Bolsonaro, mas em respeito ao senador Sérgio Petecão (PSD), um dos principais apoiadores de sua eleição para a prefeitura, não comenta a reeleição de Gladson, provável, segundo pesquisas. A rigor, me contou sobre o encontro a portas fechadas que teve com o governador no meio da semana. “Ele (Gladson) é muito diplomático. Conversamos sobre gestão e sobre nosso partido. Disse que eu deveria apoiar o Petecão, sim. Só pediu que eu não deixasse o Progressistas. Eu disse para ele que não tenho mais idade para sair de casa. Eu venho da Arena, que hoje é o Progressistas. É minha casa”, contou, rindo, com muito bom humor.
Bocalom ainda acha que muita coisa mudará até 2022. Não é a favor de confrontos entre ex-aliados e lamenta alguns episódios registrados. O prefeito da capital disse que tem um candidato ano que vem do qual não abrirá mão: a senadora Mailza Gomes, presidente do partido dele. “Se ela for candidata a senadora, será minha senadora, se for federal, será minha federal, se for estadual, será minha estadual”, sentenciou. E terminou nosso papo com uma informação importante: nenhum de seus secretários disputam as eleições em 2022. “Se eu desconfiar que o camarada é candidato, peço pra sair. Secretário candidato atrapalha uma gestão. E isso eu disse a todos”, afirmou. Em seguida, fomos servir nosso prato na companhia do secretário de Comunicação, Ailton Oliveira, e dos jornalistas Luizinho Cordeiro e Evandro Derze.
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