COLUNA DO EVANDRO — Depois de ‘parir’ o PT no final dos anos 1970, o MDB está ‘grávido’ outra vez e pode dar a luz um ‘petezinho’ em Rio Branco

Soube do embarque de Marcus Alexandre para Brasília, onde deve se encontrar com a cúpula do MDB para formalizar em definitivo sua filiação e assim se habilitar para a disputa das eleições em 2024, no caso específico dele, a prefeitura de Rio Branco. Quando nada isso significa que os cabeças brancas emedebistas ganharam o cabo de guerra com o senador Sérgio Petecão, cacique do PSD no Acre, partido que cortejou o ex-prefeito nos meses recentes como o Brutus galenteou a Olivia Palito a vida inteira. Perdeu, mané, diria aquele ministro. Aliás, Petecão sabia disto há dias. Parou de insistir. Tirou o rialejo do ouvido do Marcus e passou a fazer acenos para o governador Gladson Cameli (PP). Está pensando é na segunda vaga do Senado, em 2026.

Ao se concretizar a filiação de Marcus Alexandre no MDB, não haverá nada que possa ser dito ou escrito como se o ato fosse alguma coisa inédita. Alexandre é petista raiz e numa eventual disputa filiado em outra sigla, trará a reboque toda a turma com a qual dividiu poder entre 2010 e 2020. Jorge Viana, Edvaldo Magalhães, entre outras figuras da esquerda acreana reiteraram nas últimas horas essa verdade. “Ele é cria nossa”, se exibiu Magalhães no plenário da Assembleia Legislativa, não tem 15 dias. Para o grupo o importante, o pragmático, é fugir da rejeição que a sigla PT impõe. Um obstáculo a menos para um ressurgimento está pintando.

Por fim, é histórico afirmar que, disputar a eleição pelo MDB será excepcional, não inédito. O MDB é vanguarda da esquerda brasileira, protagonista do bipartidarismo no País, algoz da Arena dos generais. E foi desse combativo emedebe que nasceu o PT, suavizado ideologicamente para não incorrer no erro do PCbão, o partido comunista que viveu praticamente a vida inteira banido, até a definitiva reabertura democrática, em meado dos anos 1980.

O Marcus e toda cúpula petista vão estar em casa no prédio azul da avenida Antônio da Rocha Viana. Flaviano Melo, o prócere da sigla, odeia preconceito em se tratando de alianças e reafirmou isso no meu podcast, o Na Pele do Cordeiro, meses atrás. Vai estender tapete azul a todos.

Morto desde 2018, pelo menos no Acre e, principalmente em Rio Branco, o PT vai precisar usar a placenta do papai outra vez. Mérito dos construtores desse processo. E antes de fechar, vale lembrar a um ou outro desavisado: até a última pesquisa, Marcus Alexandre era o franco favorito.