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“Eu sabia que a população ia reconhecer meu trabalho outra vez”, explica Padeiro sua inesperada reeleição para o quinto mandato no Bujari
Evandro Cordeiro
O prefeito do município de Bujari, João Edvaldo Teles, o Padeiro, do PDT, era uma das poucas pessoas que acreditavam em sua própria vitória na eleição do último dia 6 de outubro. Candidato à reeleição, rumo ao quinto mandato, todos os prognósticos eram desfavoráveis. Padeiro perderia feio, diziam as pesquisas, os analistas de jornais e os de botecos. Quando as urnas foram abertas, 49,79% da população lhe deu nova oportunidade. O adversário, o ex-prefeito Michel Marques, um ex-petista que se filiou no União Brasil para tentar voltar a governar, e cuja campanha foi uma das mais badaladas da história, vendeu caro a derrota, abiscoitando 48,57%.
João Padeiro é um senhor de 68 anos conhecido por se distanciar de hábitos sofisticados e de não ser dado a formalidades. Para se ter uma ideia, em quatro mandatos só usou paletó e gravata nas posses e quando vai a Brasília. No dia a dia se mistura a multidão facilmente. Costuma tocar os serviços do executivo in loco. Acompanha as máquinas dentro da cidade e na zona rural. Essa é a principal fama dele na cidade, além de manter-se na seleta lista de políticos distantes de corrupção. Das cinco vezes que disputou e venceu as eleições, essa foi a mais apertada e ele próprio acredita que o eleitor mais antigo assegurou seu mandato por saberem do que ele foi capaz de fazer para manter o Bujari pelo menos apresentável.
Nas eleições deste ano, Padeiro não enfrentou um adversário qualquer. Disputou a eleição com o empresário Michel Marques, um ex-prefeito com certo patrimônio eleitoral e mais que isso, cercado de apoios como nunca se viu no município, tanto político quanto financeiro. Para piorar o cenário em desfavor de Padeiro, as pesquisas apontavam provável vitória esmagadora do algoz, o que lhe garantia mais adesões ao longo da campanha. “Eu senti um pouco o peso daquele monte de gente apoiando ele, mas não perdi a fé. Sabia que a maioria do povo reconheceria meu trabalho”, relembra o reeleito.
Padeiro se reelegeu e o triunfo do velho crocodilo dande pegou deus (com ‘d’ minúsculo) e o mundo de surpresa. Bujari silenciou naquele final de tarde do dia 6 de outubro, porque a carreata da vitória estava sendo organizada noutro comitê. “Apanharam eles aqui e os muitos deputados federais, estaduais e até senadores, que passavam aqui pra lá e pra cá ignorando minha candidatura”, disse ao Acrenewsz sem ressentimento, conforme gatante em ‘nome de Jesus’.
Reeleito e se preparando para a quinta posse, João Padeiro faz uma velada ameaça: se seu sucessor, em 2028, não trabalhar muito, ele volta em 2032. Antes de encerrar nosso papo pelo telefone, pediu por tudo no mundo para eu não esquecer de citar quem foi fundamental para o sucesso, quais sejam: Deus, o governador Gladson Cameli (PP) e o senador Márcio Bittar. Esses ele coloca em um patamar diferenciado, mas faz justiça com outros apoios importantes, como o das deputadas federais Socorro Neri (PP) e Antônia Lúcia (Republicanos), além do deputado estadual Luiz Tchê (PDT), secretário de Agricultura do Estado. “Ressalto, no entanto, esse monstro sagrado da política no Acre, o maior de todos os tempos, o governador Gladson. Abaixo de Deus, ele foi o cara aqui”, finaliza.